Quarta-feira, 16 de abril de 2025 - 14h30
Ao longo de minha trajetória profissional, tive a oportunidade de vivenciar de perto diferentes culturas organizacionais. Algumas empresas exalavam um espírito de colaboração, onde as pessoas se sentiam motivadas e realizadas. E também já vi ambientes que, infelizmente, pareciam sugar a energia dos colaboradores.
Nessa experiência, uma questão sempre me intrigou: qual é o limite entre uma cultura tóxica, uma cultura forte e uma cultura forte positiva?
Para começar, precisamos entender o que é uma cultura organizacional forte. Em termos práticos, é aquela em que os valores não estão apenas pendurados na parede ou no site institucional – eles são vividos no dia a dia. E há uma profunda coerência entre discurso e prática. Mas, esta cultura também é encontrada em organizações criminosas, ou regimes ditatoriais por exemplo.
Assim, vamos nos apegar à cultura organizacional forte e positiva. Uma cultura
forte e positiva, deixa um legado construtivo para a sociedade, cria, baseia-se
na transparência da comunicação, respeito mútuo, e cultiva um sentimento
genuíno de pertencimento. As pessoas gostam de trabalhar ali porque tem
identidade com o propósito da organização. Porém, uma cultura forte não significa ausência de
desafios. Pelo contrário, eles fazem parte do crescimento profissional e
organizacional. A diferença é que, em um ambiente saudável, os desafios vêm acompanhados de suporte.
As lideranças confiam em suas equipes e investem no desenvolvimento dos profissionais. Os erros não são punidos com humilhações públicas, mas usados como oportunidades de aprendizado. E esse modus operandi acaba criando um ciclo virtuoso: quanto mais a equipe sente que pode (e tem liberdade) para crescer, mais motivada e engajada ela fica.
Agora, o oposto de uma cultura forte e positiva é uma cultura tóxica. E, infelizmente, muitas organizações ainda caem nessa armadilha. Mas o que caracteriza uma cultura tóxica? Para começar, a comunicação é velada e pouco transparente e as relações são baseadas no medo e na dominância. Poder é muito importante. A chefia (não a liderança) comanda no estilo "manda quem pode, obedece quem tem juízo". A criatividade e a iniciativa são sufocadas porque qualquer passo fora da linha pode ser punido. Nesse cenário, o ambiente de trabalho se torna pesado e as pessoas acabam tendo um enorme custo emocional, sempre pisando em ovos. Com um mínimo de consciência, na primeira oportunidade, pedem demissão.
O grande desafio, então, é saber onde está o limite entre exigir resultados e
construir uma cultura organizacional saudável. Numa cultura forte, há metas
claras e cobrança por resultados, mas dificilmente valores velados, “vale
tudo”e relações profundamente desrespeitosas.
Atualmente, a busca de equilíbrio é a palavra-chave. Empresas com culturas fortes reconhecem que os profissionais são adultos capacitados e responsáveis, capazes de lidar com desafios e entregar resultados. Mas essas mesmas organizações também sabem que, para alcançar a alta performance, é preciso criar um ambiente onde as pessoas são reconhecidas como fundamentais e que possuem e precisam cultivar coisas importantes que vão além do trabalho, como família, hobbies, esportes. Isso não acontece à base de pressão e microgestão e sequestrando todas as horas do dia para desafios da empresa. Mas com clareza, autonomia e reconhecimento de necessidades humanas.
Criar um ambiente de alta performance sem escorregar para o terreno tóxico não é tarefa simples, mas é possível. O limite entre uma cultura forte e uma cultura tóxica pode ser tênue, mas ele existe. E é responsabilidade das lideranças enxergá-lo e trabalhar ativamente para não ultrapassá-lo.
Então, vale refletir: como está a cultura da sua empresa hoje? Você vem
construindo um ambiente forte e saudável ou flerta com o risco da toxicidade? O
caminho para o equilíbrio começa com essa reflexão!
*João
Roncati é diretor da People + Strategy, consultoria de estratégia, planejamento
e desenvolvimento humano. Mais informações em site
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