Sábado, 6 de novembro de 2010 - 15h34
Eduardo Castro, Maputo (Moçambique) - Falando na abertura do All Africa Energy Week, o primeiro ministro de Moçambique, Aires Ali, afirmou que o fluxo de investimentos no setor não tem acompanhado o crescimento das necessidades de consumo da população e das empresas africanas nos últimos 25 anos. De acordo com Ali, a saída é investir na diversificação da matriz energética e no uso de tecnologias de baixo custo. A maior parte do fornecimento do país ainda vem da queima da madeira e do carvão. Na média, as empresas sofrem 17 cortes no fornecimento de luz todos os meses.
Segundo o ministério da energia, Moçambique necessita de quase U$ 1 bilhão por ano para investir no setor, dinheiro que não está disponível no momento. Entre 2005 e 2009 foi gasto só metade disso, cerca de U$ 500 milhões de dólares, na construção de novas linhas de transmissão e na montagem de infraestrutura de geração e distribuição.
Dois projetos de geração de grande escala, a Usina Hidrelétrica de Mphanda Nkuwa e as termelétricas a carvão de Benga e Moatize, e um de recuperação das centrais de Chicamba, Mavuzi e Corrumana, estão sendo executados conforme o previsto, apesar de alguns problemas na obtenção de crédito.
“Mesmo tendo sol, vento, rios, ainda não temos ainda fundos necessários para ter a África completamente eletrificada", lamentou Miquelina Menezes, presidenta do Conselho de Administração do Fundo de Energia de Moçambique (Funae). “Há zonas onde a energia não vai chegar tão brevemente e os moradores não podem simplesmente esperar por ela”.
O Funae apoia financeiramente projetos de produção, distribuição e conservação de energias renováveis e na zona rural. “Estamos no começo, mas já temos muitos projetos e a certeza de que as energias renováveis tem um impacto muito grande”, afirmou. “A chegada da luz muda completamente a forma de viver dessas pessoas, principalmente nas vilas mais afastadas.”
Em Moçambique, somente 14% da população têm acesso à rede principal de distribuição. Cerca de 1,8 milhão de pessoas (pouco menos de 10% da população do país) beneficiam-se de energias renováveis, graças a iniciativas que usam energia solar, pequenas centrais hidrelétricas ou pequenos projetos de geração eólica voltados à irrigação. “Muitos ainda não têm luz em casa, mas já se beneficiam da chegada dela nos núcleos urbanos, nos centros de saúde, nas escolas e na iluminação pública”, explicou Menezes.
Outros projetos já começam a produzir luz a partir de sementes ou plantas. “Sou apologista do biodiesel”, afirmo ela, que não vê problema em usar terras agricultáveis para produzir energia, mesmo em uma região onde a fome ainda é um flagelo. "Aqui há uma regulamentação de quais os produtos que podem ser usados na produção de biocombustíveis. E há espaço suficiente”, assegurou. “Queremos usar o biodiesel para os geradores nos distritos, para justamente baratear o preço da energia usada na agricultura. Também poderemos ter a mistura do biodiesel com os combustíveis fósseis para minimizar os custos de importação e usar nas grandes frotas”, explicou a presidenta da Funae.
A dificuldade de levar luz para todos não está apenas apenas na geração e no transporte. Muitas famílias simplesmente não têm renda suficiente para pagar a ligação da residência com a rede principal e, muito menos, para manter a conta de luz em dia. É o caso de Arnaldo Mabilane, que vive com a mulher Gina e duas filhas gêmeas de três anos de idade no bairro de Mahotas, na periferia da capital moçambicana, Maputo.
Os vizinhos da família Mabilane já têm luz em casa, porque a rede principal chegou ao bairro. “Mas eu ainda não reúno condições para arranjar interruptor, eletricista... e pagar a conta”, lamentou ele, que trabalhava como segurança, mas está desempregado há três meses. Na casa de um único cômodo, divido por uma cortina em quarto e sala, a família tem como diversão um rádio, ligado a uma bateria de carro. O fogareiro é à lenha e a lamparina, a querosene. O óleo, inclusive, é vendido por Arnaldo na vizinhança, uma forma que ele arranjou para sustentar a família desde que perdeu o emprego. No teto, um lustre pende à espera dos fios que um dia, diz Arnaldo, virão. “Hoje está aí para embelezar apenas. Ligar é o próximo passo”.
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