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Meio Ambiente

Unir estuda mamíferos da Floresta Amazônica


Pesquisa avalia fauna em área de manejo florestal e encontra espécies difíceis de serem avistadas na região.

Os alunos do curso de biologia da UNIR - Universidade Federal de Rondônia concluíram mais uma etapa do estudo que avalia a população dos mamíferos na floresta amazônica. O trabalho é desenvolvido dentro da maior área de manejo florestal do estado, a fazenda de propriedade da Indústria de Madeiras Manoa, em Cujubim, município a 120 quilômetros de Porto Velho. A área tem 73 mil hectares de floresta natural e é considerada pelo próprio IBAMA como um exemplo de utilização dos recursos da floresta com baixo impacto ambiental.

A coordenadora da pesquisa, professora do departamento de biologia da UNIR, Mariluce Messias, explica que o objetivo é inventariar e estimar a densidade populacional da mastofauna terrestre da fazenda, ou seja, fazer o levantamento dos pequenos e grandes mamíferos que habitam a região.

 A comprovação de que é possível fazer uso econômico dos recursos da floresta sem provocar danos ao meio-ambiente é uma das conclusões da pesquisa. "Depois de mais de 300 km de esforço amostral, percebe-se que o impacto é mínimo para a maioria das espécies" – afirma a professora. "Por exemplo, a área recém-explorada, onde houve extração seletiva de madeira há dois anos, apresentou maior riqueza de espécies que a área controle". Mariluce Messias explica que, em trabalhos científicos, a área controle é a região em que não há a  interferência do tratamento analisado, neste caso, é uma área da própria fazenda em que não acontece a extração de madeira.

"Nós partimos da hipótese de que a área explorada mais recentemente apresentasse riqueza e abundância relativamente menor que a região que foi explorada há mais tempo - 8 anos. Imaginamos também que esta última fosse menos rica que a área controle"- relata ela. Mas não foi isso o que os dados mostraram. A área de onde houve a retirada da madeira há menos tempo apresentou um número de espécies maior que as outras duas áreas avaliadas. "De certa forma, Isso mostra que o manejo de baixo impacto, bem planejamento e executado com todos os cuidados para se ferir minimamente o ambiente é uma forma viável de desenvolvimento sustentável para a região amazônica" – avalia a professora.

 Os dados para médios e grandes mamíferos foram surpreendentes, já o levantamento dos pequenos animais começou há menos tempo, período insuficiente para se chegar a uma conclusão sobre a situação destas espécies.

Espécies Vulneráveis

Segundo a professora, a metodologia utilizada até aqui é a de transecção linear, que se baseia somente na identificação dos animais por avistamentos. Para ela, algumas espécies registradas merecem destaque, "por sua funçao estruturante na comunidade de vertebrados, por serem predadores de topo e por seu status de conservaçao (todas espécies vulneráveis à extinção), tais como as espécies de carnívoros pertencentes à família Felidae: a onça parda (Puma  concolor), a onça-pintada (Panthera onca) e a jaguatirica (Leopardus pardalis); além da lontra (Lutra longicaudis), esta pertencente à família dos mustelídeos".

Para a próxima etapa do trabalho há a possibilidade da adoção de novas metodologias, que permitam um monitoramento maior dos animais encontrados e possibilitem um o levantamento mais detalhado. "Estamos negociando com a diretoria de Manoa o apoio para um projeto conjunto com pesquisadores da Pró-Carnívoros, uma ong que faz pesquisa com grandes felinos" – afirma a professora. "A partir desta parceria, vamos trabalhar com rádios colares adequados a cinco espécies de mamíferos, com status de conservação ocorrentes na área: os três felinos citados anteriormente, além do tatu-canastra (Priodontes maximus) e o tamanduá-bandeira (Myirmecophaga trydactyla)".

Cooperação e conservação

A pesquisa desenvolvida pelos alunos da UNIR é fruto de um contrato de cooperação técnica e científica de pesquisa firmado entre a Industria de Madeiras Manoa e a Universidade. O convênio prevê a condução de projetos relacionados às operações do manejo florestal nas áreas de biologia, química, geografia física, humana e turística. Embora o principal objetivo desta pesquisa seja o estudo da fauna na região, o trabalho também  possibilita o treinamento prático dos estudantes em atividades de pesquisa em campo e pode colaborar para o aprimoramento das técnicas utilizadas na extração da madeira, minimizando ainda mais o impacto ambiental do manejo florestal no desenvolvimento destes animais e de todo o meio-ambiente.

O diretor-presidente do Grupo Triângulo, Douglas Granemann, do qual a Manoa faz parte, quer que esta parceria se torne cada vez mais sólida. "Para nós é muito importante esta parceria com a Unir. Nosso objetivo é a manutenção da floresta e de todos os seus recursos para as futuras gerações. E a união com a universidade é fundamental para trazer o embasamento científico ao trabalho que desenvolvemos aqui" – afirma Granemann. "Em conjunto com o IBAMA e a Unir, queremos mostrar que é possível conciliar o desenvolvimento econômico da região Amazônia com a conservação da floresta."

Duas certificações florestais

A Manoa é a primeira empresa do mundo a conquistar dois selos de certificação florestal, um concedido pelo Forest Stewardship Council (FSC), organismo certificador internacional mais aceito no mundo; o outro selo é do Programa Brasileiro de Certificação Florestal (CERFLOR), concedido pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro). A empresa iniciou suas atividades em Rondônia em 1975, investiu em melhorias na comunicação, estradas e energia elétrica, e, hoje gera 120 empregos diretos e mais 250 empregos indiretos no município de Cujubim.

Fonte: Toni Casagrande

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