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Meio Ambiente

LEONARDO BOFF: 'Estamos consumindo mais do que a terra pode repor'


 
Leonardo Boff diz que vai pedir à sociedade formas menos destrutivas de produção

Lúcia Nórcio
Agência Brasil

Foz do Iguaçu (PR) - O teólogo, escritor e membro da Iniciativa Internacional da Carta da Terra, Leonardo Boff, disse que vai pedir às pessoas, grupos e Poder Público que mudem de comportamento, assumam novos valores e se comprometam com formas menos destrutivas de produção e mais responsáveis de consumo. O pedido será feito em conferência que fará amanhã (24) aos cerca de 3.500 participantes do Fórum de Águas das Américas e 5º Encontro Cultivando Água Boa, em Foz do Iguaçu (PR).

Os dois eventos, que começam hoje (23) à noite, vão reunir durante dois dias profissionais ligados à gestão e à política de recursos hídricos de governos, da sociedade civil organizada, de universidades e usuários de água das Américas do Sul,do Norte, Central e do Caribe. Eles vão avaliar o desenvolvimento e o progresso que os países dessas quatro regiões atingiram na última década em termos de políticas de água. Dessa avaliação sairá um diagnóstico que formará um documento a ser apresentado no 5° Fórum Mundial da Água, que será realizado em Istambul (Turquia) em março de 2009.

Leonardo Boff fez um diagnóstico das possíveis causas de crises que assolam a humanidade. “Estamos consumindo mais do que a terra pode repor. Para manter o consumo mundial do jeito que está, precisamos de uma terra e mais um outro terço da terra. Sem mudanças, haverá fome generalizada entre 150 milhões e 200 milhões de emigrados climáticos e teremos 800 milhões de famintos que não aceitam o veredito de morte, e se rebelarão”, advertiu.

O teólogo vai comentar com os participantes dos encontros os resultados de pré-encontros dos atores envolvidos no programa Cultivando Água Boa, realizados nos 29 municípios que circundam a represa de Itaipu. Segundo ele, participaram centenas de educadores ambientais, representantes da sociedade civil, movimentos e setores do Poder Público. “Discutiram, avaliaram o que vem sendo feito e apresentaram soluções para questões socioambientais”, informou.

Foram realizados 19 pré-encontros nos 29 municípios da Bacia Hidrográfica do Paraná 3, envolvendo cerca de 2.500 pessoas. Leoanarod Boff adiantou que em sua palestra vai mostrar a diferença que tem uma região onde pessoas, grupos e Poder Público assumem novos valores e se comprometem com formas menos destrutivas de produção.

Para ele, o petróleo tem dias contados, o carvão durará ainda 300 anos, mas é altamente poluente, todas as energias alternativas do etanol, do sol, das marés, dos ventos, de outras oleaginosas são insuficientes ou pensadas para serem agregadas ao petróleo. “Temos que buscar fontes alternativas e mudar a forma de produção e de consumo. Não temos como escapar disso”.

De acordo com o teólogo, o homem deve produzir conforme os recursos disponíveis no ecossistema local, preservando o capital natural, respeitando os ciclos naturais e distribuindo com mais justiça os resultados e serviços entre toda a população.

“Até agora, tratamos a terra como um baú de recursos a ser explorado e isso é assustador”, disse Boff. Segundo ele, o mundo passa por uma crise ética e espiritual. “Falta cooperação e solidariedade. Domina o interesse individual ou grupal dos grande oligopólios, e o resultado está aí, uma crise econômico-financeira”.

 

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