Terça-feira, 22 de novembro de 2011 - 05h19
“Não dá pra continuar com o povo morrendo nas filas e hospitais sendo sucateados, temos que resolver já.” Frase de Valter Araújo.
Está explicada a resistência tornada pública do pastor deputado Valter Araújo à simples menção de mudanças na gestão da saúde em Rondônia feita pelo governador Confúcio Moura (PMDB). Mudanças quebrariam a espinha dorsal de um esquema suculento, que rende muito a políticos, funcionários públicos e empresários criminosos.
No recente mês de outubro, o agora pastor deputado encrencado com a lei freqüentou rádios e jornais, além de despachar releases para a imprensa, demonstrando preocupação com o servidor da saúde caso a idéia de gestão compartilhada mediante Organizações Sociais (OS) tornasse realidade. Já tinha dito que a saúde seria terceirizada, o que seria ruim para a população, levando deputados aliados a dizer a mesma coisa.
Estava também “preocupado” com o povo. Disse ele: Não dá pra continuar com o povo morrendo nas filas e hospitais sendo sucateados, temos que resolver já.” É texto que colhi no portal Tudo Rondônia, assinado por Eranildo Costa Luna e publicado no dia 19 de outubro.
Infelizmente (e digo assim porque a realidade é dura e a política mundo cada vez mais cínico) nós jornalistas aprendemos a ler nas entrelinhas, e o que o pastor deputado transmitia, em verdade, era um recado ao governo, na defesa de interesses inconfessáveis. Que hoje o distinto público conhece.
Valter Araújo nunca me enganou. Nunca troquei meia dúzia de palavras com ele, mas logo percebi que tudo o que disse e vinha sinalizando em sua meteórica carreira política destilava mentira, demagogia, ambição desmedida, vaidade excessiva e autoritarismo. Bem parecido com seu criador, o senador Ivo Cassol.
E, para muitos incautos e analfabetos políticos, teria usado com sabedoria e em proveito dos eleitores de Rondônia os ensinamentos bíblicos que costuma professar para defender pontos de vista que nada tinham a ver com religião, apenas com racionalidade, justiça e igualdade. Usando o nome de Deus, enganou essa gente o quanto pode.
Políticos como Valter Araújo serão eleitos pra todo o sempre?
Modus operandi
Ainda não se sabe se a propina paga a sete deputados era mesmo mensal, se o valor variava e o tempo de duração, mas o modus operandi começou a ser revelado. Ana da 8 utilizou atémensagem via celular (SMS), Zequinha Araújo teria usado meias e cueca – nenhuma inovação – e Saulo da Renascer, segundo a Polícia Federal, gostava de estacionamento de supermercado para receber o quinhão. Ederson “Goteira” faria o pagamento para a deputada Epifânia Barbosa, segundo grampo da PF.
Faz sentido
O dinheiro era pago para dar sustentabilidade a Valter Araújo e também, conforme publicado, desestabilizar o governo estadual. Faz sentido. As declarações sobre mudanças na saúde, produzidas por aliados e por José Batista, o adjunto da Saúde já exonerado, tinham claramente esse objetivo na minha avaliação.
Necas de providência
Os partidos políticos (PT, PTB, PSDB, PDT, PT do B, PMDB e PR) dos deputados envolvidos na propina não adotaram, até agora, alguma providência em relação ao malfeito da turma. Depois não entendem porque a sociedade acredita cada vez menos neles
Fonte: Mara Paraguassu / Email: maraparaguassu@amazoniadagente.com.br
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