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Índios julgam e condenam guerrilheiros das Farc


Leandra Felipe
Agência Brasil/EBC

Bogotá - A Associação dos Cabildos (líderes) Indígenas do Norte de Cauca (Acin), Sudoeste colombiano, condenou a 40 anos de prisão, dois guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) pela morte de um líder indígena da região. Na audiência ocorrida hoje (29), a Acin também condenou os dois guerilheiros ao "tronco" e ao castigo de chicotadas.

De acordo com a associação, os integrantes das Farc Jhon Jairo Mayorca e Sibilido UI foram julgados sob a acusação de ter matado, com 18 tiros, o médico indígena Benancio Taquinas, 49 anos de idade, no dia 18 de abril deste ano. Taquinas atuava na comunidade de o The Wala, tinha sete filhos e era um "guardião do território" - considerado um líder e guia espiritual.

A Acin representa a etnia indígena Nasa, uma das mais populosas da Colômbia. De acordo com a associação, o líder morto havia denunciado ameaças de milícias das Farc ao governo colombiano e a organismos como a Cruz Vermelha do país, em busca de proteção. Segundo a associação, este ano quatro índios foram mortos por grupos armados que atuam na região. Além dos dois condenados, três guerrilheiros foram absolvidos e outro aguarda julgamento.

Em um comunicado, os nasas explicaram que os guerrilheiros foram capturados pela guarda indígena. O julgamento foi feito com base em normas internas da comunidade, observando o "direito próprio". Para aplicar as sanções aos guerrilheiros, os nasas se respaldaram no Convênio 69 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre povos indígenas e tribais em países independentes. O documento diz que os povos indígenas têm direito de conservar seus costumes e instituições próprias, adicionalmente aos direitos reconhecidos para toda a população.

O julgamento começou sábado (27) e terminou na noite de hoje. Além da acusação da morte de Taquinas, a comunidade julgou os guerrilheiros pela morte de mais dois índios: Rafael Mauricio Girón (morto em janeiro) e Salatier Méndez (morto em dezembro).

O porta-voz da associação, Feliciano Valencia, disse que a comunidade está cansada da guerra. "Não queremos mais a presença de nenhum grupo armado que atente contra a nossa comunidade", declarou em uma entrevista à imprensa em Toribio, no sábado.

Não é a primeira vez que os nasas fazem julgamentos em seu território. No ano passado, guerrilheiros que desrespeitaram a norma de cessar-fogo na região de Toribio, imposta pelos indígenas, foram julgados e chicoteados em praça pública.

Dias antes, os indígenas exigiram a saída das tropas do Exército e da guerrilha. Integrantes da guarda indígena chegaram a disparar suas armas na diração de soldados do exército colombiano. Mas o presidente do país, Juan Manuel Santos, conseguiu fechar um acordo com a comunidade. A região de Toribio é considerada zona vermelha de conflito, local de vários combates entre o Exército e a guerrilha.

O representante da Acin, Nestor Cristanchao, explicou à Agência Brasil que o julgamento ocorrido hoje é reconhecido pelo governo colombiano, porque a Constituição do país, de 1991, prevê a autonomia dos povos indígenas, conforme a ratificação do Convênio 69 da OIT.
"Existe um tramite a ser cumprido. Mas o julgamento que aplicamos tem valor para o Estado. Por isso, os guerrilheiros serão entregues ao governo colombiano e encaminhados ao sistema prisional do país", disse.


 

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