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Custo da adaptação ao clima chega a US$ 100 bilhões



Este é o volume de recursos financeiros que pode ser necessário para os países em desenvolvimento se prepararem para enfrentar as mudanças climáticas que virão com os termômetros subindo dois graus Celsius, segundo o Banco Mundial.

Em menos de um ano, muitos moradores da região do Vale do Itajaí, em Santa Catarina, tiveram que deixar suas casas novamente por causa do excesso de chuva. Outras, na Grande Florianópolis, perderam colheitas inteiras por causa da chuva de granizo do último final de semana. E, algumas semanas atrás, um tornado varreu algumas cidades do oeste de forma inesperada.

Mesmo que países ricos e pobres concordem em controlar suas emissões de gases do efeito estufa, apontado como a causa do aquecimento global, as temperaturas inevitavelmente irão subir e fenômenos como estes já enfrentados pelos catarinenses devem passar a fazer parte da rotina de muitas pessoas.

Por esta razão, a adaptação às mudanças climáticas, em especial nos países em desenvolvimento, é um dos eixos norteadores das discussões em torno de um novo acordo internacional do clima, previsto para ser alcançado em dezembro, em Copenhague. Porém quanto isto irá custar?

Segundo o Banco Mundial, a conta será salgada. Anualmente, serão necessários de US$ 75 bilhões a US$ 100 bilhões entre 2010 e 2050 para ajudar os países em desenvolvimento a enfrentar o problema. Esta é a maior estimativa média já divulgada para a adaptação, com levantamentos anteriores variando e US$ 4 bilhões a US$ 109 bilhões.

Os números estão no rascunho dos primeiros resultados do estudo “A Economia da Adaptação as Mudanças Climáticas”, divulgado nesta quarta-feira (30) em Bancoc, onde está sendo realizada a penúltima rodada de negociações antes da Conferência do Clima de Copenhague.

O Banco Mundial chegou a estes valores ao comparar o mundo futuro sem e com as mudanças climáticas, considerando o crescimento dos países e uma elevação de 2º C nos termômetros. Como os modelos de previsão não divergem muito na projeção de aumento de temperaturas em 2050, o estudo utilizou dois cenários extremos baseados na precipitação, que varia substancialmente nas diferentes projeções. Foram propostos dois cenários para um futuro com mudanças climáticas: um baseado nos extremos de seca e outro, nos extremos de chuva. Eventos catastróficos, contudo, foram deixados de fora.

Os custos de adaptação foram estimados para os maiores setores econômicos - infraestrutura, zonas costeiras, suprimento de água e gerenciamento de enchentes, agricultura, pesca, saúde humana e serviços florestais e de ecossistemas. Foram considerados também os gastos com mudanças na freqüência de eventos climáticos extremos.

No cenário mais seco, o custo mínimo seria U$ 75 bilhões, já no cenário com mais chuvas, o custo chegaria aos US$ 100 bilhões. Os maiores gastos seriam com o Leste da Ásia e Pacifico, variando de US$ 28 bilhões a US$ 19 bilhões, seguido pela América Latina, que precisaria de US$ 22 bilhões a US$ 16 bilhões. 

Estimativas feitas pelo braço climático das Nações Unidas, a Convenção Quadro das Mudanças Climáticas, em 2007 falavam em custos da ordem de US$ 28 bilhões a US$ 67 bilhões por ano.

O estudo admite que as estimativas envolvem consideráveis incertezas (especialmente do lado científico), porém ressalta que pela primeira vez fornece aos governos um número “cuidadosamente calculado” para terem se embasarem na hora de pensar em ações de adaptação.

Ação imediata

Para o ministro holandês de Cooperação de Desenvolvimento, Bert Koenders, o apoio financeiro público internacional para adaptação nos países em desenvolvimento mais pobres deve ser novo e adicional, além do que já é repassado em ajuda para atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.

“Neste ponto, os custos ainda podem ser cobertos pela comunidade internacional, a julgar pelo PIB (Produto Interno Bruto) dos países ricos, mas para os países pobres eles são inaceitavelmente altos. Mais do que nunca, mitigação, adaptação e cooperação no desenvolvimento são necessários para reduzir a vulnerabilidade dos mais pobres às mudanças climáticas”.

A Holanda é um dos financiadores da pesquisa, junto com a Suíça e o Reino Unido. “O estudo do Banco Mundial deixa claro que agir em favor da adaptação agora pode resultar em economias futuras e redução de riscos inaceitáveis”, afirmou Koenders.

O Banco Mundial faz ainda um alerta de que os custos podem ser muito maiores se as temperaturas subirem mais do que 2º C, limite proposto por cientistas como seguro para evitar as piores conseqüências das mudanças climáticas.

“A adaptação minimiza os impactos, mas não ataca a causa. Se quisermos evitar viver em um mundo que terá que lidar com a extinção de metade de suas espécies, a inundação de 30% das áreas costeiras e a mal-nutrição, diarréia e doenças cardiorrespiratórias, os países precisam agir imediatamente para reduzir drasticamente as emissões de gases do efeito estufa”, conclui. 

Por Paula Scheidt, CarbonoBrasil 
(Envolverde/CarbonoBrasil)

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