Terça-feira, 1 de julho de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Leo Ladeia

Politica & Murupi - Criação de novos municípios: porteira aberta para o atraso


Politica & Murupi - Criação de novos municípios: porteira aberta para o atraso - Gente de Opinião

Em novembro de 2019 um denso e interessante estudo econômico saiu da equipe do Ministério da Fazenda para o Congresso. De início convenhamos que o governo Bolsonaro jamais primou por uma convivência política pacífica e que o Ministro Paulo Guedes com seu pensamento cartesiano não tem uma gota de paciência para formar acordos que precisem de negociações com muita conversa. As duas facetas - do chefe e subordinado - levaram o Plano para as cucuias. Guedes visava o macro e as medidas propostas no seu plano de três eixos tratavam de seis pontos que dariam panos pra manga e encaminhariam com pompa a circunstância a vaca até o brejo. Os seis pontos: limites à criação de despesas como os  reajustes e bônus a servidores, revisões de benefícios tributários, como isenção de imposto de renda para doentes graves, a mudança no percentual mínimo de gastos com Saúde e Educação para unificar os percentuais de forma que tanto a União quanto os Estados possam distribuir como quiserem os valores entre áreas de educação e saúde. Ou seja, um Estado poderá gastar, por exemplo, 35% do Orçamento com saúde e 2% com educação, congelamento de concursos públicos e em paralelo a redução de salários e jornadas de servidores, impedir que a União seja fiadora de empréstimos a Estados e municípios, dando aval apenas para empréstimos oferecidos por organismos internacionais e a cereja do bolo seria a extinção de pequenos municípios e explico a seguir essa tentativa lógica e louca do Paulo Guedes para tentar inserir o Brasil no mundo moderno.

A proposta do Pacto Federativo propunha que os municípios com menos de 5.000 habitantes cuja arrecadação própria com impostos não alcançasse 10% de sua receita fossem incorporados pelo município vizinho. Isso deveria ocorrer até 30 de junho de 2023 se o município não conseguisse comprovar a capacidade de arrecadação. Entenda: o município a ser extinto não mais teria prefeito, secretarias, independência administrativa e deixaria de receber repasses próprios de recursos da União uma redução drástica. Ora, de 5.700 municípios com prefeitos, câmaras de vereadores, secretarias, assessores, conselhos, etc, o Brasil cairia para 4.500 e 1200 “centros de gastos públicos” sairiam do mapa. Porém, e tem sempre um porém, por se tratar de uma PEC, precisaria de uma aprovação especial do Congresso nacional e como vimos no filme Tropa de Elite 2, “o sistema é f...da!” e justo aqui a porca torce o rabo ou para quem não gosta de porco, o poste mija no cachorro. No Congresso a PEC seria desidratada, receberia cortes, desidratação, jabutis, barrigas e o famoso “joga para o corte da esquerda” e foi o que aconteceu. A harmonia entre os poderes venceu e o Brasil perdeu o trem da história modernidade. Alguma coisa foi, mas o resto se perdeu em discussões sem sentido e o sistema venceu, mas ficamos conhecendo como  o establishment opera no escuro.

Os salários do judiciário foram para a estratosfera, as isenções - todos perdem e somente os bancos ganham – só avançam e pior, o governo engabela com o fiasco do “desenrola”. A questão previdenciária michou, as contratações de servidores ocorrem com o cabide de emprego via contratação de comissionados, a possibilidade de os estados decidirem como aplicar os recursos carimbados não recebeu do carimbador o carimbo de aprovação. Abriram-se assim as porteiras para passar a boiada e eis que de repente surge, lá no STF, a “supimpa corte” do Poder Judiciário que manda, desmanda e que atualmente no Brasil atua como o Poder Executivo Alternativo ou Executivo nº 2 e Legislativo nº 3, a ideia de se criarem mais municípios e o primeiro seria Sorriso no Mato Grosso, um aglomerado populacional de 7.000 habitantes ou seja, nem 10% da população da zona leste de Porto Velho ou 30% da cidade de Candeias do Jamari e que é bem menor até que Itapuã do Oeste com seus 10 mil e poucos habitantes.

Foi o suficiente para que as cabas rondonienses começassem a bater bumbo pedindo tratamento isonômico para Extrema e Nova California na Ponta de Abunã e Tarilândia. Na sequência podemos esperar as cabas zunindo por Triunfo e mais, além de Rondônia, por todo o Brasil poderão surgir mais 410 municípios. É a farra do petismo.

Não sou contra a criação de novos municípios, mas que tal um olhar com lógica para a cidade de Humaitá que está há 200 km de Porto Velho e sem qualquer ligação com Manaus ou Pimenteiras com suas incríveis 2.156 almas ou mesmo Itapuã do Oeste espremido entre Ariquemes e Candeias do Jamari? Creio que faz sentido. Claro que nada disso vai ocorrer. Lula, PT e a linha estatizante do governo tem como meta a vascularização de benefícios – sangue direto na veia do povão, a manutenção do cabresto eleitoral e a desconstrução da figura popular do Bolsonaro.


2-O ÚLTIMO PINGO

Politica & Murupi - Criação de novos municípios: porteira aberta para o atraso - Gente de Opinião

Dona Eliziane Gama relatora da CPMI do 8 de janeiro mostrou o relatório, uma peça literária produzida com “água de salsicha que não serve pra porcaria nenhuma”, segundo o deputado Nikolas e acho que acrescida de pasta base de manguezal. Considerando sua forma peculiar de tratar o vernáculo, que tal indiciá-la por crime ambiental? Afinal árvores foram abatidas para produzir o papel que ela usou. Foram 1300 folhas para agredir a “fina da flor do lácio”.  

leoladeia@hotmail.com

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoTerça-feira, 1 de julho de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Nuvens negras para a FAB

Nuvens negras para a FAB

A Força Aérea Brasileira que mantem um serviço executivo para os rincões brazukas está com vento de través não no sentido literal, por falta de gran

Trio parada dura de Rondônia

Trio parada dura de Rondônia

Para chegar a Porto Velho faltam voos, os barcos são precários e sobram então as estradas. A BR319 é da Marina e a 364 é do pedágio fake: você paga,

Dez anos de petrolão e... Arquive-se

Dez anos de petrolão e... Arquive-se

Em 27 de abril de 2015 era aberta a CPI do Petrolão e de novo as esperanças apontavam para um ponto fora da curva que nos colocaria noutro patamar d

A fauna exótica prospera em Brasília

A fauna exótica prospera em Brasília

Minha paranoia sempre volta quando ouço uma “otoridade” afiando as garras sobre meus direitos, o que ultimamente é a praxe. Quem viveu a ditadura sa

Gente de Opinião Terça-feira, 1 de julho de 2025 | Porto Velho (RO)