Terça-feira, 23 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Meio Ambiente

Couro e carne de jacaré precoce



Couro e carne de jacaré precoce
sofrem efeitos da alta bovina

CAMPO GRANDE/MS - A disparada do preço da carne bovina nos últimos 12 meses vem provocando reflexos no valor final de vários alimentos e influenciando também os custos de produção de outros animais. É o caso da criação de jacaré precoce no Pantanal sul-mato-grossense. Como a base alimentar da espécie, em cultivo, é proteína animal (carne bovina), tanto o preço do couro quanto o custo da carne não suportaram um ajuste de quase 100% no valor da arroba do boi em um espaço de um ano e também já estão valendo mais.

De acordo com o médico veterinário e único produtor de jacaré precoce do Brasil, Gerson Bueno Zahdi, só no período entre abril e junho deste ano ficou 30% mais caro produzir couro de jacaré-do-Pantanal precoce, produto extremamente valioso, tanto no mercado interno quanto no externo. “Reduzimos ao limite nossa margem de lucro para tentar manter o mesmo preço do ano passado – R$10,00 o centímetro linear do couro processado, mas isso só é possível hoje para vendas no atacado, ou seja, para encomendas acima de 50 peles”, explicou. Para venda de peças no varejo, o valor final subiu 15% - R$11,50 o centímetro linear.

O couro de jacaré precoce é livre de placas ósseas e 100% aproveitável. “Ele facilita o processo industrial pelas suas características como menor espessura, maior flexibilidade e resistência, o que lhe confere um alto valor agregado, tanto para a indústria quanto para o consumidor final”, garante. Atualmente, o produtor consegue obter mais de 400 peles/mês mas até o final de 2009 Zahdi quer estar colocando no mercado até 1.500 peles/mês.

No caso da carne de jacaré-do-Pantanal precoce – consumida por turistas dentro das fazendas do pecuarista – o custo de produção, só este ano, subiu até 25%. Caso fosse comercializado para o consumidor final o quilo pularia de R$ 40,00 para R$ 50,00 em um raio de até 200 km a partir da região de produção – Pantanal de Miranda/MS.

Zahdi é proprietário das fazendas conjugadas Cacimba de Pedra-Reino Selvagem (226 km de Campo Grande) onde cultiva jacarés precoces, fruto de um trabalho de pesquisa e desenvolvimento genético iniciado há quase 20 anos. Ele estima que – como parte da alimentação dos répteis – utiliza hoje aproximadamente 12 mil quilos de carne bovina/mês. Atualmente conta com um rebanho de 12 mil jacarés, boa parte (precoces) atingindo porte para abate entre 12 e 15 meses de idade. Gerson Zahdi faz a comparação da precocidade de seu rebanho com o desenvolvimento convencional feito no Brasil até então. De acordo com ele, a produção tradicional trabalha com uma idade média de abate em torno de 2,5 anos ou 30 mesesCouro e carne de jacaré precoce - Gente de Opinião

Turismo e gastronomia

O pioneirismo do jacaré precoce trouxe nova fonte de divisas para o pecuarista: o turismo. Além das belezas naturais pantaneiras, quem visita todo o projeto de produção pode interagir com os jacarés (posar para fotos segurando animais), conhecer e manipular as peles curtidas e curadas do animal, ter acesso a material explicativo sobre o cultivo dos répteis, informar-se sobre a viabilidade econômica das peles, e conferir toda atividade produtiva na propriedade. Para aproveitar esta demanda  – sobretudo de turistas europeus – a fazenda investiu, entre 2006 e 2007, em uma estrutura de hospedagem com 12 apartamentos.

A cozinha é um detalhe a parte. Os pratos a base de jacaré são um convite ao deleite gastronômico. Da carne do animal precoce só não vai para o prato a cabeça (utilizada, empalhada, como souvenir). Destaques para as “patinhas de jacaré” e “iscas de jacaré” (excelentes tira-gosto), “jacaré ensopado”, "jacarté ao molho de maracujá", o “filé grelhado e flambado” além do exótico “sashimi de jacaré”.

Fonte: Ariosto Mesquita

Gente de OpiniãoTerça-feira, 23 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

EcoCast: série especial discute os desafios e oportunidades do mercado de carbono no Brasil

EcoCast: série especial discute os desafios e oportunidades do mercado de carbono no Brasil

Você sabe o que são os famosos créditos de carbono? E como eles funcionam, você sabe? Na série especial “Carbono: desafios e oportunidades” recebemos

Inovação e Sustentabilidade em Rondônia: UNIR e Eletrogoes Avançam na Pesquisa Florestal

Inovação e Sustentabilidade em Rondônia: UNIR e Eletrogoes Avançam na Pesquisa Florestal

O Grupo de Pesquisa de Recuperação de Ecossistemas e Produção Florestal, coordenado pelas Dra. Kenia Michele de Quadros e Dra. Karen Janones da Roch

Pesquisa estuda folha da Amazônia para substituição do mercúrio na extração de ouro

Pesquisa estuda folha da Amazônia para substituição do mercúrio na extração de ouro

Pau-de-balsa é uma espécie florestal nativa da Amazônia e já é utilizada de forma artesanal na Colômbia para extração de ouro.Agora, cinco instituiçõ

Ibama define nova prioridade para enfrentar perdas na biodiversidade e a crise climática

Ibama define nova prioridade para enfrentar perdas na biodiversidade e a crise climática

Neste ano em que completa 35 anos, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) comemora o impacto do trabalho

Gente de Opinião Terça-feira, 23 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)