Terça-feira, 13 de outubro de 2009 - 05h39
Os estudos sobre as qualidades da macaúba foram apresentados pela Embrapa durante na 5ª Feira da Inovação Tecnológica (Inovatec), realizada entre 6 e 9 de outubro, em Belo Horizonte.
BELO HORIZONTE – Mais uma planta brasileira tem potencial para produção de biodiesel e começa a despertar o interesse dos pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Trata-se da macaúba (Acrocomia aculeata), espécie nativa de florestas tropicais, e que aparece de forma espontânea em diversos estados das regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste. Minas Gerais e Goiás são os estados de maior concentração da planta.
Os estudos sobre as qualidades da macaúba foram apresentados pela Embrapa durante na 5ª Feira da Inovação Tecnológica (Inovatec), realizada entre 6 e 9 de outubro, em Belo Horizonte. Muitos visitantes ficam surpresos ao saber que dos coquinhos da macaúba pode-se obter biodiesel de qualidade.
A macaúba é utilizada em Minas Gerais com finalidades alimentares e para produção de óleo e sabão. Mas os pesquisadores da Embrapa estudam como aproveitar de maneira econômica e sustentável os frutos dessa palmeira para a produção de biodiesel e de ração animal.
A Embrapa Agroenergia e a Embrapa Cerrados realizam um levantamento da ocorrência de maciços nativos de macaúba em Goiás e Minas. Os resultados desse estudo podem levar à definição de regiões para instalação de usinas de biodiesel. A investigação é financiada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Uma das razões para o grande interesse que essa palmeira desperta é a elevada produção de óleo, que chega a 5 mil litros/hectare. A extração do óleo é simples, feita por moagem e prensagem dos frutos, explica o pesquisador da Embrapa Agroenergia, Leonardo Bhering. O resíduo da extração, a "torta de macaúba" pode ser usada como fertilizante orgânico ou como ração para bovinos, caprinos e ovinos.
Em curto prazo será aproveitada a matéria-prima dos bosques nativos de macaúba para a produção de biodiesel. Para evitar o rápido esgotamento da fonte energética são estudadas práticas de extrativismo sustentável, com a realização de inventário detalhado na área de abrangência dos maciços, o planejamento da conservação e uso dos recursos genéticos disponíveis, o zoneamento do tipo de atividades permitidas e a definição de normas de uso da área, de acordo com a potencialidade do zoneamento para cada atividade.
Também são realizados estudos para obter sistemas de produção, onde a macaúba será cultivada em plantios racionais. Para isso, enfatiza Bhering estão sendo feitas pesquisas com melhoramento genético, plantio, adubação, espaçamento entre plantas e obtidas as informações necessárias para o estabelecimento de um sistema de produção. Uma vantagem desse tipo de plantação é que podem ser produzidos alimentos (feijão, milho) durante a implantação da cultura e após quatro anos, quando as palmeiras atingirem a altura de 7 a 10 metros e estiverem em produção normal de frutos, pode-se plantar capim para criar gado. É um sistema integrado com bom rendimento, pois o gado se alimenta do capim e dos frutos que, eventualmente, caem das árvores e o esterco produzido pelos animais fertiliza as palmeiras.
Combinação de matérias-primas
A macaúba não deve ser utilizada como única matéria-prima para a alimentação de uma usina de biodiesel, pois o período de colheita dos frutos é de apenas quatro meses. Para que a usina possa funcionar durante todo o ano, será necessário utilizar outras oleaginosas, como soja, girassol, algodão, mamona e também sebo bovino. Cada uma das combinações de matérias-primas exige estudos e pesquisas específicos.
Uma proposta apresentada pela Embrapa é o estabelecimento de Arranjos Produtivos Locais (APLs) que possam atender a necessidade do suprimento contínuo de matérias-primas para a produção de biodiesel e que permitam otimizar o uso das terras e o balanço energético global.
Nesse tipo de APL será vantajosa a formação de associações ou cooperativas de produtores que instalem unidades de esmagamento das matérias-primas. O óleo vegetal extraído será transportado até a usina de biodiesel e as tortas resultantes da extração serão aproveitadas pelos próprios produtores das oleaginosas, tanto para alimentação animal, quanto para utilização como adubo. Com esse esquema, o raio de produção da matéria prima poderá ser ampliado, o que não seria econômico se a matéria prima integral fosse transportada ate à usina de biodiesel e a torta transportada de volta até as regiões produtoras.
Leonardo Bhering diz que a implantação de uma usina de biodiesel requer cuidadoso planejamento, com estudos de localização e de logística do abastecimento, da distribuição do biodiesel e dos sub-produtos. "É muito importante que seja garantida a disponibilidade de matérias primas para que a indústria possa funcionar o ano todo, garantindo a produção plena e custos mais baixos" conclui o pesquisador.
Por Daniela Collares, da agência Amazônia
(Envolverde/Agência Amazônia)
Fonte: Montezuma Cruz - A Agência Amazônia é parceira do Gentedeopinião
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