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Tapajós gera energia sobre a água


A Eletrobrás está desenvolvendo um novo conceito de usina hidrelétrica com baixo impacto ambiental que promete colocar o Brasil em posição ainda mais privilegiada neste segmento. A proposta inédita, chamada de "usina-plataforma", mescla as atuais tecnologias dos projetos hidrelétricos com a forma de trabalho aplicada nas plataformas de petróleo. "É um conceito técnico que visa mitigar os impactos socioambientais", considera Nivalde de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Gesel da UFRJ).

O novo conceito será aplica-do no Complexo Hidrelétrico do Rio Tapajós, que prevê a instalação de cinco usinas na bacia do rio, no Pará, que devem gerar pouco mais de 10 mil megawatts. "O rio Tapajós tem um aproveitamento hidrelétrico muito bom, mas a região ainda é de mata virgem, de difícil acesso, e a intenção de erguer usinas lá gera forte resistência dos ambientalistas", comenta João Carlos Mello, da consultoria de energia Andrade & Canellas. "Agora, com o conceito de usina-plataforma, os impactos logísticos causados por uma obra deste tamanho não existirão. O projeto prevê a abertura do canteiro de obras em meio à mata e a concentração dos trabalhos apenas naquele local específico", conta Mello.

O fato é que em obras hidrelétricas, sobretudo nos novos projetos, que estimam aproveitamentos em regiões mais distantes, como no rio Madeira (Jirau e Santo Antônio), no Rio Xingu (Belo Monte) ou na bacia do Tapajós, é necessário construir estradas, aeroportos. Os investimentos são necessários para que os equipamentos, material de construção e funcionários cheguem ao local da obra. "E nesse novo conceito isso não será necessário. Os acessos serão feitos por meio de balsas ou helicópteros, da mesma forma como ocorre nas plataforma petrolíferas", detalha Castro, da UFRJ.

Custo mais alto 

A preocupação mundial com o melo ambiente está impulsionando o desenvolvimento de novas tecnologias, a fim de reduzir os impactos à natureza, sem impedir a ascensão econômica, explica Castro.

Ainda de acordo com a proposta, os técnicos vão trabalhar e dormir na plataforma, em turnos semanais ou quinzenais, retornando entremeios à cidade onde moram. "A usina-plataforma também evitará a construção de alojamentos, que aumentam a população do entorno da usina", completa Mello, da Andrade & Canellas.

Os benefícios ambientais que serão acarretados com o novo conceito elaborado pela Eletrobrás, porém, aumentarão o preço de obra das usinas. "Imagino que o complexo todo custe cerca de R$ 50 bilhões", estima Mello. A título de comparação, a usina de Belo Monte, que terá potência de 11 mil megawatts irá custar, segundo estimativa do governo federal, R$ 16 bihões.

Potencial reduzido

O Complexo Hidrelétrico do Rio Tapajós, no estado do Pará, deve ser o próximo projeto de geração hídrica a ser licitado pelo governo federal. A proposta, que prevê a construção de cinco usinas com baixo impacto ambiental, deverá agregar 10.680 megawatts ao Sistema Interligado Nacional (SIN). A Eletrobrás, por meio da sua subsidiária Eletronorte, é a responsável pela elaboração do estudo de viabilidade do rio e prevê que a primeira das cinco usinas do complexo seja licitada em junho de 2010.

Os primeiros estudos de viabilidade hidrelétrica da bacia do rio Tapajós foram realizados pela Eletronorte entre os anos de 1986 e 1991. Em 2004, os estudos foram retomados pela estatal em parceria com a construtora Camargo Corrêa. Na fase mais recente, as empresas constataram um potencial de 14.245 MW, realizável a partir da construção de um conjunto de sete usinas, sendo três no Rio Tapajós e quatro no Rio Jamanxim.

Porém, a forte resistência ambiental a projetos deste tipo reduziu a proposta inicial para a atual, de cinco usinas. São elas: São Luiz do Tapajós e Jatobá, no Rio Tapajós; Cachoeira do Caí, Jamanxim e Cachoeira dos Patos, no rio Jamanxim.

Mesmo com a remontagem do planejamento, visando reduzir os impactos ambientais em maio deste ano, os movimentos contra a construção do complexo já começaram. A população da Bacia do Tapajós divulgou carta aberta declarando-se contrária às obras. No documento, os habitantes locais afirmam ser brasileiros e brasileiras que sofrerão todas as conseqüências desses projetos hidrelétricos. "Não aceitamos e declaramos que somos contrários ao Complexo Hidrelétrico do Tapajós que, além de prejudicar nossa cultura e meio ambiente, não nos trará benefícios, beneficiando apenas o grande capital e empresas nacionais e estrangeiras", escreveram.

Por Roberto Scrivano/Eletronorte

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