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Aumento de preço tentado por Queiroz Galvão exigiu posição dura do governo



Aumento de preço tentado por Queiroz Galvão antes do leilão exigiu posição dura do governo
 

O anúncio da saída de algumas empresas do consórcio vencedor da hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA), logo após o leilão no último dia 20, teve uma razão inesperada: o aumento de R$ 1,5 bilhão imposto pela construtora Queiroz Galvão para a execução das obras de engenharia da usina. Fontes do governo revelaram ao Correio que, além de elevar a sua cota, a empresa se mostrou intransigente para negociar uma redução de preços que permitisse ao grupo Norte Energia apresentar uma proposta agressiva para arrematar o empreendimento. Esse foi o estopim que provocou o “racha”, hoje aparentemente superado, entre os vencedores.
 

Segundo um técnico que acompanhou as negociações, enquanto as outras construtoras do consórcio atenderam ao pedido da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), líder do grupo, e diminuíram suas margens de lucro, a Queiroz surpreendeu com o aumento de preços que representou um impacto de mais de 10% sobre o custo total das obras civis, estimadas entre R$ 13 bilhões e R$ 14 bilhões. Mas a Chesf, irredutível, não aceitou a imposição, o que forçou a Queiroz a rever a sua posição no consórcio. Também circularam rumores de que a Jmalucelli, também integrante do Norte Energia, estava deixando o negócio. Mas o presidente do grupo, Joel Malucelli, descartou a hipótese.
 

Um executivo de uma das empresas vencedoras explicou que a Queiroz impôs barreiras para a formação de um lance mais competitivo. “Esse foi o ponto da discórdia. Ela não reconsiderou, enquanto as outras construtoras concordaram em oferecer condições mais favoráveis. Mas a Chesf não entrou na onda e fez o que os advisors (consultores) recomendaram. Baseou-se em seu conhecimento de preço de construção e manteve o lance”, relatou. Depois do episódio, não houve mais clima para a permanência da Queiroz, segundo o empresário. Procurada, a empresa informou que não se pronunciaria sobre assuntos relativos à Belo Monte. Mas foi contundente, contudo, ao negar que tenha elevado o valor das obras em R$ 1,5 bilhão. Em nota, refutou “veementemente tal informação”.
 

Pressão

Um dos assuntos mais debatidos sobre Belo Monte é o custo total da hidrelétrica, que pelas contas do governo ficará em cerca de R$ 19 bilhões. O mercado projeta valores bem maiores, na casa dos R$ 30 bilhões. A resistência do governo à pressão das construtoras para faturar alto nas obras foi também o motivo para a desistência da Odebrecht e da Camargo Corrêa de participar do leilão como investidores, segundo um técnico do governo. “Elas queriam um preço maior, com o risco todo para as estatais. Por isso, Furnas e Eletrosul fizeram um relatório rechaçando a proposta, pois com o custo de R$ 30 bilhões e tarifa de R$ 83 por megawatt/hora (MWh), só as empreiteiras ganhariam”, revela.

 

José Rosenblatt, consultor da PSR, empresa especializada no setor de energia, desmistifica a queda de braço entre governo e mercado. “O consórcio vai avaliar quanto vai custar (a usina). Se os custos forem muito menores, (os investidores) vão ficar com o lucro. Se forem maiores, vão ter que assumir. É o risco do negócio”, reforça. Ele também esclarece questões relacionadas ao verdadeiro custo da energia de Belo Monte, lembrando que o preço de R$ 77,97 por MWh da proposta vencedora refere-se apenas aos consumidores cativos — clientes residenciais que recebem energia direto das distribuidoras. O consórcio também poderá vender parte da energia no mercado livre, onde o preço do MWh pode girar em torno dos R$ 140.
 

“Quem vai pagar a mais são os consumidores livres e autoprodutores, não o consumidor cativo”, enfatizou Rosenblatt. Ao seu ver, considerando-se o preço de R$ 83 por MWh (teto inicial estipulado pleo governo) para o mercado cativo e R$ 140 MWh para o livre, o custo da energia seria de R$ 104 por MWh, sem o pacote de incentivos. “Com os benefícios do BNDES, o custo baixou para R$ 96 por MWh”, calcula. O negócio principal das construtoras é a edificação. Mas, recentemente, elas perceberam que têm competência para planejar toda a obra. É o que explicou, na visão do consultor, tanta disputa por Belo Monte.

Karla Mendes / Correio Braziliense


 

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