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Alstom já negocia fornecimento para usina de Belo Monte


A compra da área de transmissão da companhia francesa Areva pela Alstom, em janeiro, deixa a fornecedora de equipamentos em posição privilegiada no Brasil. Só para o complexo das usinas do rio Madeira a carteira de negócios da empresa será superior a R$ 3 bilhões, já que ela assume os contratos da Areva fechados com as empresas que vão construir as linhas de transmissão do complexo. E a Alstom já negocia para ser uma das maiores fornecedoras para o consórcio vencedor que vai construir a usina hidrelétrica de Belo Monte. Com o governo, a negociação é para garantir que os chineses não tenham vantagem de alíquota zero de imposto de importação, como aconteceu em Jirau.

O presidente da Alstom no Brasil, Philippe Delleur, diz que hoje negocia com todas as empresas que estruturam consórcios como Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Odebrecht. Delleur afirma que a empresa não teme a concorrência dos chineses da Dongfang, que vão fornecer parte das turbinas para a usina de Jirau. Ele está confiante porque houve uma grande negociação com o governo federal para que os equipamentos importados tenham de pagar 14% de imposto de importação. Os chineses estão isentos desses impostos por uma questão legal que permite alíquota zero em fornecimento de equipamentos para empreendimentos na Amazônia.

De qualquer forma, a grandiosidade do projeto da hidrelétrica de Belo Monte, com 18 turbinas de mais de 600 megawatts (MW), vai exigir novamente um consórcio fornecedor, segundo Delleur. Ele diz que por enquanto a negociação é feita individualmente, e ele nem mesmo tem conhecimento das propostas da Areva, já que a Alstom ainda aguarda a aprovação dos órgãos de concorrência europeus para selar o negócio.

O cuidado em deixar claro que as negociações são individuais talvez seja reflexo do que aconteceu no leilão da usina de Santo Antônio, em que o governo federal teve de intervir por meio dos órgãos de concorrência para evitar uma oferta de fornecimento exclusiva para a Odebrecht, que liderava o consórcio Madeira Energia. Uniram-se à Alstom, no consórcio, a Siemens e a ABB e a própria Areva. Havia um compromisso exclusivo com a Odebrecht que não deixava alternativa para a concorrência.

Em Belo Monte, os mais de 11 mil MW vão necessitar de 18 turbinas com capacidade de gerar mais de 600 MW. No Madeira, o número de turbinas foi muito maior, chegando a 90 unidades, mas com capacidade inferior a 100 MW.

A Alstom também é fornecedora dos equipamentos mecânicos para Santo Antônio e chegou a montar uma fábrica em Porto Velho para atender a usina. É a partir dessa fábrica que pretende fazer o fornecimento também para Belo Monte, por meio de balsas que cortam a Amazônia até o Pará, onde ficará a nova usina.

Delleur destaca ainda que, depois com a aquisição da Areva, a competitividade da empresa será maior pois vai permitir uma solução integrada de geração e transmissão para seus clientes. Além disso, haverá forte redução de custos administrativos deixando a companhia mais eficiente. No Brasil, a expectativa é de que os cerca de 1,5 mil funcionários da Areva sejam absorvidos levando a Alstom no país a um quadro de 5, 5 mil empregados.

O acordo na França foi fechado em janeiro e em faturamento mundial, na área de energia, deve haver um incremento de € 3 bilhões. No total, a Alstom fatura no mundo € 19 bilhões, sendo € 11 bilhões no setor de energia. A parte de distribuição da Areva T&D vai ficar com a Schneider Electric. O negócio todo vai sair por € 4 bilhões.

As negociações exclusivas com a Areva começaram em novembro e para a Alstom é uma retomada dos ativos que possuía em 2003. Delleur conta que na época a companhia passou por dificuldades financeiras depois que comprou a parte de equipamentos para geração de energia da ABB. O governo francês teve de intervir e exigiu a venda de alguns ativos, entre eles a parte de transmissão para a Areva. Agora a empresa retoma a companhia.

Além de unir as atividades das duas empresas e fechar negócio para o leilão de Belo Monte, na área de energia o presidente da Alstom ainda tem a missão de erguer a montadora de aerogeradores na Bahia. Com o sucesso do leilão de energia eólica do governo federal, a empresa decidiu investir R$ 50 milhões em uma montadora e está na fase de negociar terreno com o governo estadual. 

Fonte: Josette Goulart / Jornal Valor Econômico

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