Sábado, 24 de maio de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Opinião

O IMAGINÁRIO DO POVO RIBEIRINHO DO FORTE PRÍNCIPE DA BEIRA.



Prof. Sílvio M. Nascimento[1]


As estórias (ou histórias?) aqui contadas se referem ao imaginário popular, fonte de tantas inspirações que o Vale do Guaporé e os seus encantos nos proporciona. O texto faz parte de um artigo científico escrito por mim para publicação em revistas de divulgação científica.

É do cotidiano dos ribeirinhos e habitantes de Costa Marques e da comunidade do Forte Príncipe da Beira, a tradição de narrar as mais diversas estórias que a Fortaleza inspira com seus ares de mistérios. São narrativas populares, cujas identidades, estão servindo de fontes que percorrem os caminhos dos símbolos, das imagens, das interações e subjetividades do mundo ao nosso redor.O IMAGINÁRIO DO POVO RIBEIRINHO DO FORTE PRÍNCIPE DA BEIRA. - Gente de Opinião

O primeiro conto diz respeito à estrada de chão de barro batido, com seus 25 km de extensão, ligando Costa Marques à comunidade. Os mais antigos contam que é impossível trafegar à noite, sozinho, por aquelas plagas. Assombrações sinistras aguardam os mais incautos que, não raras vezes, insistem em viajar pela madrugada, a pé ou em suas magrelas pela escuridão da estrada.

O trajeto é mal assombrado em consequência das dezenas de mortes trágicas ocorridas durante o passado. Quem insiste em seguir, sente um peso estranho no bagageiro da bicicleta, mas o medo mórbido de olhar para trás impede de descobrir quem é o fantasma que pega carona.

Outra estória conhecida denota o perigo de passar em frente da entrada principal da fortaleza, simplesmente pelo fato de ter a desagradável companhia de uma mulher vestida de branco, provavelmente alguém que faleceu em época desconhecida, embora, não se tem conhecimento de algum morador mais desavisado que tenha dialogado com a fantasmagórica figura.

Deixando o sobrenatural de lado, há narrativas sobre o roubo de relíquias quando do abandono da fortaleza na última década do século XIX. Os canhões espalharam-se e chegaram até a serem vendidos a navios ingleses em Antofogasta, no Pacífico. É sabido pelos ribeirinhos que no interior da capela do Forte Príncipe havia um grande sino de ouro. A relíquia parece ter sido subtraída por algum viajante fronteiriço que por lá passou, antes da redescoberta do monumento pelo Marechal Rondon.

O ex-prefeito da cidade, o costamarquense Raimundo Mesquita Muniz, em suas viagens pela Bolívia, encontrou a aludida peça na cidade boliviana de Madalena. Pelos símbolos portugueses gravados nas abas da peça, o ex-alcaide acredita ser mesmo o sino desaparecido do Forte, com um detalhe apenas, a peça é de bronze, desmitificando a alegoria contada pelos beradeiros que, divagando pela imaginação, garantiam que o sino realmente era ouro até o badalo.

foto(Créditos: Joel Maria Rodrigues)



[1]Historiador formado pela UFRN, mestrando em educação pela UNIR e professor EBTT do Instituto Federal de Rondônia – Campus Ariquemes.

Gente de OpiniãoSábado, 24 de maio de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

O risco de a assistência médica do Ipam colapsar é real

O risco de a assistência médica do Ipam colapsar é real

Chega a ser até difícil encontrar adjetivos para qualificar o momento pelo qual passa o setor da assistência médica do Instituto de Previdência e As

O Governo precisa parar de enrolação e devolver logo o dinheiro roubado dos aposentados do INSS

O Governo precisa parar de enrolação e devolver logo o dinheiro roubado dos aposentados do INSS

Ladrões entraram no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), invadiram contas de aposentados e pensionistas, e realizaram um assalto de quase

“Não há vagas disponíveis”

“Não há vagas disponíveis”

          Se você quiser tirar a sua carteira de identidade ou simplesmente substituí-la porque a sua já está “velha e vencida” vai se deparar com e

A CPMI do INSS

A CPMI do INSS

Senado e Câmara se articulam para criar uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para apurar a roubalheira no Instituto Nacional de Seguri

Gente de Opinião Sábado, 24 de maio de 2025 | Porto Velho (RO)