Sábado, 1 de novembro de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Mundo - Internacional

Juiz boliviano defende autonomia de indígenas para aplicar regras jurídicas


 
Isabela Vieira
Agência Brasil

Porto Alegre - O pensamento conservador, “colonial” de parte da sociedade boliviana é o principal obstáculo à aplicação da Justiça indígena pelas etnias do país. A avaliação é do juiz Ivan Campelo Villalba, que defendeu ontem (24), em Porto Alegre, durante o 6° Fórum Mundial de Juízes, a autonomia dos indígenas de seu país para aplicação das própria regras jurídicas, desenvolvidas em processos coletivos e resultantes de anos de aplicação.

“A sociedade civil tem alta cultura, um pensamento colonial. São conservadores no pensamento jurídico e isso não permite a aplicação da Justiça indígena. Criticam os índios por não serem advogados ou juízes, principalmente nos veículos de comunicação”, declarou. “Mas os povos indígenas também criticam a Justiça colonial, que é lenta e, às vezes, corrupta”.

Campelo Villalba participou do encontro que antecedeu o Fórum Social Mundial (FSM), que começa hoje (25). Ele destacou que a nova Constituição da Bolívia, que completa um ano em fevereiro, reconhece as regras jurídicas das comunidades como forma de respeitar os sistemas sociais e jurídicos das etnias, conforme recomenda a Declaração das Nações Unidas (ONU) sobre os Direitos do Povos Indígenas, de 2007.

Além disso, explicou, a nova Carta estabelece um sistema de complementaridade, no qual a Justiça tradicional pode ajudar os sistema indígenas, inclusive oferecendo vagas no sistema prisional, quando solicitada. “A Justiça indígena leva em consideração uma opinião coletiva para delegar o castigo com trabalho, o afastamento da vida social e até a prisão. Há comunidades que pedem auxilio do Estado e este lhes oferece até o cárcere para aplicação de suas leis”, lembrou.

Embora os princípios da Justiça indígena sejam baseados em tradições milenares, pacíficas, o juiz destaca que pela influência de outras culturas, principalment, o modelo colonial, etnias têm aplicado punições severas demais, como a pena de morte e castigos físicos.

Para impedir esse tipo de punição, que vai contra o direito à vida e à integridade física previstos na Constituição, Campelo explica que a Justiça tradicional tenta mediar. “A Justiça indígena é marcada pelo respeito à dignidade humana e a todos os direitos fundamentais. Se há excessos, a mesma comunidade aplica sanções. Estamos implementando isso. É um processo bastante longo”.

Segundo Campelo, a Bolívia tem cerca de 32 etnias, das quais 10 têm sistema de Justiça. Com a nova Constituição, que também tem o objetivo de devolver aos indígenas territórios expropriados historicamente, a previsão do juiz é de que os demais povos também desenvolvam ou voltem a aplicar suas normas jurídicas. “Eles têm leis e normas que o Estado tem que respeitar”, concluiu

Gente de OpiniãoSábado, 1 de novembro de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Panettone de Chocolate do Brasil é eleito o segundo melhor do mundo em competição internacional na Itália

Panettone de Chocolate do Brasil é eleito o segundo melhor do mundo em competição internacional na Itália

Liderado pelo padeiro cearense da Cheiro do Pão, Brunno Malheiros, o time Squadra Brasile 2025, composto também por Joze Nilson Diniz (SP), Matheus

Escritora Ana Paula Fanz lança livro na Frankfurter Buchmesse 2025

Escritora Ana Paula Fanz lança livro na Frankfurter Buchmesse 2025

A escritora brasileira Ana Paula Fanz, membro da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil, Coordenadoria Rondônia e Membro Correspondente In

 2ª chamada para Chamada Pública da Missão Internacional EXPOCRUZ & EXPOALIMENTARIA 2025 – Bolívia e Peru

2ª chamada para Chamada Pública da Missão Internacional EXPOCRUZ & EXPOALIMENTARIA 2025 – Bolívia e Peru

O Sebrae em Rondônia abre a 2ª chamada para Chamada Pública nº 001/URPVH/2025 para selecionar pequenos negócios rondonienses interessados em partici

Professor Cléber Maurício de Lima, Coordenador do Curso de Música e Chefe do Departamento de Artes, Realiza Missão Oficial na Bolívia ao Instituto Superior de Formação Artística Bellas Artes

Professor Cléber Maurício de Lima, Coordenador do Curso de Música e Chefe do Departamento de Artes, Realiza Missão Oficial na Bolívia ao Instituto Superior de Formação Artística Bellas Artes

Guayaramerín, Bolívia – O Professor Cléber Maurício de Lima, coordenador do Curso de Música da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), participou d

Gente de Opinião Sábado, 1 de novembro de 2025 | Porto Velho (RO)