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Artigo 'PROFESSOR QUALIFICADO: ESPÉCIE AMEAÇADA DE EXTINÇÃO'


 
Prof. Diogo Tobias Filho

É cada vez mais visível a escassez de bons professores no mercado de trabalho. Em parte dos estados e municípios as escolas só funcionam no improviso, via contratos emergenciais, onde se pega a laço qualquer formado, de zootecnista à advogado, de bioquímico a médico veterinário e quando não tem, usam-se pessoas de nível médio. A função primordial destes profissionais é “tapar buraco” nas salas de aula, o aprendizado é apenas mero detalhe, afinal de contas, eles estão na verdade, fazendo “bico” sem compromisso. O salário ruim serve para complementar a renda, pagar alguma taxa de luz, telefone ou algo afim.

Professor diplomado para atuar na área correspondente a sua formação é uma espécie em extinção. Seus principais predadores são os políticos do país que insistem em pagar esmolas, tratá-los da maneira vil, impor-lhes cargas horárias estafantes, obrigando-os a lecionar em duas, três ou até quatro escolas diferentes para elevar o nível de renda e dar mais dignidade aos seus familiares. Quem tem o hábito de acompanhar na mídia escrita ou televisiva o que vem ocorrendo no Brasil, depara-se frequentemente com situações grotescas no setor educacional a ponto do Governo Federal ter que obrigar na forma da lei os Estados e Municípios pagarem no mínimo 950 reais de piso salarial para os professores, sob pena da estrutura da educação brasileira, que já é periférica no setor público, ruir de vez.

Ao invés de investir um pouco mais na mão-de-obra docente, alguns políticos brasileiros preferem inaugurar ou reformar escolas, pagar cursos inócuos de dois ou três dias em hotéis de luxo, terceirizar serviços de transporte escolar ou fazer negociatas com postos de combustíveis para desviar recursos e fazer caixa dois para fins escusos. Não creio que todo político é assim, entretanto tenho a singular convicção que se prendesse todos que praticam esses atos delituosos, lotaria presídios. Como não há solução para esse problema secular que é o salário do professor, e isso toda a sociedade reconhece, um naco dos cursos de licenciatura está fechando suas portas ou funcionando de forma deficitária, até porque hoje enfrenta a concorrência dos cursos virtuais que são muito ruins e formam profissionais de péssima qualidade.

Em Rondônia não é diferente. A “professorada” do quadro efetivo - como se refere desdenhosamente os “intelectuais” da roça cassolista – não supre mais as necessidades das instituições. Ninguém mais entre os jovens sonha em ser professor. E haja concurso, e haja teste seletivo, mas salário atraente, nada, exceto para cargos comissionados, criados e aumentados indiscriminadamente todos os anos. O número de contratos emergenciais no atual governo é alarmante. E o pior é que o “pangaré da roça” que dirige o Estado não está nem aí para o funcionalismo, muito menos para a escola pública. Nas cidades, funcionários ganham somente o suficiente para se alimentar. Como educador, considero o atual governador, o pior da história depois da redemocratização política do Estado. É o mais cínico, capaz de dar publicidade a mera obrigação de pagar em dia a folha salarial defasada mediante uma arrecadação crescente.

Despreocupado, esse flagelo da Educação discute se renuncia, se espera a cassação, enquanto urde sua candidatura ao Senado ou até vislumbra um terceiro mandato. Deveria ser o inverso. Esse cidadão faria um bem enorme ao povo se abandonasse a vida pública haja vista que a única coisa que o seu governo faz é construir prédio do IDARON, distribuir sementes de feijão e asfaltar estradas onde lhe rende votos. Por isso, quando se divulgar a próxima lista de animais em risco de desaparecer, entre araras, tartarugas, onças e outros, não se esqueçam do mais ilustre dentre os animais racionais, aquele que praticamente fabrica todos os outros profissionais, desde a singela secretária ao mais arrogante juiz de direito, do gari ao médico: sua excelência o professor, em plena extinção predatória, vítima das atrocidades de políticos corruptos no Brasil.

*O autor é professor de filosofia em Ji-Paraná – [email protected] 

 

 

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