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Gente de Opinião

Dom Moacyr

Mensagem aos médicos de Rondônia


O “Seminário Fraternidade e Saúde Pública”, de iniciativa da Prefeitura Municipal em parceria com a Arquidiocese de Porto Velho e o Regional Noroeste da CNBB, realizado no dia 22 de março, das 8h às 14h, nas dependências do Teatro Municipal Banzeiros, em Porto Velho, foi um importante momento de sensibilização e debate para os profissionais da saúde.
 
Aos médicos de Porto Velho e de todo o Estado de Rondônia, queremos enviar um especial agradecimento pela dedicação àqueles que mais necessitam no momento da doença e do sofrimento. Queremos dirigir um apelo para que humanizem nossos hospitais e deixar, nesta período quaresmal, rumo à Páscoa, uma reflexão do papa João Paulo II aos médicos:
 
A solicitude da Igreja pelos doentes acompanhou sempre a pregação do Evangelho, transformando-se em iniciativas de assistência e de cuidados dos quais beneficiaram grandes multidões que sofrem. Conscientes disto, vós, médicos católicos, estais chamados, como crentes, a testemunhar Cristo através das obras de caridade fraterna e do compromisso pela promoção da paz e da justiça, contribuindo realmente para eliminar os motivos de sofrimento que humilham e entristecem o homem. Depois, enquanto médicos, isto é, como servidores da vida, encontrais no cumprimento da vossa profissão uma ocasião privilegiada para contribuir para a edificação de um mundo que corresponde cada vez mais à dignidade do ser humano. A medicina entendida autenticamente fala a linguagem universal da partilha, pondo-se à escuta de cada homem sem distinção e acolhendo todos para aliviar os sofrimentos de cada um.
 
Não existe um ser humano que não tenha experimentado ou não conheça a doença. Ela pode atingir todos e envolver a pessoa a todos os níveis, do físico ao psicológico. Por conseguinte, a medicina deve esforçar-se por ser interlocutora de cada ser humano enfermo, sem ceder a discriminações, mas indo ao encontro das necessidades de todas as pessoas.

Para concretizar isto, ela não pode prescindir de uma autêntica reflexão sobre a própria natureza do homem, criado por Deus à sua imagem e semelhança. A dignidade do homem encontra o seu fundamento não só no mistério da Criação, mas também no da Redenção, realizada por Jesus Cristo nosso Senhor. E se a origem do homem é por si mesma, fundamento da sua dignidade, também o seu destino o é em igual medida: o homem está chamado a ser "filho no Filho" e templo vivo do Espírito, na perspectiva da vida eterna de comunhão beatificante com Deus.

O homem é centro e vértice de tudo o que existe na terra: nenhum outro ser visível possui a sua mesma dignidade. Como sujeito "consciente e livre", ele nunca pode ser limitado a simples instrumento. A dignidade inviolável da pessoa deve ser hoje mais afirmada com vigor e coerência como nunca! Não podemos falar de seres humanos que já não são pessoas ou que ainda se devem tornar tal: a dignidade pessoal pertence radicalmente a cada ser humano e não é aceitável nem justificável diversidade alguma!


Queridos cultores da medicina, reafirmo diante de vós aqueles princípios éticos que têm as suas raízes no próprio Juramento de Hipócrates: não existem vidas indignas de serem vividas; não existem sofrimentos, mesmo muito dolorosos, que possam justificar a supressão de uma existência; não há razões, por muito nobres que sejam, que tornem aceitável a "criação" de seres humanos destinados a serem usados e destruídos.

Inspire-vos sempre, nas vossas opções, a convicção de que a vida deve ser promovida e defendida desde a sua concepção até ao seu ocaso natural: aquilo que vos fará reconhecer como médicos católicos será precisamente a defesa da dignidade inviolável de cada pessoa humana.

Na vossa obra de salvaguarda e de promoção da saúde, nunca descuideis a dimensão espiritual do homem. Se, procurando curar e aliviar os sofrimentos, tiverdes bem presente o sentido da vida e da morte e a função da dor na vicissitude humana, conseguireis ser autênticos promotores de civilização.

Na nossa sociedade prevalece por vezes uma mentalidade arrogante, que pretende discriminar entre uma vida e outra, esquecendo-se de que a única
resposta verdadeiramente humana perante ao sofrimento do próximo é o amor que se prodigaliza no acompanhamento e na partilha.”

Infelizmente, como em muitas outras atividades humanas, também na medicina o progresso científico, se por um lado representa um instrumento formidável para melhorar as condições de vida e de bem-estar, por outro pode ser também submetido à vontade de subjugar e dominar. A pesquisa científica, estando por sua própria natureza orientada para o bem do homem, corre o risco de perder a sua vocação originária. Nenhum tipo de pesquisa pode ignorar a intangibilidade de cada ser humano: violar esta barreira significa abrir as portas a uma nova forma de barbárie.

Queridos médicos, a visão cristã do serviço ao próximo que sofre não pode deixar de ser vantajoso para o exercício correto de uma profissão que tem tanto relevo social. Também a pesquisa biomédica espera ser vivificada pela inspiração cristã para contribuir cada vez melhor para o verdadeiro bem-estar da humanidade.

Sede orgulhosos, nos hospitais e nos laboratórios, da identidade cristã, que vos caracterizou nestes sessenta anos de serviço aos doentes e de promoção da vida. Sabei reconhecer em cada doente o próprio Cristo, colaborando com quantos estão comprometidos na pastoral dos enfermos. Ao contributo insubstituível da vossa profissionalidade acrescentai o "coração", o único capaz de humanizar as estruturas. Vivificai o serviço com a oração constante a Deus, "amante da vida" (Sb 11, 26), recordando sempre que a oração, em última instância, vem do Altíssimo (cf. Sir 38,1-2).

Confio-vos com afeto à Virgem Santíssima, por vós invocada como Salus Infirmorum et Mater Scientia, para que, sustentando-vos com o seu luminoso exemplo de firmeza na fé e de grandeza na misericórdia, vos proteja na cotidianidade da vossa profissão.


 
Gesto Concreto da Campanha da Fraternidade
 
Gostaria de lembrar a todos que no próximo domingo, 1º de abril de 2012, Domingo de Ramos e início da Semana Santa, vai acontecer a Coleta da Campanha da Fraternidade.
 
A Campanha da Fraternidade se expressa concretamente pela oferta de doações em dinheiro na coleta da solidariedade.
 
É um gesto concreto de fraternidade, partilha e solidariedade, feito em âmbito nacio­nal, em todas as comunidades cristãs, paróquias e dioceses.
 
A Coleta da Solidariedade é parte integrante da Campanha da Fraternidade.
 
As pessoas das comunidades eclesiais são convidadas a or­ganizar o gesto concreto de solidariedade durante o tempo forte da Campanha, que vai do início da Quaresma, na quarta-feira de cinzas, 22 de fevereiro, até o Domingo de Ramos, que antecede à Páscoa.
 
Ao longo de uma história de solidariedade e compromisso com as incontáveis vítimas das inúmeras formas de destruição da vida, a Igreja se reconhece servidora do Deus da vida” (DGAE, n. 66).
 
O gesto fra­terno da oferta tem um caráter de conversão quaresmal, condição para que advenha um novo tempo marcado pelo amor e pela valorização da vida.

Fonte: Arquidiocese de Porto Velho

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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