Emmanoel Gomes
Professor e Históriador
O Real Forte Príncipe da Beira é um monumento que impressiona a todos que o visitam. Foi construído no Governo de Luis de Albuquerque Melo Pereira e Cáceres, o quarto governador da Capitania do Mato Grosso. A obra monumental foi erguida entre os anos de 1776 a 1783. Cáceres recebeu a autorização, para sua construção, do Marquês de Pombal, Sebastião José de Carvalho, primeiro ministro da Corte de Dom José I, Rei de Portugal.
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Vista aérea do Real Forte Príncipe da Beira
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A era pombalina, como ficou conhecido o período em que a corte portuguesa ficou sob o comando do Marquês de Pombal, marcou profundamente a Amazônia, não só pelo fato de se construir o forte no Guaporé, mas, em função de uma série de medidas políticas administrativas aplicadas na região, entre elas, a expulsão dos jesuítas com o objetivo de combater o intenso contrabando de ouro na região, pois, boa parte da riqueza produzida era destinada pelos jesuítas ao vaticano.
Também, a montagem de um rígido sistema fiscal que visava aumentar a receita portuguesa, pois a arrecadação vinha sendo reduzida em função do esgotamento das minas no Brasil, e a criação da Companhia de Comércio do Grão Pará e Maranhão, que seria um instrumento organizador de toda a economia regional.
A construção do forte foi fundamental para garantir as intenções portuguesas na região, fazia parte de um amplo plano de consolidação da política portuguesa no extremo oeste da colônia, a medida possuía o objetivo de acabar com qualquer intenção espanhola de invadir, ocupar ou disputar as terras e as riquezas presentes na margem direita do rio Guaporé.
O Forte é um dos mais antigos monumentos históricos do Estado de Rondônia, o seu primeiro engenheiro, Domingos Sambucet faleceu vítima da malária, foi substituído pelo Capitão Engenheiro Ricardo Franco de Almeida Serra.
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Ricardo Franco de Almeida Serra.
Engenheiro que deu continuidade às obras no forte
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A edificação foi erguida em uma localidade altamente estratégica, de forma a possibilitar a defesa, proteção e segurança da longa fronteira existente entre as terras portuguesas e espanholas.
Seus cinqüenta e quatro canhões colocados no alto de suas muralhas intimidaram os adversários a ponto de não ser necessário o disparo de um único tiro contra o inimigo, pois, sem poder de fogo equivalente, os espanhóis desistiram e não tentaram nenhuma ação contra os portugueses.
Centenas de escravos foram utilizados em sua construção, a maioria era composta por negros, mas também existe o registro do trabalho escravo indígena, trabalharam ainda em sua construção, artífices, que eram trabalhadores especializados vindos dos grandes centros da época.
O Forte foi transformado em presídio e abandonado mais tarde, sendo saqueado por vândalos e invadido pela floresta. No início do século XX, foi encontrado pelo Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon.
O primeiro comandante do Forte foi o Capitão de Dragões José Mello de Souza Castro e Vilhena, oficial português.
Hoje as muralhas do Real Forte Príncipe da Beira resistem ao tempo e ao desprezo, pouco conhecido e visitado, relembra homens de uma época distante e inexistente, onde não existiam impedimentos para heroísmo, coragem e determinação.
Suas pedras, entalhadas uma a uma se tornaram um símbolo, um mito, construído pelo desejo da conquista e ocupação das localidades mais difíceis isoladas e distantes do nosso país.
O Príncipe da Beira, com suas fortes e imponentes muralhas, transmitiu paz, segurança e tranqüilidade aos homens que habitavam uma localidade longínqua e isolada, ameaçados por mitos e mistérios fantásticos. A muralha era mais que uma fortaleza, era uma divindade, reverenciada por todos, ela garantia a existência do dia seguinte para as pessoas que ali se encontravam.
Antigos moradores ainda hoje preservam uma relação quase que espiritual, revelam sentimentos de outrora que somente os mais sensíveis são capazes de entender e respeitar.
Segunda-feira, 2 de dezembro de 2024 | Porto Velho (RO)