Sexta-feira, 26 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Energia e Meio Ambiente - Internacional - Gente de Opinião
Energia e Meio Ambiente - Internacional

Atraso no linhão pode prejudicar venda antecipada de energia das usinas do Madeira


Carolina Medeiros, da Agência CanalEnergia,
de Porto Velho (RO)*, Planejamento e Expansão


 

O atraso na emissão de licenças para o início das obras do linhão do Madeira, que escoará a energia produzida nas hidrelétricas de Santo Antônio (RO, 3.150 MW) e Jirau (RO, 3.450 MW) poderá prejudicar o plano das empresas de vender a energia antecipada no mercado livre. O linhão, que ligará Porto Velho à Araraquara, em São Paulo, obteve a licença prévia neste mês de dezembro, o que inviabiliza sua conclusão no prazo em que a primeira turbina começará a gerar energia, no caso da usina de Santo Antônio, prevista para iniciar a geração em dezembro de 2011.


Segundo Victor Paranhos, presidente da Energia Sustentável do Brasil, responsável pelas obras de Jirau, o atraso impossibilita a empresa de vender grandes blocos de energia para os consumidores livres, localizados principalmente no Sudeste do país. A primeira turbina da hidrelétrica está pevista para entrar em operação em março de 2012, mas o linhão, de acordo com o executivo, só estará pronto no segundo semestre de 2012.


"Nós só estamos fechando contratos de venda de energia a partir de 2013, porque não temos ainda a garantia de quando o linhão começará a operar. Já acertamos com os financiadores de não vender energia em 2012 enquanto não soubermos com certeza a data de entrada em operação da linha", declarou Paranhos. Segundo ele, depois de comissionadas, as turbinas ficarão paradas a espera da conclusão da linha de transmissão. "Sem o linhão eu não consigo entregar a energia. Tenho energia para ser vendida e não posso comercializar", reclamou Paranhos.


Na tentativa de resolver parte do problema, a ESBR já pediu autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica e do Operador Nacional do Sistema Elétrico para fazer o comissionamento das máquinas na subestação de 230 kV que hoje serve o pólo de Jirau. "Com isso, a gente consegue ter, quando o linhão entrar em operação, até 30 turbinas prontas para despacho", explicou o executivo. "As duas primeiras turbinas que ficarem prontas serão comissionadas e depois sairão do sistema, dando lugar ao comissionamento de mais duas, e assim por diante. Assim, a empresa fica com máquinas prontas, mas na prateleira, porque hoje as linhas de transmissão que descem para o Sudeste conseguem transportar, no máximo, a energia de duas máquinas de Santo Antônio ou de Jirau", declarou.


Paranhos disse que apesar do atraso no linhão trazer problemas para a comercialização da energia antecipada, isso não chega a trazer prejuízos para a empresa. "Essa antecipação é muito importante dentro do fluxo de caixa do projeto, mas não quer dizer que o projeto venha a dar prejuízo. Isso porque nós estamos pretendendo colocar máquinas adicionais, que vai gerar uma energia extra. Então, perdemos por um lado, porque não conseguimos comercializar a energia antecipada, mas ganhamos de outro, com a energia adicional", disse.


A Santo Antônio Energia não vê tantos problemas no atraso do linhão, mas também teve que encontrar uma alternativa para fazer o comissionamento das máquinas e, segundo a empresa, garantir a venda antecipada de energia, mesmo sem a conexão. Nelson Caproni, gerente Geral da Obra da Santo Antônio Energia, explicou que a energia antecipada poderá ser escoada através de uma subestação coletora que está sendo construída na região pela Porto Velho Transmissora de Energia. "Nós vamos construir uma linha de 500 kV saindo da usina, com 11 quilômetros de extensão, até essa subestação coletora. Nessa subestação está sendo construído um transformador que transforma a energia de 500 kV para 230 kV e, através da coletora, escoamos a energia para a região do Acre e Rondônia", explicou Caproni, acrescentando que essa região já está interligada ao Sistema Interligado Nacional.


Segundo o engenheiro, essa linha suporta a energia que começará a ser gerada pela primeira casa de força, composta por oito turbinas de 71,6 MW cada. A primeira unidade entrará em operação em dezembro de 2011. Em janeiro de 2012 entrarão mais duas turbinas em operação. Diferentemente de Jirau, a Santo Antônio Energia acredita que o linhão estará pronto em maio de 2012.


A Energia Sustentável do Brasil também está pensando em uma forma de escoar pelo menos parte da sua produção para o Acre e Rondônia. Segundo Paranhos, quando foi feito o estudo para o comissionamento das turbinas na subestação do pólo de Jirau, percebeu-se que existe uma melhora substancial na estabilidade e na qualidade da energia dessas regiões com a entrada dessas máquinas no sistema. "A idéia é deixar a energia produzida por duas turbinas no Acre e em Rondônia, vendendo a energia para clientes livres dessas regiões através da linha Samuel - Rio Branco, que está sendo duplicada", avaliou. Paranhos contou que já pediu à Aneel e ao ONS que duas máquinas da expansão de Jirau fiquem permanentemente ligadas a essa subestação para atender ao Acre e Rondônia.


* A repórter viajou a convite da Energia Sustentável do Brasil
 

Gente de OpiniãoSexta-feira, 26 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Energia Sustentável do Brasil assina termo de compromisso com ICMBio para investimento em unidades de conservação na Amazônia

Energia Sustentável do Brasil assina termo de compromisso com ICMBio para investimento em unidades de conservação na Amazônia

Duas unidades de conservação na Amazônia receberão investimentos da Energia Sustentável do Brasil (ESBR), concessionária da Usina Hidrelétrica (UHE)

Teste de autorrestabelecimento é feito com sucesso na UHE Jirau

Teste de autorrestabelecimento é feito com sucesso na UHE Jirau

As Unidades Geradoras (UG) são desligadas para simular um apagão

SPIC - Chinesa tem pressa para comprar hidrelétrica Santo Antônio

SPIC - Chinesa tem pressa para comprar hidrelétrica Santo Antônio

As negociações duram mais de um ano, e agora a SPIC corre para concluir a transação antes da posse de Bolsonaro na Presidência

Mais de 940 mil m³ foram dragados do rio Madeira em 2018

Mais de 940 mil m³ foram dragados do rio Madeira em 2018

O processo consiste em escavar o material que está obstruindo o canal de navegação e bombear o volume a pelo menos 250 m de distância desse canal.A

Gente de Opinião Sexta-feira, 26 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)