Sexta-feira, 17 de julho de 2009 - 13h39
Ouvindo passarinho nas matas da Amazônia o pesquisador Mario Cohn-Haft, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) fez uma descoberta que pode mudar muito o que se conhecia sobre as aves da região. Ele percebeu que pássaros muito parecidos visualmente, considerados da mesma espécie, tinham cantos bem diferentes. Analisando o DNA dos animais, Cohn-Haft chegou à conclusão de que eram espécies distintas. “Em geral, quando há uma diferença de voz, há uma diferença molecular”, afirma.
A descoberta é uma reviravolta na catalogação das espécies amazônicas. Atualmente, há cerca de 1,3 mil pássaros conhecidos na região. Considerando as primeiras pesquisas já realizadas, que chegaram a desmembrar uma só espécie em oito novas, o pesquisador calcula que o número de passarinhos na Amazônia poderá chegar a três mil.
“A previsão é de que mais que dobre o número de espécies sem que nenhuma nova espécie seja descoberta”, afirma, lembrando que os pássaros novos serão identificados a partir de animais já conhecidos.
A nova biodiversidade encontrada por Cohn-Haft está escondida principalmente em pássaros pequenos, que vivem em matas fechadas de terra firme. Para não confiar apenas nos ouvidos na hora de estabelecer a diferença entre os cantos dos animais, o pesquisador usa programas de computador que analisam a melodia emitida pelos bichos.
O cientista prevê que sejam necessários muitos anos para conseguir pesquisar mais de 1,7 mil novos tipos de aves. “O trabalho é caro e lento. Nossa grande preocupação é se o homem vai destruir em um ritmo mais rápido (essas novas espécies) do que estamos descobrindo”, alerta.
Globo Amazônia
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