Terça-feira, 16 de setembro de 2025 - 11h36
Após o fenômeno do quiet quitting
(demissão silenciosa), das “férias clandestinas” e da “microaposentadoria”,
mais uma tendência impulsionada pela Geração Z acende um alerta no ambiente
corporativo: o task masking ou, em bom português, o “teatro da
produtividade”. Trata-se da prática de parecer ocupado sem necessariamente
estar produzindo. Embora a arte de “fingir que se trabalha” não seja novidade,
sua recente popularização — com vídeos sobre o tema acumulando mais de 1,1
milhão de visualizações no TikTok — revela algo preocupante sobre a cultura de
trabalho atual e a forma como as novas gerações a percebem.
Esse comportamento vai desde alternar
abas no computador sem rumo, mover o mouse para manter o status online, agendar
reuniões desnecessárias, digitar em documentos vazios ou simplesmente caminhar
apressadamente pelo escritório com um ar compenetrado. Contudo, seria um erro
estratégico enxergar esse movimento apenas como preguiça ou desonestidade. O comportamento
pode ser, na verdade, um sintoma: uma resposta adaptativa a culturas
organizacionais que ainda confundem presença com performance e atividade com
produtividade.
Para compreender o task masking,
é preciso entender suas motivações. A Geração Z sente uma pressão esmagadora
por performance que, em muitos casos, não se traduz em resultados concretos,
mas em parecer produtivo. Um levantamento recente divulgado pelo Financial
Times aponta que 37% dos trabalhadores dessa geração declaram sentir receio de
não parecerem ocupados o suficiente aos olhos de seus gestores.
Essa insegurança é amplificada por um
contexto econômico desafiador. No Brasil, por exemplo, um levantamento do IBGE
mostrou que, apenas no 1º trimestre de 2025, a taxa de desemprego entre jovens
de 18 a 24 anos foi de 14,9% — mais que o dobro da média nacional, que alcançou
7%.
Para uma geração que enfrenta
concorrência acirrada em cada vaga, manter o emprego a qualquer custo se
transforma na diretriz principal. E, se a métrica percebida para isso é a
aparência de estar sobrecarregado, o jovem profissional pode não hesitar em
adotar o “teatro da produtividade” como mecanismo de defesa. Para piorar, há
influenciadores digitais ensinando essa prática na web.
O perigo real para as empresas
Para as organizações, os riscos de
contar com um elenco que apenas simula produtividade são múltiplos:
Se o task masking já é uma
prática comum em sua organização, talvez seja hora de uma avaliação mais
profunda — possivelmente com apoio de uma consultoria externa especializada. É
fundamental identificar quem realmente deseja contribuir, mas se sente
desmotivado pela cultura vigente, e aqueles que, por outros motivos, não estão
alinhados aos objetivos corporativos.
O “teatro da produtividade” reflete
falhas de um modelo de gestão obsoleto. A escolha é clara: continuar aplaudindo
a peça ou ter a coragem de mudar o roteiro, construindo um ambiente em que a
autenticidade e a produtividade real sejam as verdadeiras protagonistas.
Afinal, será que a liderança não está, direta ou indiretamente, ensinando esse
comportamento ao errar em suas sinalizações?
*por João Roncati, CEO da People+Strategy -
consultoria brasileira reconhecida e respeitada por seu trabalho estratégico
com a alta liderança de grandes companhias. Mais informações no site.
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