Segunda-feira, 22 de dezembro de 2025 - 14h29

Quando o fascismo voltar, ele não dirá “eu sou o fascismo”. Ele dirá “eu
sou a liberdade”.
Umberto Eco (escritor, filósofo, professor, semiólogo,
linguista e bibliófilo italiano)
As eleições de 2026, partiu!!!.
Nos próximos meses ocorrerão eleições gerais
decisivas, não somente para o Brasil, mas para o próprio destino da América do
Sul. A extrema direita (digo, o governo Trump) já conta com aliados
incondicionais e subservientes na Argentina, Bolívia, Chile, Equador, Paraguai
e Peru. Em 2026 haverá eleições no Brasil e na Colômbia.
A relação “interventora”, “imperial” e “colonial”
dos EUA está em pleno processo nos países americanos. No Brasil ameaçando e
chantageando o poder judiciário, na Venezuela usando o pretexto de ser um país
dominado pelos “terroristas”, narcotraficantes, intimidam com intervenção
militar. E no México ameaça incursões armadas para combater os cartéis e
gangues do narcotráfico.
Neste cenário, apoiar a extrema direita é aceitar a
tutela dos USA, se tornar um país submisso, sem soberania, sem respeito a si
próprio, tornar uma “República das Bananas”. É isto que propõe os extremistas no
Brasil, alojados no partido liberal (PL), e no grupo conhecido como “Centrão”
que engloba membros fisiológicos de vários partidos (PSC, PP, PROS, PMDB, PTB,
PR e Solidariedade), e que difundiu o lema “é dando que se recebe”.
Mas afinal, o que está em jogo é o projeto de nação
que queremos. Não é simplesmente apoiar um plano de governo, que é temporário e
dirigido para uma gestão específica. Será que estamos em condições de
estabelecer uma maioria expressiva que aponte uma direção contínua, e que
transcenda diferentes administrações, visando a soberania, a democracia e a
consolidação de uma identidade nacional?
O impeachment deflagrado contra a presidente Dilma,
acabou interrompendo um ciclo, resultando na eleição do extremista fascista
Jair Bolsonaro, com apoio de setores conservadores radicais da sociedade, do
empresariado, de segmentos evangélicos, da cadeia do agronegócio predatório, de
madeireiros e garimpeiros que atuam ilegalmente na Amazônia, de funcionários
públicos de baixo escalão, de setores da classe média, de segmentos fascistas
que surgiram em alguns Estados, e de parte das corporações militares. E neste
governo ficou claro qual seria o projeto de poder desses grupos que tentaram um
golpe de Estado, que teve seu ápice em 8 de janeiro de 2023.
A visão dos golpistas era de uma sociedade com
retorica nacionalista, patriótica e autoritária, condicionando a transformação
do país à “revitalização dos valores morais, éticos e do civismo”, ao
fortalecimento do “sentimento de Pátria”, ao “combate à revolução cultural”, à
“promoção do sentimento coletivo de Nação”.
Além de negar a realidade, acusando de globalismo
um movimento internacionalista que tem como objetivo, segundo os extremistas
fascistas, massificar a humanidade para dominá-la, dirigir e mesmo controlar
tanto as relações internacionais, quanto as dos cidadãos entre si. Negam a
ciência e as mudanças climáticas e seus efeitos provocados pelo modo de vida
consumista, perdulário e predatório da sociedade.
São perigosas visões de sociedade que desprezam o
pluralismo do mundo contemporâneo, e justificam a tutela da sociedade por uma
ordem que se arvora - sem legitimidade para fazê-lo - numa autoridade
moderadora acima das instituições democráticas, que seriam as forças armadas.
Convivemos durante 4 anos com esta visão que teve
como resultado mais evidente as ações durante a pandemia do COVID, em que foi
negado acesso a vacina pelo governo de extrema direita, e que segundo a ciência
poderia ter evitado milhares de mortes caso a vacina tivesse sido entregue a
população.
Exemplos não faltam para impedir que o fascismo
encarnado pelo (des)governo Bolsonaro retome o poder nas eleições de 2026, e
implante o ódio, a misoginia, o racismo, o negacionismo. Nos livramos dele em
2022, e mais do que nunca precisamos vencê-lo em 2026.
Em contrapartida precisamos apoiar um conjunto de
aspirações e diretrizes amplamente compartilhadas pela sociedade que visam
orientar o desenvolvimento do país. Um novo paradigma civilizacional deve ser
implantado para superar a lógica do lucro, e das políticas capitalistas, causa
da degradação ambiental e da exclusão social.
É essencial a defesa de um Estado soberano e
democrático, o respeito ao Estado de direito e as minorias. A busca por uma
sociedade mais justa e igualitária, combatendo a pobreza e com inclusão social,
e a garantia ao acesso universal aos serviços essenciais, de saúde, educação,
segurança e infraestrutura básica. Que o modelo de desenvolvimento concilie a
geração de riqueza com respeito e preservação ambiental, além da
responsabilidade social. Assim garantindo um futuro de paz, igualdade para as
presentes e futuras gerações.
A participação popular deve estar presente na
construção de um projeto de nação que deve ser um processo contínuo de diálogo
com os diferentes setores da sociedade do campo e da cidade, incluindo
trabalhadores, comunidades rurais, populações vulneráveis, comunidades
indígenas, quilombolas, juventude e ativistas.
Após a prisão do ex-presidente, a extrema direita
(pois hoje não existe direita no país) tenta reagir. As recentes ações da
matança ocorrida no Rio de Janeiro, a chacina policial mais letal da história
do país, fazem parte da estratégia a ser utilizada tendo como tema central nas
próximas eleições, a segurança pública. Em nome de combater a violência
engendrada por grupos organizados, o mandante deste massacre, o governador do
RJ Cláudio Castro (PL) foi aplaudido em um culto/missa, conforme relatado na
imprensa. Não nos esqueçamos que também Adolf Hitler costumava ir à Igreja e
ser recebido com aplausos.
A espetacularização do extermínio é usada para fins
políticos, e que nada resolve o problema. É incapaz de desarticular estas redes
de criminosas, muito menos de atingir os fluxos financeiros que dão sustentação
a esta atividade ilegal. Buscam utilizar o discurso do ódio, da guerra contra o
narcotráfico, para melhorar suas chances eleitorais. A questão da segurança
pública sem dúvida terá papel de destaque na campanha eleitoral, e não podemos
cair na armadilha dos governadores extremistas de Santa Catarina, Paraná, São
Paulo, Goiás e do Rio de Janeiro que se reuniram no Rio de Janeiro, em apoio ao
massacre orquestrado pelo governador carioca, e anunciaram a formação do
“consorcio da paz”. Segundo eles para combater a violência, e integrar forças
de segurança destes Estados, e suas equipes de inteligência. Uma manobra
político-eleitoral, pois a reunião serviu somente para a fotografia, sem que
fossem anunciadas medidas concretas para o combate efetivo da violência. Um
simples contraponto midiático ao governo federal.
O perigo deste agrupamento de ocasião, que apoia
ex-presidente presidiário Bolsonaro, é armar uma armadilha retórica, e assim
minar a democracia através da desinformação. Lembremos que estes governadores,
alguns deles candidatos nas eleições de 2026, apoiaram o que ficou conhecido
como a PEC da Bandidagem. Projeto de Lei de emenda à Constituição que exigia a
autorização do Congresso Nacional para o Supremo Tribunal Federal (STF) abrir
ações penais protegendo os parlamentares investigados de processos criminais,
como assassinato, roubo e corrupção, criando um escudo para impunidade, e
restringindo a ação da polícia federal. Felizmente manifestações públicas
em todo o Brasil fizeram recuar, e impedir no Senado Federal que esta proposta escandalosa
virasse Lei.
Diante do momento histórico que estamos vivendo às
perguntas que os eleitores deverão responder nas próximas eleições para a
escolha de seus candidatos podem ser simplificadas em:
·
Votaria em candidato que apoiou a tentativa de golpe de Estado e a PEC da
blindagem/bandidagem
·
Votaria em candidato que derrubou os vetos presidenciais ao PL da Devastação,
atacando o principal instrumento de proteção ambiental do pais, a lei do
licenciamento ambiental?
·
Votaria em candidato que apoia os jogos de azar, cassinos no país?
·
Votaria em candidato envolvido em escândalos financeiros, em sonegação de
impostos?
·
Votaria em candidatos que apoiam a manutenção de seis dias trabalhados, mesmo
sendo reconhecido que a atual norma padrão 6x1 limita a convivência familiar,
reduz o tempo disponível para estudo e aumenta riscos de adoecimento?
·
Votaria em candidato que responde processos na justiça?
·
Votaria em candidato que defende agrotóxicos proibidos em outros países, que
fazem mal a saúde das pessoas e contamina o meio ambiente?
·
Votaria em candidato que nega a ciência quando ela afirma que a destruição da
natureza causa as mudanças no clima, o aquecimento global?
·
Votaria em candidato que utiliza e manipula a fé para seus objetivos
políticos?
·
Votaria em candidato que ataca a democracia, e conclama militares a tomarem o
poder?
·
Votaria em candidato que propõe comprar seu voto com favores e benefícios?
Os eleitores precisam escolher nomes com
história, com coerência, que respeitam o povo, e não quem o iluda. Devemos
evitar de eleger parlamentares espertalhões que compram ou sequestram votos
para serem eleitos, querem se tornar “políticos” – uma das “profissões” mais
cobiçadas – para enriquecer sem maiores sobressaltos, defendendo seus próprios
interesses e os dos que financiam suas campanhas.
Com o surgimento da Lei 9840/99, conhecida como a
"Lei Contra a Compra de Votos", a Justiça Eleitoral tem um instrumento
contra o crime de uso do poder político e econômico para entrar no Legislativo
e Executivo. Esta lei combate à corrupção eleitoral no Brasil, proibindo
candidatos de doarem bens ou vantagens em troca de votos e o uso indevido da
máquina administrativa (como dar empregos ou brindes), prevendo para os
infratores multa e cassação do registro ou diploma.
Está nas mãos do eleitor elevar o nível ético e da
representatividade do Poder Legislativo de nossos parlamentos, em seus diversos
níveis e eleger pessoas dignas e comprometidas com a construção de um país mais
justo, igualitário e sustentável. Recente pesquisa Datafolha mostrou que de
cada 10 eleitores, 6 não se lembram em quem votou nas últimas eleições. Não
sabem o que o político fez, assim não dá para reclamar do resultado. A culpa é
de quem vota.
Neste ano teremos cinco votos depositados (deputado
estadual, deputado federal, 2 senadores e presidente da República) para o
futuro que desejamos ao país. A escolha que faremos é o espelho da sociedade
que queremos. Essas eleições darão rumos significativos para nossa democracia,
pois desde a Constituição de 1988, as instituições democráticas nunca estiveram
tão ameaçadas.
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