Quarta-feira, 23 de dezembro de 2009 - 11h20
Em parceria entre Eletrobrás e Eletronorte, empreendimento visa a criar empregos, qualificar pessoas e gerar renda para a população local
Levar conhecimento, qualificação e capacitação para as pessoas que vivem na região do entorno da hidrelétrica de Tucuruí: este é um dos objetivos da implantação de um parque tecnológico na região da usina. Em uma parceria entre a Eletrobrás e a Eletronorte, o empreendimento busca aproveitar a infraestrutura do local por ocasião das obras da hidrelétrica e realizar as edificações necessárias, como laboratórios e a sede do parque.
Embora a implementação do parque tenha sido inciada no ano passado, o projeto remonta ao final de 2001, quando foi realizado um estudo pelo Centro de Gestão de Estudos Estratégicos, do Ministério de Ciência e Tecnologia, para o levantamento de competências em infraestrutura na área de energia na Amazônia e no Nordeste. De acordo com Luís Cláudio Frade, responsável pelo departamento de Gestão Tecnológica da Eletrobrás, uma das conclusões a que se chegou era que a Amazônia não tinha, ou era considerados fracos a infraestrutura e os recursos humanos capacitados na área de energia.
"Descobrimos que não havia pessoal qualificado e capacitado para operar a usina, tínhamos que importar pessoas de Belém, Minas Gerais ou Rio de Janeiro". A partir de um projeto chamado Rede Amazônica de Conhecimento Energético, foram criados cursos de Engenharia Elétrica, Civil e Mecânica em Tucuruí. "Nossa ideia era montar um curso, que começou a funcionar em 2005, e a primeira turma estará formada em 2010", disse. Estes cursos são realizados em um campus da Universidade Federal do Pará, localizado em Tucuruí. A intenção da Eletronorte e Eletrobrás é aproveitar o trabalho dos profissionais formados nas graduações da UFPA.
Em paralelo a essa ação, o Comitê de Integração de Pesquisa e Desenvolvimento da Eletrobrás, que tem representante de todas as empresas do sistema, incorporou Itaipu e assim a companhia conheceu o modelo do parque tecnológico, em Foz do Iguaçu, no Paraná, e decidiu implantar o projeto a partir de janeiro de 2008. Atualmente o parque está operando provisoriamente no centro de treinamento da Eletronorte, em Tucuruí, com diversas atividades.
Segundo Frade, através de um acordo fechado entre a Eletronorte e a Eletrobrás no final de setembro foi criado um comitê gestor para a implantação do parque. "Vamos trazer para dentro do parque tecnológico o centro de treinamento da Eletronorte, os cursos de engenharia, o centro de proteção ambiental e uma ilha de germoplasma", destaca o executivo. No local também funciona um cinema e um centro cultural que já tem atividades como informática e música. "Todas essas ações e instalações fazem parte do parque tecnológico de Tucuruí e já estão abertas à população desde que foi assinado o protocolo". explica.
Governança - Ainda de acordo com o executivo, o que falta ainda para a conclusão do empreendimento é a definição do modelo de governança. "O parque já existe, o que ainda não está definida é a sua figura jurídica, se vai ser uma fundação ou uma organização social. Esse é o nosso maior entrave porque do ponto de vista das instalações físicas seriam necessárias apenas cerca de 30%". A finalização do instrumento jurídico está prevista para o final de 2010. As companhias pretendem também montar um laboratório de turbomáquinas no local. O projeto custa cerca de R$ 3 milhões, dos quais R$ 2 milhões serão provenientes do fundo setorial de energia via Finep e o início da implantação do laboratório deve acontecer a partir de março do próximo ano.
A usina de Tucuruí tem uma série de demandas tecnológicas, ou seja, algum tipo de problema que precisa ser estudado e pesquisado. A maioria destes estudos não é feito em Tucuruí, mas na Universidade de São Paulo, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, na Universidade de Brasília. Entre os objetivos do parque está a realização destes estudos pelos próprios alunos, professores e pesquisadores que trabalham no parque tecnológico. Outra razão para a construção do parque é a lei implementada pela Agência Nacional de Energia Elétrica que obriga as concessionárias a investirem recursos na área de Pesquisa e Desenvolvimento e que parte de recursos da Eletronorte seja direcionado ao parque tecnológico de Tucuruí.
De acordo com Frade, a Eletronorte e a Eletrobrás pretendem montar uma incubadora de empresas e realizar parceria com o Sebrae para criar pequenas empresas no parque através do desenvolvimento de tecnologias criadas pelos alunos. "Daríamos oportunidade para a criação de empregos, novas qualificações de pessoas e geração de renda para a população do entorno da usina, que é o nosso objetivo final. Queremos que as pessoas que estão lá se estabeleçam e, que para ter perspectivas profissionais, não necessitem sair de Tucuruí e ir para outro centro mais desenvolvido", estima.
Fonte: Dayanne Jadjiski, da Agência CanalEnergia, PeD e Tecnologia
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