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Ato de perdoar é terapêutico, dizem psicólogos e religiosos


 
Nenhum outro momento no ano é tão convidativo e propício para pedir e oferecer o perdão como o deste mês

A vida corre apressada o ano todo. E nessa correria falta tempo para uma boa e didática reflexão. É preciso chegar o Natal, com seus encontros festivos, ceia e troca de presentes, a reflexão em torno do nascimento de Jesus, para que surja esse momento. É quando as pessoas costumam parar para olhar em volta, para dar atenção aos que estão ao seu redor, para dar vazão a seus sentimentos mais nobres, entre eles o perdão.

É um momento de afeto que propicia a reconciliação, a reparação de erros mútuos. É uma troca de presentes que vai além do mundo material. É quando acertamos nossos ponteiros para começar um novo ano do zero, sem mágoas do ano que ficou para trás. É hora de renovação, de uma nova chance.

Como diz o pastor Samuel Biassi do Nascimento, da Primeira Igreja Batista de Bauru, se Deus deu uma segunda chance para a humanidade com o envio de seu filho Jesus ao mundo, por que os homens se negam a fazer o mesmo? Segundo o pastor, é uma pena que muitos só se abrem para o perdão nessa época do ano. Na opinião dele, isso deveria acontecer o ano todo.

“Parece que está no inconsciente coletivo das pessoas essa maior predisposição ao perdão no Natal. Há um sentimento de amor e de reconciliação muito forte na sociedade nessa época”, diz ele. E isso é histórico.

O escritor inglês Charles Dickens, que viveu no século 19, já dizia que o Natal é um tempo de benevolência, perdão, generosidade e alegria. “É a única época que conheço, no calendário do ano, em que homens e mulheres parecem, de comum acordo, abrir livremente seus corações”, escreveu ele.

Para o padre Luiz Antônio Lopes Ricci, da Paróquia São Cristóvão, existe uma certa resistência ao perdão porque perdoar não é nada fácil. Segundo ele, o perdão não acontece de uma hora para outra. É um processo que pode levar dias, meses ou anos. “Perdoar é um sinal de nobreza humana. Quem consegue chegar a esse ponto demonstra grande humanidade”, afirma.

De acordo com a psicóloga Fernanda Augustini Pezzato, especialista em terapia comportamental, ao perdoar, as pessoas criam a possibilidade de voltar a conviver com outros e de retomar uma relação, seja ela afetiva, familiar ou de amizade. Segundo ela, o efeito psicológico disso, tanto para quem perdoa quanto para quem é perdoado, é sempre positivo porque produz sentimentos de alívio, renovação e abre novas perspectivas para o relacionamento.

Foi o que aconteceu com os irmãos Marcelo e Doralice dos Anjos Veiga. Eles tiveram uma briga feia em 2007. Por muito pouco não foram às vias de fato. Dora, como é mais conhecida, acredita que isso só não aconteceu porque a mãe deles presenciava toda a cena. Por respeito a ela, os irmãos não saíram no tapa.

Os dois que, até então, sempre haviam se dado muito bem, ficaram mais de um ano sem se falar. Quando um chegava, o outro saía. Segundo Dora, foi uma situação desagradável que ela jamais gostaria de ter vivido.

E o clima entre eles ficou assim, mal resolvido, até o Natal do ano passado. A família estava reunida para o almoço quando os anjos natalinos decidiram agir. Tocada por esses anjos, Dora se encheu de coragem e de amor, aproximou-se do irmão e deu nele um abraço carinhoso, acompanhado de um pedido de perdão, no que foi prontamente correspondida.

“Foi o dia mais feliz da minha vida e acredito que foi o da minha mãe também porque ela sempre nos ensinou a importância do afeto e do amor entre os irmãos. Ela também estava sofrendo com toda aquela situação”, conta Dora.

Segundo ela, a vida é tão cheia de atritos e dissabores que se não houver essa disposição nas pessoas em perdoar seus semelhantes a convivência entre elas ficará insustentável. Hoje é Natal. Dia em que os anjos se fazem presentes na maioria dos lares. Que tal aproveitar o clima e buscar uma aproximação dos corações que estão distantes e, com isso, garantir um fim de ano mais feliz e de bem com todo mundo. 

Adilson Camargo

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