Quinta-feira, 31 de março de 2022 - 16h50
Há, enraizado no imaginário
coletivo, a ideia de que o povo tem a força numa democracia, o que não deixa de
ser uma verdade. Em termos práticos, contudo, muitos são os instrumentos que impedem
a participação popular no jogo do poder político.
Ainda tem gente que acredita na
falsa ideia de que o bem-estar de uma população deriva, por exemplo, de algum
tipo de super-herói, alguém com virtudes suficientes para conduzir o povo a um
destino melhor. Pura balela. A maior possibilidade que isso venha a ocorrer
está na forma como a sociedade se conduz diante de seus representantes nos três
níveis de poder.
Estamos prestes a viver mais uma
temporada de campanha eleitoral. Em outubro próximo, os brasileiros comparecerão
às urnas para escolher presidente da República, governador, senador, deputados
estadual e federal. Para alguns políticos, os fins continuam justificando os
meios, simplesmente porque eles acham que todo mundo é idiota. A pessoa passa
praticamente o mandato inteiro descendo o relho no lombo do chefe do executivo,
mas, ao primeiro aceno do inquilino palaciano, manda às favas a ética, que
tanto diz defender, e, sem-cerimônia, cede à tentação. Tudo – garante - em nome da democracia e do
bem-estar do povo. E o pior é que muita gente acredita nesse papo furado,
provavelmente porque não sabe o que se passa nos bastidores. Caso contrário, já
teria dado outra destinação ao seu voto.
No momento em que o povo se
prepara para ser chamado a participar de mais um dever cívico, bom seria que
ele assumisse realmente uma postura conflitante com aqueles que têm
responsabilidade direta com os problemas sociais que ora vemos ocorrer em todos
os setores da vida nacional. Já passou da hora de o povo, na principal condição
de fiador e beneficiário da democracia, passar a escancarar as suas angústias e
seus conflitos sociais, buscando estabelecer, nas urnas, uma postura aguda
nesse sentido. Sem isso, dificilmente conseguiremos nos livrar dos entulhos que
infectam a classe política.
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