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CPI recebe denúncia sobre inviabilidade técnica de funcionamento das usinas


A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembléia Legislativa de Rondônia sobre denúncias de irregularidades nas obras de construção das hidrelétricas de Santo Antonio e Jirau, no rio Madeira, adiou a divulgação de um relatório preliminar (marcado para a sessão realizada nesta quarta-feira, 9) para a próxima terça-feira (15) porque ainda há muita documentação a examinar, disse o presidente da comissão, deputado Tiziu Jidalias (PP.) 

A sessão desta quarta-feira foi marcada pela leitura e anexação aos documentos da CPI de uma reportagem publicada nop dia 20 de novembro passado pelo site de notícias “NoticiaRo.Com”, de Porto Velho, sobre estudos de viabilidade do funcionamento das usinas e do perigo de, ao invés de evitar, causarem blecautes no Brasil em conseqüência de problemas técnicos no sistema de geração e transmissão de energia. 

A página do site, com a reportagem, foi lida durante a sessão da CPI pelo deputado Valter Araújo (PTB), informando que “a extensão (2 450 quilômetros) prevista para o sistema de transmissão, que escoará a energia gerada pelas hidrelétricas Santo Antônio e Jirau, e a considerada baixa inércia das suas máquinas (turbinas bulbo), imporiam condições que poderiam levar a um blecaute.” 

A matéria, baseada em estudos técnicos e documentos oficiais aos quais teve acesso a pesquisadora Telma Monteiro, de São Paulo, diz que “as características associadas, impedância (relação entre tensão e corrente) de transferência e número de circuitos apontam para uma deficiência na segurança da operação para escoamento da potência plena das usinas do Madeira.” 

O problema mais evidente seria o da “instabilidade transitória” nas máquinas (turbinas bulbo) em Santo Antônio e Jirau, ou seja, perda de sincronismo na primeira oscilação imediata decorrente de distúrbios no sistema. 

A matéria mostra que as próprias empresas Furnas e Odebrecht tinham conhecimento desse perigo muito antes de as obras serem iniciadas: “Eventos simulados (conforme constam nos Estudos de Viabilidade de Santo Antônio e Jirau elaborados por Furnas e Odebrecht, de 2004) sinalizam que, tecnicamente, sob o prisma da estabilidade, um sistema de transmissão para escoamento de plena potência das usinas (planejada para gerarem 6.450 MW), poderia resultar em impedância por transferência excessiva entre os sistemas – isto é, as usinas do Madeira e o sistema interligado estariam demasiado afastados eletricamente quando interligados” – diz a matéria lida pelo deputado Valter. 

“A gravidade e a probabilidade de ocorrência dos eventos que levariam as máquinas geradoras à perda de sincronismo, em função da extensão dos circuitos sujeitos a essas falhas, poderiam inviabilizar a interligação desse porte/distância, pois o sistema dependeria de medidas operativas (atribuição do Operador Nacional do Sistema - ONS) em tempo real, para manter a estabilidade.” 

Outra restrição muito grave – segundo a denúncia - seria relacionada à escolha das máquinas bulbo, que poderiam sofrer mais facilmente o que chamam tecnicamente “perda de sincronismo” e essa chamada “instabilidade transitória” causaria, no sistema de transmissão, uma sobrecarga que requereria a retirada de ação imediata de pelo menos 20 máquinas nas usinas Jirau e Santo Antônio. 

“A provável ocorrência desses eventos precisaria ser analisada com profundidade antes da opção definitiva pelas máquinas bulbo” – observa a pesquisadora citada pelo site. “A transmissão da energia gerada em Santo Antônio e Jirau necessitaria de um monitoramento e uma intervenção muito rápida – em tempo real - para a retirada de defeitos e evitar a perda de sincronismo das máquinas e o blecaute no sistema.” 

O deputado Tiziu Jidalias informou que a autora do resumo das pesquisas, Telma Monteiro, será convidada pela CPI das Hidrelétricas para uma explanação em Porto Velho. Foi ela quem protocolou, como representante da ONG Kanindé, de Porto Velho, denúncia à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) contra os crimes ambientais e as violações de direitos humanos cometidos por Furnas e consorciados nas obras de construção das hidrelétricas de Santo Antonio e Jirau no rio Madeira. 

Fonte: Decom/ALE/Nelson Townes 

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