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CPI das Usinas: Moradores de Abunã clamam por socorro e cobram compensações


 

Dando continuidade às reuniões com a população de Porto Velho e seus distritos, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura indícios de irregularidades nas compensações sócio-ambientais das obras das Usinas do Madeira, esteve na manhã desta sexta-feira (28), reunida com a população do distrito de Abunã e do município de Extrema. O objetivo da reunião foi de ouvir as reivindicações dos moradores destas localidades.

Desde que iniciaram os trabalhos, a CPI já ouviu os moradores de Jacy- Paraná, Mutum-Paraná, produtores rurais, colônia de pescadores de Porto Velho e moradores da Vila de Santo Antônio.

Dentre as reivindicações apresentadas pelos moradores estão: habitação, saneamento básico, educação, conservação do Patrimônio histórico, entre outros.

Estiveram presentes os deputados estaduais Tiziu (PP), que preside a comissão e o deputado estadual Valter Araújo (PTB ), o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais Luís Pires, o representante dos garimpeiros Maique Barbosa, a diretora do Hospital de Extrema Vera Lúcia Quadros, índios da tribo Kaxarari e moradores da região.

O representante dos moradores de Abunã, Lélio, parabenizou o trabalho da comissão e afirmou que o distrito encontra-se em completo abandono. “Em primeiro lugar gostaria de parabenizar essa comissão, em especial o deputado Tiziu pela coragem em comandar essa CPI. Estávamos em busca de alguém assim, com determinação e coragem para nos defender. Estamos cansados de ouvir promessas, pois desde que essa Usina chegou aqui a nossa vida parou e temos a certeza que só vão nos restar os impactos negativos. Quero dizer ainda, que na próxima semana daremos entrada a uma Ação Civil Pública nos Ministérios Públicos Estadual e Federal, afim de buscarmos os nossos direitos, pois queremos uma resposta de imediato”, disse.

Representando a população de Mutum-Paraná, Elivaldo de Brito, conclamou os moradores de Abunã para aderirem à pauta de reivindicações que hoje compreende os distritos de Jacy-Paraná, Mutum-Paraná, União Bandeirantes e Extrema. “Nós precisamos nos unir, não existe pautas separadas e sim uma pauta unificada, porque só com a nossa união teremos força para lutar por nossos direitos”, afirmou.

O representante dos garimpeiros Maique Barbosa, disse que a luta deve ser de todos e afirmou também não pertencer a cooperativas e sim à uma classe, que hoje está desvalorizada. “Eu não pertenço a nenhuma cooperativa, estou aqui defendendo os garimpeiros humildes e sofridos que necessitam de apoio. Trabalhadores que contribuíram para o crescimento desse Estado e hoje são discriminados”, destacou.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais Luís Pires, destacou a seriedade com que a CPI vem atuando desde que foi criada. “Essa é a nossa chance de brigarmos pelas compensações a que temos direito. Mas para que isso aconteça é necessário estarmos unidos. Gostaria de agradecer e parabenizar os deputados dessa CPI que entraram conosco nessa briga”, salientou Pires.

Em seu discurso o líder da tribo Kaxarari, cacique Ary, declarou que os índios de sua aldeia estão dispostos a unir forças com os moradores de Abunã. “Nós estamos aqui para somar forças com vocês. Fui duramente criticado por declarar a minha indignação com as injustiças que estão sendo cometidas com o meu povo. Mas saibam que jamais pensaríamos em fechar a obra de Jirau, caso não fosse necessário. E se for preciso nós vamos fechar sim” , disse.

Em tom de desabafo o cacique Ary Kaxarari, afirmou também que os direitos devem ser de igual pra igual em relação às compensações sociais e ambientais, das duas obras, Jirau e Santo Antônio. “No meu entendimento, não importa se estamos sendo atingidos direta ou indiretamente. A verdade é que estamos sendo afetados. Depois que essas usinas chegaram a nossa vida passou a ser de luta por direitos que são nossos e não importa se é rico ou pobre, branco, negro ou índio, é preciso respeitar”, desabafou.

Finalizando a reunião o deputado estadual Valter Araújo citou alguns dos problemas que a população vem enfrentando. “Para se ter uma idéia dos prejuízos que essas obras têm nos causados vou dar como exemplo a situação de Jacy-Paraná, onde foi feito um levantamento pelo Estado, com o objetivo de se realizarem registros de nascimentos. A cada 50 registros, 48 das mães tinham entre 13 e 16 anos e o mais grave, a maioria não sabe quem é o pai de seus filhos. Outro grave problema é o aumento absurdo da prostituição, famílias estão sendo destruídas. Não dá para aceitar e fazer de conta que isso não está acontecendo”, salientou.

Tiziu, que preside a CPI, garantiu aos moradores de Abunã e Extrema que suas reivindicações serão anexadas ao relatório, o qual deve ser apresentado nos próximos dias. “Doa quem doer essa comissão vai continuar trabalhando. Não atendo a grupos de empresários, o meu compromisso é com o povo desse Estado. E o relatório será apresentado sim, no momento certo. Não vou ceder a pressões seja de quem for. Agora imaginem se o relatório fosse apresentado sem que tivéssemos tomado conhecimento do sofrimento de vocês? Questionou.

Ao término da reunião ficou acertado que os moradores, tanto de Abunã como de Extrema, estarão reunidos na próxima terça-feira (01) para elaborarem toda documentação contendo suas reivindicações, as quais serão incluídas no relatório da CPI.

A reunião aconteceu na seda da Igreja Católica Nossa Senhora Auxiliadora.

Fonte:Neth Fiorentino

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