Terça-feira, 18 de junho de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Meio Ambiente

Projeto da Embrapa Solos pode reduzir dependência externa de nutrientes do Brasil


 
Alana Gandra
Agência Brasil


Rio de Janeiro - Em parceria com empresas do setor privado, a Embrapa Solos está desenvolvendo fertilizantes orgânicos à base de resíduos industriais. Com isso, o Brasil poderá reduzir a importação de nutrientes, que representam atualmente 75% do total de 30 milhões de toneladas consumidas por ano.

Segundo o pesquisador José Carlos Polidoro, um dos coordenadores do projeto, atualmente o país importa 75% dos nutrientes que consome na agricultura, seja em resíduos orgânicos ou minerais, o que corresponde a um total de 22 milhões a 24 milhões de toneladas por ano. Quanto ao potássio, o país importa anualmente 92% do volume consumido. “E a tendência é aumentar.”

A Roda d’Água, de Minas Gerais, foi a primeira empresa privada que procurou a Embrapa, interessada em criar produtos inéditos no mercado de agricultura orgânica, desenvolvendo fertilizantes próprios para a agricultura tropical, para maior aproveitamento dos nutrientes. Polidoro disse que o objetivo da Embrapa Solos é estimula empresas nacionais que já produzem fertilizantes orgânicos por processos não-tecnológicos, baseados na simples compostagem de resíduos orgânicos, oferecendo apoio tecnológico para que seus produtos tenham garantias técnicas mínimas que substituam o produto importado.

Inicialmente, a Embrapa Solos aproveitará resíduos usados pelo grupo Roda d’Água como matéria-prima – resíduos de cervejaria, como bagaço da cevada, fornecido pela Ambev, e do restaurante industrial da montadora de automóveis Fiat, para transformar em fertilizante orgânico. “O que queremos agora é aprimorar esse fertilizante.”

De acordo com Polidoro, o produto atende as exigências para registro no Ministério da Agricultura. “Só que não compete com o fertilizante mineral importado, porque tem teor muito baixo de nutrientes.” Com esse serviço, a Embrapa busca usar sua tecnologia para colocar no mercado um fertilizante em condições de competir com o importado.

Outro aspecto positivo é a proteção do meio ambiente por intermédio do reaproveitamento de resíduos na produção do fertilizante. Para Polidoro, o uso de fertilizantes adequados é um dos fatores necessários para a agricultura orgânica brasileira alcançar alta produtividade com baixo impacto ambiental. "Aí, torna-se uma atividade profissional, que sempre se deve procurar na agricultura.” A terra preta, fertilizante encontrado comumente em supermercados, não é um insumo adequado para sustentar uma agricultura de alto padrão, disse o pesquisador, em entrevista à Agência Brasil.

Oito pesquisadores trabalham no projeto de fertilizantes orgânicos, que usa também resíduos como aparas de grama, carvão, biofortificação e dejetos de cavalos. “Além de ser uma alternativa viável para diminuir a dependência externa de insumos, evita~se o impacto ambiental desses resíduos todos”, afirmou Polidoro.

Ele ressaltou que mesmo os produtos importados têm de ser  bem aproveitados na agricultura: “Não podemos jogar fertilizante fora, nem deixar que resíduos como potássio sejam destinados a lixões e aterros sanitários, ou que fiquem acumulados em pátios de indústrias. Isso tem de se tornar fertilizante.” Para ele, as empresas precisam começar a produzir fertilizante orgânico competitivo a partir de resíduos industriais, com adição de tecnologia. Para a agricultura brasileira, que depende de 75% de fertilizantes importados, trata-se de uma questão de “segurança nacional”, uma vez que o país precisa do agronegócio para manter a balança comercial positiva, disse.

"É um perigo depender tanto de uma importação dessa, porque são poucos os países que exportam nutrientes”. Os principais exportadores de potássio são Rússia, Canadá, China e Estados Unidos. Polidoro informou que o único nutriente para fertilizantes produzido atualmente no Brasil é o fosfato, que equivale a 50% do consumo. Em 1993, o país produzia 100% de fosfato. “Tinha até excedente, que exportávamos para a América Latina. Hoje, importamps metade do fosfato”. Com elevada reserva de fosfato, Marrocos é o principal fornecedor desse mineral ao Brasil.

As empresas interessadas na parceria para produção de fertilizante orgânico tecnológico devem procurar a Rede Nacional de Fertilizantes, recém-aprovada no Sistema Embrapa de Gestão de Projeto. A rede é liderada pela Embrapa Solos e integrada por indústrias em geral, fábricas de fertilizantes, órgãos de fomento e universidades, além de agricultores. Seu foco central é a diminuição da dependência externa de nutrientes do Brasil.

 

Gente de OpiniãoTerça-feira, 18 de junho de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Impactos que a mudança no regime hídrico ocasionou na produção agrícola do Grupo Rovema

Impactos que a mudança no regime hídrico ocasionou na produção agrícola do Grupo Rovema

A mudança no regime hídrico durante a Safra 23/24, influenciada pelas mudanças climáticas do último ano, teve impactos significativos na produção agr

Pesquisadores descobrem novas espécies de abelhas

Pesquisadores descobrem novas espécies de abelhas

Duas novas espécies de abelhas sem ferrão foram descobertas pelo servidor técnico e pesquisador Cristiano Feitosa Ribeiro, do Campus de Presidente M

Prefeitura de Porto Velho alerta para o aumento de queimadas durante o período de estiagem

Prefeitura de Porto Velho alerta para o aumento de queimadas durante o período de estiagem

A prevenção e o combate às queimadas estão sendo intensificados pela Prefeitura de Porto Velho durante o período de estiagem, época de junho a setembr

Projeto de solução inteligente fortalece ferramenta de monitoramento para combate às queimadas

Projeto de solução inteligente fortalece ferramenta de monitoramento para combate às queimadas

Com a finalidade de dar mais celeridade ao combate de incêndios através de informações em tempo hábil, proporcionando uma maior eficiência no combat

Gente de Opinião Terça-feira, 18 de junho de 2024 | Porto Velho (RO)