Sábado, 9 de janeiro de 2010 - 08h04
A estatal venezuelana Edelca (Eletrificacion Del Caroni), que vende energia elétrica para a Eletronorte, reduzirá 60 megawatts de energia e não 40 como tem sido anunciado. Isso significa que o fornecimento para Boa Vista e cinco municípios do interior, que dependem do Linhão de Guri, cairá de 97 para 37 megawatts.
A Venezuela comunicou o governo brasileiro que faria o racionamento em 17 de dezembro último. Passados 23 dias e às vésperas do primeiro corte, a Eletronorte ainda está à procura de um PIE (Produtor Independente de Energia) para contratar o déficit de 60 megawatts, uma vez que a usina termelétrica de Floresta (UTE) não tem condições de suprir esse déficit, já que tem capacidade de produzir apenas 47 megawatts, ou seja, metade da demanda.
“Estamos em fase de contração [do PI], mediante caráter de urgência. Mas aqui não tem quem forneça energia independente, então terá que ser adquirida em outro estado. Vamos pegar várias empresas, ver qual o melhor preço, com dispensa de licitação e previsão para o mais rápido possível. Isso tem que ser para ‘ontem’”, disse o gerente regional da Eletronorte, Cláudio Alípio Santos Silva, já que não há mais tempo hábil para lançar concorrência pública.
Mesmo com a dispensa de licitação, a entrada em operação do PIE demoraria pelo menos 45 dias, a partir da assinatura do contrato, segundo especialista ouvido pela Folha. A demora decorre da falta de grandes geradores de energia no mercado local. Ou seja, os motores, cuja capacidade prevista é de 1,6 megawatts cada um, devem ser comprados em outros estados brasileiros ou no exterior, para depois serem transportados e instalados em Boa Vista, o que demanda tempo.
O decréscimo no fornecimento está marcado para começar na próxima segunda-feira, 11, quando serão reduzidos os primeiros 20 megawatts. Os outros 20 megawatts serão diminuídos em 11 de fevereiro e o restante em abril.
Com a aquisição de 60 megawatts pelo produtor independente e mais 47 megawatts gerados pela UTE Floresta, a Eletronorte totalizará 107 megawatts - 10 a mais que a demanda - para abastecer os boa-vistenses, por meio da Boa Vista Energia, e os moradores de Cantá, Iracema, Mucajaí, Alto Alegre e Bonfim, abastecidos pela Companhia Energética de Roraima (Cerr) com a energia importada.
Essa energia de 10 megawatts que “sobrará” será empregada em casos de manutenção das três unidades geradoras da usina termelétrica de Floresta.
A previsão do gerente Cláudio Alípio Santos é que esta situação dure até primeiro o semestre, e que com a recomposição da reserva do rio Caroni, na Venezuela, “tudo volte ao normal”, com a estatal assumindo 100% da carga contratada pela Eletronorte.
PLANO – Ontem a Folha publicou reportagem sobre o plano de contigenciamento que a Boa Vista Energia preparou para a capital, em um eventual racionamento de energia. O plano prevê distribuição de energia alternada para cada bairro, com duração de duas horas, e prioridade para o comércio durante o dia. Hospitais, escolas e faculdades são considerados setores essenciais e terão fornecimento garantido 24 horas.
Substituição de energia será sincronizada
Os 60 megawatts da energia de Guri serão substituídos automaticamente por meio de um sistema de “sincronização”. A previsão é que as máquinas da UTE Floresta sejam sincronizadas com o sistema Edelca. Conforme a Eletronorte for injetando na linha de transmissão os 20 megawatts, o sistema Guri vai reduzindo a mesma quantidade até chegar o ponto de ficar menos 20 megawatts lá e mais 20 aqui e assim sucessivamente até chegar ao total de redução. Dessa forma, o consumidor não sentiria a mudança, pois, se tudo funcionar perfeitamente, não haverá interrupção no fornecimento de energia, ainda que momentânea. No caso de uma falha nas máquinas daqui, a Edelca deve dar continuidade ao fornecimento de energia até a correção do problema, garante a Eletronorte.
O país vizinho vive uma crise grave no setor energético. Interrupções de energia são constantes, assim como de telefone e de fornecimento de água. O fenômeno El Niño é apontado como o vilão do colapso, uma vez que a falta de chuvas deixou os reservatórios em nível crítico de água.
O governo venezuelano já determinou cortes no fornecimento de 20% no consumo de energia elétrica por causa da redução dos níveis dos reservatórios de hidrelétricas, classificou o desperdício como ‘delito’, chegou a orientar a população a tomar banho de no máximo três minutos e utilizar lanterna para ir ao banheiro durante a madrugada para economizar energia. Ainda ameaçou cortar o fornecimento de energia daquelas empresas que não economizam.
Fonte: ANDREZZA TRAJANO/Folhaweb
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