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Cârmenio Barroso: O Cacique da Taba do Cacique


Cârmenio Barroso:  O Cacique da Taba do Cacique - Gente de Opinião
Carmênio Barroso confirma o sucesso do Baile de Carnaval, de 6 de março de 2011.



█ Em uma destas perguntas de entrevistas que às vezes não se pode deixar sem resposta e não se pode falar qualquer coisa, um dia desses um amigo jornalista me perguntou: qual a coisa que você tem mais dificuldades em falar? Não sei por carga d’água eu respondi, na ponta da língua: falar mal ou falar bem de um amigo. Depois, ao fazer uma reflexão, eu sem querer, conclui que acabara de filosofar. Na verdade, é muito difícil e eu fico meio sem jeito e um tanto quanto desconfortável em falar sobre estes dois extremos.

█ Em conformidade com um adágio popular de autor desconhecido: “Os nossos amigos não têm defeitos e os nossos desafetos se não os tiverem, arranjaremos”. Somos suspeitos em falar de bem de nossos amigos. Como o bom cabrito não berra, e não somos cabritos, então vamos falar:

█ Carmênio Barroso é meu conterrâneo, nascido e criado na minha querida cidade de Jaguaruana, às margens do rio Jaguaribe, estado do Ceará, e as nossas famílias Almeida e Barroso têm tradições políticas, uns períodos como adversários e, em outros, como aliados, sempre com respeito recíproco e, inclusive, com casamento entre parentes, e tendo o seu irmão Nilon Barroso, Engenheiro Agrônomo, meu amigo e meu ex-professor de Matemática, tendo sido eleito Vice-Prefeito na penúltima eleição para a Prefeitura Municipal de Jaguaruana, em uma dobradinha feita com um candidato de nossa família Almeida, meu primo José Augusto de Almeida, para um mandato de quatro anos.

 █ No início dos anos 50, Carmênio foi eleito Vereador junto à Câmara Municipal de Jaguaruana-CE, onde se tornou um político muito atuante, grandeloquente, combativo, polêmico e muito respeitado e, como cabo eleitoral, ele ficou famoso na cidade por seu carisma, habilidade em conquistar a simpatia dos eleitores, e podia decidir uma eleição para Prefeito, com sua simples presença e com poucos dias de campanha eleitoral, como aconteceram em algumas oportunidades, em sua terra natal, segundo depoimento de nossos conterrâneos e familiares desta cidade. Nesta época eu não testemunhei estes fatos, pois era muito jovem e não participava ativamente de campanhas políticas.

█ Em 19 de janeiro de 1959, Carmênio Barroso decidiu sair de Jaguaruana, em busca de novos horizontes, e decidiu se mudar para o Território Federal do Guaporé que, depois, virou Território Federal de Rondônia, e, hoje, estado de Rondônia, se estabelecendo na cidade de Porto Velho, onde se tornou funcionário da Texaco, no período de três anos, tendo sido, inclusive, nomeado como Chefe do Aeroporto de Porto Velho, e, ao mesmo tempo, responsável pelo setor de abastecimento. O Governador Osvaldo Távora Buarque, interino, fez a nomeação de José de Oliveira Barroso, o nome de registro de Carmênio Barroso, como Prefeito de Porto Velho, em data que não posso precisar no momento, (vou falar com o próprio), quando assumiu este cargo, até o dia 1° de abril de 1964, quando foi deposto pelo Golpe Militar de 31 de março e preso, em seguida, pelo Regime Militar.

█ Após a cassação como Prefeito de Porto Velho e, posterior, prisão, Carmênio vem travando uma luta jurídica que se arrasta há anos, junto ao Ministério da Justiça, no setor de Anistia Política, e, segundo palavras do próprio Carmênio “uma luz está acesa no final do túnel e parece que agora ocorrerá o julgamento final do processo, como forma de indenização justa e merecida, por danos morais, políticos e trabalhistas.” Vamos todos torcer para que tudo ocorra favorável e com uma indenização que justifique todos estes esforços e de acompanhamento e expectativas de anos e mais anos.  

█ Depois da prisão, Carmênio decidiu montar seu próprio negócio e foi quando inaugurou o Bar Caiçara, na Rua Pinheiro Machado, esquina com Marechal Deodoro, e, depois, instalou, em seu anexo, o Restaurante Taba do Cacique — numa homenagem ao seu saudoso pai Augusto Pereira Barroso, descendente de holandeses e de portugueses, que tinha fortes ligações com literaturas de etnia indígenas e, até, também, como uma justa homenagem aos nossos silvícolas, os primeiros habitantes da terra.

█ A Taba do Cacique por ser frequentada por todas as classes sociais, com ênfase para a  boemia local portovelhense, teve a atração fatal da “la belle jeune femme de la nuit”, a popular “a bela jovem da noite” e neste clima de ponto de encontro, paquera e euforia o então Restaurante Taba do Cacique se transformou, naturalmente, em uma Casa Noturna e point obrigatório de frequência da boemia da capital e adjacências.

█ No Blog “O Alto da Barca”, plotado no dia 26 de agosto de 2008, podemos encontrar o seguinte texto, com a afirmação: “A Taba do Cacique nasceu, graças à perseguição sofrida pelo seu idealizador Carmênio Barroso, pelo comando da Revolução Militar em Rondônia”.

Quem em Porto Velho não desfrutou da amizade e não teve o prazer de se tornar amigo do Carmênio Barroso, proprietário da mais popular e mais frequentada casa noturna e da boemia de todos os tempos?  A Taba do Cacique sempre ofereceu para seus seletos clientes, durante seu período áureo, por muitos anos, e até nossos dias, um leque de opções: o lazer saudável; uma boa música, sempre muito bem selecionada e de muito bom gosto e romântica; o entretenimento em uma agradável casa noturna, sempre com uma cerveja, estupidamente gelada, e desfrutar de uma boa companhia; rever os velhos amigos; jogar conversa fora e no final da noite, até compartilhar com de uma agradável companhia, com “la belle jeune femme dans l’après-midi ou la belle jeune famme de la nuit”, a bela jovem da tarde ou da noite, e viver momentos diferenciados, inesquecíveis e com fortes emoções.

█ No final de tarde do dia 25 de agosto de 2008, quase ao por do sol, um incêndio voraz acidental queimou parte da estrutura da Taba do Cacique e, não tenho dúvida, que tenha sido um dos piores momentos da vida do Carmênio Barroso. As imagens veiculadas da TV falaram bem alto e toda a cidade assistiu ao incêndio, através da mídia eletrônica e quem conhece a história e a verdadeira saga do Carmênio Barroso se emocionou com as lágrimas e se solidarizou com o forte Cacique da TABA DO CACIQUE.

█ Com uma arquitetura original de uma verdadeira TABA DO CACIQUE, com estruturas em bambu e cobertura de palha caranaí, o fogo não perdeu tempo e nem pediu licença e, em poucos minutos devorou o que pode tudo aquilo que fora construído com tanto amor e preservado com carinho, ao longo de tantos anos.

█ Hoje, a TABA DO CACIQUE está revitalizada, reconstruída, é uma pena que perdeu um pouco de sua arquitetura original, faltam as tabocas de bambu nas laterais e as palhas de caranaí no teto — que proporcionavam a temperatura ambiente da floresta nativa amazônica e o design das moradias indígenas, primitivas e agradáveis. Mas está muito legal. Não podemos reclamar, não temos direito para fazer isto. O Carmênio fez o possível e o impossível para reconstruir. Parabéns! Parabéns!.

█ Neste Carnaval de 2011, na TABA DO CACIQUE, OS AMIGOS DO CARMÊNIO foram responsáveis e colaboraram com o anfitrião para que a festa fosse perfeita e com tanto brilho, encabeçados por: Valdohither dos Santos, (o baixo); Zé Maria Ortiz (Maciste); João Bernardino (Al Pacino - Fogão); Miguel Rumier (Vascão); Almir das Chagas (Bic - Fogão), Rogério Quaresma (Urubu), Clênio Amorim (Urubu), José Rosa (Palmeirense), Miguel D’Andéia (Dr. Palmeirense), João de Deus (Carioca - Fogão); Iran, o Bitouuuuuu - Fogão); João D’arc (Fogão); Antônio de Almeida (Palmeirense - Espinha na Garganta); Carlos Paraguassu (Dr. Cuba); Betinho; Gonzaga; Alcimar; Cláudio Vidal; Augusto Jacó; Radamés; Miguel Garcia; Milton Portela; Raulino (Cel.) Itamar Teixeira e tantos outros que frequentam, assiduamente ou com uma certa periodicidade à CONFRARIA DO CARMÊNIO, um outro nome carinhoso da TABA DO CACIQUE, e que tivemos a satisfação em ver e rever um carnaval, como antigamente, no estilo original, com as músicas de época, neste último domingo, dia 6 de fevereiro.

Sob a batuta de Carmênio Barroso, a tradicional casa noturna de Porto Velho, a TABA DO CACIQUE, hoje chamada por Dr. Paraguassu de CASA DE ORAÇÕES, fez voltar aos velhos tempos de animados carnavais, e, ao mesmo tempo, provou para os foliões presentes que o tempo, também, pode voltar e como voltou.

█ Tendo como discotecário e sonoplasta o próprio Carmênio, o Baile de Carnaval da Taba do Cacique deste domingo, dia 6, foi animado por saudosas marchinhas que grandes e inesquecíveis sucessos da época áurea do Rádio alegraram e animaram o País, como: Chiquita bacana; Tomara que chova; Remador; Mulata yê, yê, yê; Israel, na voz inconfundível da saudosa Emilinha Borba, a eterna campeã de muitos carnavais, sem falar de Bandeira Branca, composição de Max Nunes e Laércio Alves, eternizada na voz de Dalva de Oliveira, e de tantas outras músicas que grandes sucessosfizeram em tantos carnavais, nos tradicionais bailes de carnaval de todo o Brasil, em todos os tempos.

 █ As músicas do carnavalesco João Roberto KELLY, como a Cabeleira do Zezé, gravada em 1964, e tantas outras de seu vasto repertório, como: Maria sapatão; Joga a chave meu amor; Rancho da praça onze; Bota a camisinha; e outras e outras, como frevo, rumba, mambo e até utilizaram os hinos do Flamengo e do Corinthians, em rítmo de carnaval, faltando e sendo muito solicitado o Hino do Palmeiras para a alegria e a felicidade geral dos Palmeirenses. Vai ter troco. A falha é do Carmênio e a culpa é do Clênio Amorim que só quer saber de ouvir o hino do Urubu.

O ponto alto do Baile de Carnaval, deste dia 6 de março de 2011,  foi a eleição do Rei Momo do Carnaval e do Vice-Rei Momo, sendo eles os foliões: o IRAN, o Bitouuuu, e o Maciste, José Maria Ortiz, respectivamente, para a alegria e felicidade geral de uma nova geração de foliões dos novos tempos.

█ Para que o prezado leitor que não esteve presente ao Baile de Carnaval da Taba do Cacique, neste último domingo, dia 6 de março de 2011, tenha a verdadeira noção da folia, eu vou fazer uma afirmação que vocês só irão acreditar porque eu vou mostrar a foto que eu fiz questão de registrar: a festa estava tão apimentada e as músicas tão animadas que até um dos presentes, se apoiando com duas potentes muletas, caiu na folia e não queria mais parar. Virou um Saci-Pererê, com quatro pernas.

█ Trata-se de nosso grande amigo Dr. José Rosa, Palmeirense, papagaiou Louro José, que está usando duas muletas, numa situação emergencial, neste período de pré-operatório, que se embalou ao som de velhas marcinhas de carnaval e caiu na folia, se apoiando em duas muletas, e só parou de pular porque alguns amigos o aconselharam a não forçar muito a sua estrutura óssea — já um pouco comprometida com o volume corporal e com o peso de algumas dezenas de anos acumulados. Mas mesmo depois de se sentar, ainda ficou dançando e com os dois dedos para cima e cantando: Mamãe eu quero ... Mamãe eu quero .... Mamãe eu quero mamar ...

 

Cârmenio Barroso:  O Cacique da Taba do Cacique - Gente de Opinião
Dr. José Rosa, de muletas, se esqueceu e caiu na folia


█ Perguntei para o Carmênio Barroso qual foi o momento mais marcante de toda a sua saga, de trajetória de trabalhos e de lutas no estado de Rondônia, vocês sabem o que foi que ele me respondeu?

RESPOSTA: O momento de maior felicidade foi, sem dúvida, o momento da reconstrução, da revitalização e da reinauguração da TABA DO CACIQUE, em 2009, e, através da Banda de Carnaval do Dr. JAIR, eu ter realizado um Baile de Carnaval, com a presença de parte da sociedade de Porto Velho, e chorar pela segunda vez pela TABA DO CACIQUE, desta vez de  alegria.

█ Com o incêndio da “velha” TABA DO CACIQUE — e sua posterior revitalização e reinauguração — os espíritos foram exorcizados e os pecados foram todos perdoados e la belle jeune famme de la nuit”, a bela jovem da noite se transformou em “la dame de la maison”, a senhora do lar, e, hoje, se pode afirmar que a “nova” TABA DO CACIQUE é uma CASA DE ORAÇÕES, de esporte, de lazer, de entretenimento e de reflexão, parafraseando o Dr. Carlos Paraquassu.

Os interessados em aproveitar suas áreas degradadas e/ou alteradas e que tenham pendências com as entidades ambientais façam contatos através dos telefones: (69) 8111-9492 e 8446-1730. Fale conosco e, quem sabe, poderemos encontrar a solução para o seu problema. Aproveite o seu problema e vamos criar tambaqui, pirarucu e jatuarana e outras espécies de peixes regionais.

Tenham todos um ótimo dia. Um forte abraço.

Antônio de Almeida Sobrinho é graduado em Engenharia de Pesca, com Pós-Graduação em Análise Ambiental na Amazônia Brasileira (UNIR/RO); Pós-Graduação em Tecnologia do Pescado (FAO/UFRPE/MA); Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente e Presidente da COOMAPEIXE – Cooperativa Mista e Aquícola do Estado de Rondônia.

Para contrapor as nossas posições, o (a) eleitor (a) ou o (a) leitor (a) pode utilizar os seguintes contatos:

E-mail: [email protected] Celular:

(69) 8111-9492 e (69) 8446-1730

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