Quarta-feira, 23 de julho de 2025 - 15h55
Das Verdades que nos governam à Verdade em que vivemos: Entre Sombras e Luz
Vivemos rodeados de verdades. Umas são-nos impostas, outras somos nós que escolhemos acreditar nelas, e outras aceitamos-las sem as questionar...
O filósofo Michel Foucault modificou o conceito de 'regimes de verdade' para descrever os sistemas de normas, regras e práticas que determinam o que uma sociedade aceita como verdadeiro ou falso. Estas "verdades" não são eternas, mas sim construções sociais e discursivas que mudam com o tempo, com o poder, com as maiorias...
Um exemplo flagrante desse mecanismo é o modus operandi de instituições como Bruxelas, a NATO ou a ONU (sob influência dos EUA), que aplicam sistematicamente o princípio de vigilância e controlo para formatar as confianças e, consequentemente, dominar os corpos (os cidadãos). Vivemos numa ditadura suave, quase imperceptível, onde o Panóptico de Bentham, analisado por Foucault, se tornou o modelo de disciplina por excelência e, mais grave ainda, o estilo de governação dominante.
Habitamos num mundo onde a verdade parece negociável, moldada por consensos, maiorias, interesses ou conveniências. Será saudável aceitar passivamente o que nos é imposto? Já notaram a forma como as notícias nos são dadas pelos meios de comunicação, como se vissem das alturas, sem uma análise, sem um juízo de valor, sem uma tomada de posição, como se não fossem leituras ou interpretações de factos? Pergunte-nos sobre o que acontece nos debates públicos: quem decide o que é válido? Quem tem voz e conduz os debates públicos? (1) ...
Seguir a opinião pública ou o Zeitgeist é abdicar da nossa capacidade de discernimento, é alienar-nos de nós mesmos, da nossa ipseidade (a essência do "quem sou").
No cotidiano, lidamos com diversas formas de verdade: a verdade factual (apoiada pela ciência ou por dados objetivos); a verdade da crença (alicerçada em revelações ou convicções pessoais); a verdade do gosto (que reflete preferências subjetivas, ou opiniões, como 'isto é bom' ou 'isto é ruim'); e a verdade funcional (aquela que serve a um propósito momentâneo) ...
Seja sob uma perspectiva relativista ou absolutista, o ser humano anseia por uma verdade que vai além do superficial, que não seja apenas útil, mas que ofereça orientação e dê sentido à vida...
A verdade que nos falta não é uma teoria, mas uma presença. Não é algo que se debate, mas que se vive; é um modo de vida, não havendo separação entre o que é aqui e o que é vívido. “Pelos seus frutos os conhecereis” (Mateus 7:16), ou seja, a verdade é uma realidade transformadora que se revela na ação, no amor, na coerência.
Enquanto os regimes de verdade do mundo são instáveis e transitórios, a verdade cristã propõe-se como fundamento estável: uma verdade que não se limita a dizer "acredita nisto", mas que diz "segue-me e verás"...
No labirinto das verdades humanas, todos escolhemos a nossa bússola. Podemos seguir as verdades passageiras do mundo: à medida que mudamos conforme a opinião pública, o poder ou a moda, ou podemos buscar uma verdade mais profunda, que não nos controla, mas nos liberta...
O mais seguro é seguir a verdade que caminha!...
.... Essa luz interior encontra-se no âmago de cada um de nós e é aquela que nos tornamos ancorados na transcendência, para lá do que outros pensam, consistentes conhecimento mesmo a viver em harmonia, autoconfiança e compreensão do mundo. Sim, porque somos astros criados com luz própria e não meros satélites de algo ou de alguém.
António da Cunha Duarte Justo
Texto completo e nota em Pegadas do Tempo https://antonio-justo.eu/?p=10124
RAZÕES DO MUNDO NÃO-OCIDENTAL SE ESTAR A VOLTAR PARA A CHINA
Declínio do “Poder Duro” Ocidental perante a Arte Chinesa de se afirmar pelo “Poder Suave”
Ao observarmos a política internacional auxiliamos a dois caminhos do poder global: o Ocidente e as armas com a estratégia do Hard Power e a China com a diplomacia (Soft Power).
Os Estados Unidos são, há décadas, a nação que mais gasta em armamento no mundo! É um colosso militar cujo orçamento bélico em 2023 ultrapassou 886 mil milhões de dólares (1) ...
No entanto, apesar dessa máquina de guerra inigualável, é a China que, com astúcia e estratégia paciente, vem conquistando os corações e as mentes no Sul Global...
Os EUA e a UE (cf. a sua viragem militarista) seguem uma estratégia de poder autocrático, agressiva enquanto a China segue uma estratégia de poder mais suave.
Os EUA sustentam 800 bases militares em mais de 70 países, um império de projeção de força que, em vez de atrair, muitas vezes intimida ou gera ressentimento. Entretanto, a China, sem disparar um único tiro, expande a sua influência através do Poder suave.
A China empenha-se na construção de infraestruturas resilientes como a Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI), um projeto faraónico de um bilião de dólares em infraestruturas, estendendo-se da Ásia à África e América Latina; realiza acordos comerciais tornando-se o maior parceiro comercial da África com 282 mil milhões de dólares em 2023 (2), da América Latina com 450 mil milhões em 2022 (3) e da ASEAN com 975 mil milhões em 2023. No que se refere a investimento e diplomacia cultural a China tem 550 Institutos Confúcio espalhados pelo mundo, enquanto os EUA têm 210 Centros Culturais Americanos, conforme dados do Departamento de Estado dos EUA e Hanban.
Enquanto os EUA gastam 3,5% do seu PIB em defesa, a China aplica apenas 1,6%, mas investe massivamente em setores que consolidam a sua liderança geoeconómica...
Não que a toca à moeda digital o yuan digital já foi testada em 15 países, ameaçando a hegemonia do dólar (6).
O mundo não-ocidental, especialmente África, Ásia e América Latina, não quer mais lições de democracia ocidental acompanhadas de bombas. Quer estradas, portos, empréstimos sem condições políticas nem bloqueios económicos. A China oferece isso, enquanto os EUA seguem presos a um ciclo de intervenções militares fracassadas (Iraque, Líbia, Afeganistão, Síria) e avaliações que alienam aliados, como tem acontecido com a União Europeia.
Os tanques e caças americanos garantem o domínio militar, mas a sedução do mundo pós-ocidental do Sul Global faz-se com vias-férreas, 5G e acordos sem moralismos. A China antecipou-se apercebendo-se a tempo disso e os números provam que está a vencer.
No meio de tudo isto, a União Europeia, que se sente impotente entre os EUA e a Rússia/China, em vez de procurar novas oportunidades e criar uma nova via no sentido de um novo universalismo, renúncia à sua vocação original e a um papel de futuro relevante na história, para se subjugar ao militarismo dos EUA...
António da Cunha Duarte Justo
Artigo completo e notas em Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=10132
Era para ser apenas mais uma reunião secreta como muitas já realizadas entre vereadores da Câmara Municipal de Porto Velho se alguém não tivesse gra
A violência na Síria na perspectiva dos EUA e UE
Intervenções, Interesses e Direito InternacionalO recente ataque de Israel a Damasco, justificado como uma ação para "proteger a minoria drusa", r
A política do “é dando que se recebe”
Ouvi, atentamente, os áudios de uma reunião fechada que aconteceu na Câmara Municipal de Porto Velho entre vereadores e um representante do prefeito
Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço
O dito acima encaixa-se perfeitamente na moldura do atual governo brasileiro. Aonde quer que vá, onde quer que esteja, o presidente Lula não se cans