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Eletrobras investe pesado para recuperar distribuidoras




Empresa quer reverter situação de seis distribuidoras até 2014 e já se prepara para revisão tarifária e Smart Grid

Alexandre Canazio, da Agência CanalEnergia


As distribuidoras de energia do grupo Eletrobras estão recebendo um choque de gestão com objetivo de atingir a lucratividade em 2014. Para isso, os indicadores de qualidade do fornecimento, perdas técnicas e comerciais, e inadimplência terão que melhorar substancialmente, paralelamente, a uma forte redução de custos. Para isso, a Eletrobras já fechou um plano de investimentos de R$ 2 bilhões anuais até 2015, totalizando R$ 8 bilhões, que serão injetados nos estados do Acre, Alagoas, Amazonas, Piauí e Rondônia, além de Boa Vista (RR).
 

Segundo Marco Aurélio Madureira da Silva, diretor de Distribuição da Eletrobras, o grupo está trabalhando em quatro aspectos principais: aumento da receita, redução das perdas, melhora da qualidade do fornecimento e redução de custos. Os resultados das ações começam a aparecer de forma tímida nos números da empresa, como na redução do prejuízo consolidado das empresas de R$ 1,5 bilhão para cerca de R$ 900 milhões entre 2010 e 2011. "Esse ano teve alguma coisa na ordem de R$ 900 milhões, que é um resultado ruim, mas mostra uma melhoria. Nem todo esse resultado eu posso ainda dizer que é função de melhoria de resultados operacionais", observou o executivo em entrevista à Agência CanalEnergia, por telefone, do Acre, no ínicio do mês.
 

Madureira reconhece que as empresas tem, pelas características das áreas de concessão, um custo de operação mais alto do que a média das empresas do setor. A maioria das empresas está localizada na Amazônia atendendo a muitas comunidades isoladas. "Começamos um processo de replanejamento das empresas, olhando quanto elas podem gastar e o que elas precisam fazer dentro das características especificas para poder se adequar a esses custos", frisou o executivo, que foi a cada uma das empresas para discutir o orçamento de 2013.
 

Por serem estatais, as empresas têm enfrentado dificuldades para fazer contratações de pessoal e serviços. Madureira lembrou que o processo para contratar o call center unificado já leva dois anos. A central de atendimento faz parte da adaptação da empresa as exigências da resolução 414/2010, que regulação a relação de consumidores e distribuidoras. Uma das exigências é ter atendimento pessoal em todas as sedes de município do país. "A 414 nos trouxe esses desafios dessa adequação. Estamos atendendo, buscando otimizar a forma de efetuar esse atendimento", disse o executivo.
 

A Eletrobras atende 3,5 milhões de unidades consumidoras nos seis estados com uma receita de R$ 5,4 bilhões em 2011. Mas, esse faturamento poderia ter sido maior se não fossem as perdas e a inadimplência. O débito de consumidores com as subsidiárias da Eletrobras chega a R$ 1 bilhão. A área de distribuição está mobilizada para reduzir esse prejuízo renegociando dívidas, ampliando ações de corte e inscrevendo consumidores em empresas de avaliação de crédito. "Cada estado tem característica em relação a inadimplência, mas um dos setores com problemas é o setor público", afirmou Madureira.
 

A empresa desenvolveu uma ação, no Piauí, junto com o Tribunal de Justiça e o Tribunal de Contas do Estado, que resultou em uma grande renegociação das dívidas das prefeituras do estado, com apoio da associação de munícipios. A experiência já foi levada à Alagoas. Em Rondônia, a empresa conseguiu que o estado colocasse em débito automático todas as contas de energia. Mas, a Eletrobras não desistiu dos cortes, considerados a última instância. Madureira lembra que um dos esforços da empresa é contratar pessoal para as ações de fiscalização. "Temos que ter serviço com equipes grandes, já que temos indicadores altos de inadimplência e perdas", ressaltou.
 

Em perdas, Madureira adiantou que nesse início de ano as distribuidoras conseguiram reduzir os indicadores em 1,5 ponto percentual no acumulado de 12 meses. Os indicadores de perdas totais consolidados, em 2011, fecharam 34,28%, com a Eletrobras Amazonas Energia com o maior índice de 41,84%. As empresas estão investindo em blindagem de redes, instalação de medição e de um centro de medição para grandes consumidores, que já existe em Manaus, além da intensificação das inspeções. Somente em Manaus, a empresa contratou 100 equipes e o reforço já se estende a Piauí e Alagoas, onde as ações têm apoio do Minstério Público Estadual.
 

A reestruturação das empresas que têm uma diretoria única centralizada no Rio de Janeiro também já visa os efeitos da revisão tarifária, que virá no ano que vem. Madureira encara o terceiro ciclo, como uma realidade posta, que traz o desafio de buscar a qualidade do serviço com menor custo. "Temos que nos ajustar a essas realidades. Estamos fazendo um processo de análise do impacto nas empresas. Vamos saber que receita vamos ter e o que temos que fazer para nos adequar", afirmou.
 

Além de enfrentar o desafio de trazer as empresas para os padrões atuais do setor elétrico, a Eletrobras também já tem que planejar o futuro do serviço, tendo em vista a chegada das redes inteligentes. Madureira disse que o grupo está avançado em alguns pontos. A Eletrobras Amazonas Energia está implantando um projeto de smart grid em Parintins, que vai envolver todos os consumidores do munícipio, que é uma ilha fluvial. A empresa está instalando os equipamentos de automatização da rede e comprando os medidores eletrônicos.
 

Além disso, a empresa também está testando a geração distribuída, com energia solar, para atendimento das chamadas unidades remotas, aglomerados de poucas unidades consumidoras, inviáveis de serem atendidos pela rede tradicional. Está sendo feita a associação de uma pequena central solar com paineis fotovoltaicos com pré-pagamento, com gerenciamento via satélite da geração centralizado em Manaus.
 

Celg - Mas, a área de distribuição está crescendo de tamanho. A Eletrobras assumiu o controle, recentemente, da Celg-D, tendo agora 51% da distribuidora de Goiás. Madureira explica que empresa não ficará dentro da diretoria de distribuição, tendo, assim, uma administração independente. Porém, o controle será exercido pelo conselho de administração, presidido por Madureira. A diretoria atual da Celg-D será mudada após um processo de seleção feita por uma empresa de headhunter.
 

"Vamos efetuar essa gestão através de orientações e acompanhamento do conselho de administração", reforçou o executivo. O principal objetivo é retomar os investimentos, que devem ficar em torno de R$ 1 bilhão nos próximos cinco anos. A empresa também precisa ficar adimplente com os fundos setoriais para aplicar o reajuste tarifário represado nos últimos anos. A Celg aguarda receber a segunda tranche de um empréstimo de R$ 3,5 bilhões com a Caixa Econômica Federal para regularizar a situação. "A questão é de ajuste entre [Ministério da] Fazenda, [Ministério do] Planejamento e governo do estado", afirmou ele sobre a liberação do financiamento.
 

CEA - Outra empresa que deve vir a fazer parte da área de distribuição é a CEA (AP). Sobre a distribuidora do Amapá, Madureira afirma que ainda não recebeu nenhuma orientação sobre o processo de integração, mas confirmou que os técnicos da Eletrobras está realizando um processo de due diliegence para conhecer a empresa. "Sem dúvida esse tipo de empresa traz algum tipo de problema. A receita é a mesma trabalhar para melhorar a qualidade do serviço, controlar perdas e inadimplência, e reduzir os custos", sublinhou.
 

Apesar dos desafios nas seis empresas atuais e nas que estão vindo, Madureira mostra otimismo com o resultado final: "A equipe toda está confiante que atingirá os objetivos traçados".

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