Domingo, 2 de agosto de 2009 - 20h07
Confúcio Moura
Já me disseram que o futuro é negro. E se for assim tem tudo para ser maravilhoso. Porque sempre o dia de amanhã é melhor do que o de hoje. É o que se pensa e o que se diz. Alguma coisa nova amanhã será inventada. E tudo avança e se aperfeiçoa. E a gente que vive hoje, com tanta coisa nova, celular, TV de tela plana, DVD, computador, email, gravador fica meio abestado com tanta novidade.
O homem é o mesmo. Ele não muda. O sentimento, a emoção, o desejo de progredir, aventurar, dominar continua o mesmo através dos tempos. E todo mundo acha que está certo. O mais cruel bandido acha que está certo. E a gente estuda e pensa que sabe muito. E se gruda no livro e lê isto e aquilo. Decora alguma coisa. E depois esquece quase tudo. Mesmo assim acha que sabe muito. Criar mesmo alguma coisa prática e proveitosa pouca gente cria. Pensar diferente do outro pouca gente pensa. E de vez em quando surge um ser especial que discorda. E escreve tudo diferente. E todo mundo se vira contra ele. Mais tarde se transforma em gênio.
Viaje no tempo, meu irmão. Vá de jatinho ao Egito antigo, a Roma, a Grécia - quando você perceber que irá morrer de velho e não dará conta de entender o que escreveram os imperadores, os filósofos gregos, os sábios egípcios, pobre de você, do euzinho aí, que se acha o tal e verá que não passa de uma minhoca humana. Basta dar uma olhadinha nas pirâmides egípcias. Basta reparar o sistema de irrigação que eles usavam antes de Cristo às margens do Nilo. E o mais admirável é a conservação dos cadáveres dos seus faraós, as múmias, de suas belas mulheres, vaidosas, pescoçudas, invejadas. A escrita enigmática e misteriosa (hieróglifos) e arte expressa na teoria da frontalidade.
E aí meu caro, o que acha da sua sabedoria extraordinária e contemporânea? Do seu belo celular multifuncional, do seu carrão digital, do seu cartão de crédito, das suas bugigangas chinesas que enchem a sua sala e que depois quebram e somem e não fazem nenhuma falta? E você fica por aí, simplesmente copiando e colando, acha tudo isto o máximo da modernidade. Entenda que o homem continua o mesmo. Ele quer pouco e vive com o essencial. O que mais deseja é ser feliz. É viver em paz. É comer todo dia. É amar e ser amado. E mais ainda ser admirado, ao menos admirado por ser chamado pelo nome. E ser tratado com gente. Isto é o máximo.
E a cor do futuro? Bem que eu queria que ele tivesse a cor da flor do maracujá. De tênues ramas verdes, frágeis, penduradas nos aramados, nos pomares iguais, elas brotam esplendorosas e surpreendentes. Não há poema que possa dizer do seu encanto. Ou do seu mistério. E tudo se mistura ali, do roxo ao azul que se encaminha ao branco, a cúpula verde e um pedúnculo soberbo. O futuro poderia ser assim de tão belo não existir e se existisse fosse um terrível imaginário, mais ou menos fictício, assim como um paraíso, que mais tarde se tornasse verdade pura, num copo de suco agridoce, inconfundível, singelo amarelado que nos entrasse na alma e que tudo num circuito bendito voltasse a ser a flor do maracujá. Que brotassem flores com estas nos seus corações.
Por que esta inspiração de hoje? De falar de futuro e maracujá? A razão é simples, semana passada fui a Estrela de Rondônia, distrito de Presidente Médici, assistir a sétima festa do maracujá. Por lá o povo vive feliz. A base da economia é o maracujá, abacaxi, goiaba. Cerca de 600 casas num roçado do olho, maioria de alvenaria, telhas de barro, ruas asfaltadas, uma praça com fícus imensos. De tudo havia maracujá, no suco, no creme, na comida, no molho, no bolo, na torta, na pizza. Trezentos pés de maracujás bem cuidados sustentam uma família inteira. A fruta. A opção de futuro do Estado pode estar em Estrela de Rondônia. Hoje, Rondônia prospera pela força do dinheiro do PAC (programa de aceleração do crescimento), com crescimento monumental. E depois? Como será? Não mais a terra arrasada, de triste lembrança, da garimpagem do ouro no Rio Madeira. Nem os destroços do Rio Santa Cruz no Garimpo do Bom Futuro. Nem as milhares de serrarias que foram montadas e desmontadas em todas as cidades do Estado e que foram embora, cada vez mais pra longe, repetindo o mesmo cenário anterior. Ficaram os escombros.
É por isso que digo que o futuro tem cor. E para mim a cor preferida dele é o da flor do maracujá. Das trançadas moitas de açaí e da bacaba. O açaí amazônico invadiu o mundo sozinho. Sem nenhuma propaganda oficial, sem nenhum marketing prospectivo de Governo nenhum. Ele entrou nas academias na base do boca a boca. No gosto mundial pelo exótico indígena. Que tal trocar celular por bacaba? Que tal vender comida típica para mundo digital? Que tal deixar de agora em diante a floresta em pé e vender a castanha do Brasil para o mundo inteiro?
Oh! Homem genial, pós-moderno, raro, matemático, exato, lógico, quase perfeito, quem és tudo homem robotizado, para desafiar as coisas simples, evidentes, comuns, naturais, quem és tu doidivanas que não vês com teus pobres olhos de lentes de contatos as cores da flor do maracujá?
Fonte: Confucio Moura (prefeito de Ariquemes)
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