Terça-feira, 9 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Artigo

É preciso discutir sobre o autismo


É preciso discutir sobre o autismo  - Gente de Opinião

Criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), o dia 02 de abril é o Dia Mundial da Conscientização do Autismo. Apesar de não ter cura, é possível conviver com o transtorno e superar os desafios do Autismo durante a vida. Para isso, é fundamental discutir sobre o tema e mostrar para as famílias a importância do diagnóstico precoce e do tratamento correto.

 

Afinal, o que é o Transtorno do Espectro Autista (TEA)? O autismo é uma condição entendida como uma síndrome comportamental que leva a inabilidade, incapacidade ou desinteresse de interação social, problemas para comunicar-se com os outros e comportamentos repetitivos e interesses fora de contexto, todos resultantes de fatores genéticos e ambientais. Ele acontece em diferentes graus: leve, moderado e severo.  

 

Trata-se de um transtorno do neurodesenvolvimento com características que podem ser observadas nos primeiros meses de vida até os dois anos pelos pais ou cuidadores e confirmada por meio de uma consulta a um especialista a fim de permitir um diagnóstico precoce.

 

A intensidade é definida a partir do grau de autonomia, dos atrasos de problemas de linguagem e da incapacidade de se integrar e conduzir atividades sociais no dia a dia. Geralmente, apresentam problemas na interação, na comunicação e no comportamento em todos os ambientes que frequentam. Entretanto, mesmo diante de todas as dificuldades, é possível ajudar o filho a superar os desafios do TEA e conviver com o transtorno em família, com amigos e na escola.

 

Para isso, é essencial descobrir o autismo o mais cedo possível!  Isso permite que intervenções sistematizadas e intensas sejam realizadas logo nos primeiros meses ou anos. Nesse período, o cérebro está mais permeável e aberto para ser modificado. Dessa forma, é possível reduzir os sintomas, diminuir os atrasos de desenvolvimento e corrigir os desvios de linguagem e de comportamento.  

 

Um dos indícios do autismo em bebês são ausência ou pequeno contato visual, pouca resposta ao chamado da mãe, preferência por querer permanecer no berço com pouco ou nenhum interesse social, ausência de balbucia até os seis meses de vida, hiperfoco nas mãos das pessoas ou em objetos, irritabilidade e choro frequentes. 

 

Na infância ou na juventude, o autista tem uma dificuldade de percepção das formas regulares e naturais do rosto, gerando um incômodo muito grande, uma dificuldade de compreensão e percepção a partir de gestos faciais e corporais. Ocorre que as áreas do cérebro responsáveis pela empatia voltada para o contato visual também são deficitárias. Muitas vezes, esse paciente não sente necessidade de olhar nos olhos. 

 

Na vida adulta mais de 85% dos autistas tem algum problema psiquiátrico associado e/ou outras comorbidades. Tanto a genética quanto a biologia feminina são fatores de proteção para o desenvolvimento do autismo e, muitas vezes, é mais fácil de ser mascarado, pois se misturam ao perfil mais afetuoso das meninas.  

 

O tratamento é multidisciplinar. Muitas vezes, é necessário o acompanhamento pelo neurologista infantil, psicólogo, fonoaudiólogo, entre outros profissionais. As terapias são muito importantes para que, ao longo dos anos, a sociabilização e a comunicação aconteçam da melhor forma possível. 

 

É essencial que profissionais das áreas da saúde e da educação busquem mais conhecimento e compreendam melhor todo o transtorno para tentar amenizar as dificuldades provocadas pelo TEA. Assim, conseguiremos tratar essa condição de maneira mais adequada e responsável. Quanto mais informações sobre a condição as pessoas tiverem, menor será o preconceito e mais fácil sua identificação. 

 

(*) Dr. Clay Brites é pediatra, neurologista infantil e um dos fundadores do Instituto NeuroSaber. 

Gente de OpiniãoTerça-feira, 9 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Conteúdos aprofundados e úteis ao leitor ganham força como motores de menções naturais

Conteúdos aprofundados e úteis ao leitor ganham força como motores de menções naturais

A disputa por visibilidade digital segue estimulando empresas, especialistas e produtores de conteúdo a buscarem formas mais consistentes de ampliar

Os arautos do mercado no setor elétrico brasileiro

Os arautos do mercado no setor elétrico brasileiro

“ Vem, vamos embora, que esperar não é saber. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”"Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores", música de Geraldo

Como estimular a leitura na era da Inteligência Artificial

Como estimular a leitura na era da Inteligência Artificial

Formar novos leitores é uma tarefa cheia de desafios. Esse tema se torna mais difícil por conta das transformações tecnológicas em que o acesso à in

O setor educacional sob ataque: proteger dados é proteger o futuro da educação

O setor educacional sob ataque: proteger dados é proteger o futuro da educação

A recente informação de que um hacker invadiu 11 instituições de ensino superior brasileiras trouxe à tona uma realidade que há tempos se desenha em

Gente de Opinião Terça-feira, 9 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)