Terça-feira, 1 de junho de 2010 - 06h15
Cerca de 200 pessoas participaram do Seminário Nacional: Ambiente e Matriz Energética, organizado pelo ANDES-SN, no dia 28 de maio, em Porto Velho (RO). Pela manhã, os presentes fizeram uma análise sociopolítica dos empreendimentos hidrelétricos na Amazônia e discutiram a matriz energética adotada no país. O debate foi precedido de uma palestra com o professor Dorival Gonçalves Júnior, do Departamento de Engenharia da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT.
Durante a tarde, o tema debatido foi o impacto ambiental das centrais hidrelétricas. A discussão também foi precedida de uma palestra, desta vez com o professor Antônio Libério Philomena, da Universidade Federal do Rio Grande – Furg. Participaram dos debates representantes de movimentos populares, sindicais, indígenas e do Ministério Público.
Ao final do evento, os participantes aprovaram um manifesto no qual se colocam favoráveis à luta travada na Amazônia pela preservação do ambiente e dos grupos humanos que vivem harmoniosamente nesta região. No documento, eles repudiam o projeto de exploração que visa transformar a água em mercadoria e os rios em corredores de escoamento de soja e demais produtos provenientes do agronegócio.
Os participantes também realizaram um protesto, no centro de Porto Velho (RO), no qual representantes de diferentes movimentos sociais chamaram à atenção da população para os prejuízos que os projetos de construção de hidrelétricas na Amazônia, como a de Belo Monte, trarão para o meio-ambiente e a biodiversidade.
Carta aberta em apoio às vítimas de hidrelétricas na Amazônia
Nós, reunidos no Seminário Nacional: Ambiente e Matriz Energética, organizado pelo Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN), no dia 28 de maio de 2010, em Porto Velho, Rondônia, apresentamos através desta carta nossa posição em favor da luta travada na região da Amazônia pela preservação do ambiente e dos grupos humanos que vivem harmoniosamente nesta região e de repúdio, ao projeto de exploração que propõe tornar nossos rios corredores de escoamento de soja e toda sorte de produtos do agronegócio e nossas águas em mercadoria.
Propomos uma revisão do modelo de “progresso” adotado pelo Governo Federal, insistente na manutenção de grandes projetos para a Amazônia, como os aproveitamentos de Santo Antônio e Jirau, em Rondônia e a recentemente leiloada usina de Belo Monte, que destruirá boa parte de uma área riquíssima de biodiversidade, patrimônio da humanidade, a Volta Grande do Xingu. Estes projetos vêm acompanhados do discurso da sustentabilidade, que serve de “maquiagem” para adaptações puramente técnicas que objetivam a sustentabilidade do próprio modelo capitalista.
É nosso dever, enquanto ribeirinhos, indígenas, quilombolas, trabalhadores da cidade e do campo e da sociedade civil de uma forma ampla, alertar para o prejuízo sofrido com a adoção destas práticas exploratórias que historicamente fizeram prevalecer às vontades do capital em detrimento da população e que se reveste com a armadura da “sustentabilidade”. Além disso, faz-se necessário chamar a atenção para a atuação do BNDES, que age como financiador destes projetos que massacram nossas formas de vida.
Propomos também que os modelos atuais para o desenvolvimento da Amazônia e do Brasil sejam revistos a fim de atender as necessidades reais das populações que aqui vivem. Que a noção de sustentabilidade passe a apropriar-se conhecimentos tradicionais locais e não seja apenas um mecanismo discursivo para a manutenção do modo de produção capitalista. Que os valores da energia elétrica sejam revistos, pois a privatização de nossos rios não reduziu os valores que somos obrigados a pagar.
Ter clareza de que o ser humano faz também parte do ambiente, e não eleger uma visão fragmentada sobre este fato é essencial para tomarmos uma atitude afirmativa e combativa para dar voz aos movimentos que lutam por uma política energética justa. Pela visibilidade das comunidades locais e por um projeto popular para o Brasil, que atenda aos anseios da população, pautado na participação nos processos de decisão que as atingem.
Desta forma, nos unimos a todas as comunidades, brasileiras e também de fora do nosso país, para manifestarmos nosso repúdio ao modelo econômico que exclui as populações das tomadas de decisão que modificarão irreversivelmente suas vidas. Propomos que unam-se a nós todos aqueles que se mantêm resistentes aos modelos ditados de cima para baixo sem levar em consideração suas formas de vida.
ANDES-SN, ADUNIR, MAB, Inst. Madeira Vivo, CJP- Arquidiocese de Porto Velho, CIMI, Viva Xingu Vivo para Sempre, Movimento de Mulheres do Campo e da Cidade estado do Pará, Faculdade Católica de Rondônia
Fonte: ANDES-SN
Duas unidades de conservação na Amazônia receberão investimentos da Energia Sustentável do Brasil (ESBR), concessionária da Usina Hidrelétrica (UHE)
Teste de autorrestabelecimento é feito com sucesso na UHE Jirau
As Unidades Geradoras (UG) são desligadas para simular um apagão
SPIC - Chinesa tem pressa para comprar hidrelétrica Santo Antônio
As negociações duram mais de um ano, e agora a SPIC corre para concluir a transação antes da posse de Bolsonaro na Presidência
Mais de 940 mil m³ foram dragados do rio Madeira em 2018
O processo consiste em escavar o material que está obstruindo o canal de navegação e bombear o volume a pelo menos 250 m de distância desse canal.A