Quarta-feira, 17 de setembro de 2025 - 14h52
Nesta semana, a Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC) aprovou
173 projetos culturais via Lei Rouanet, autorizando a captação de R$ 364,9 milhões
em incentivos fiscais. A notícia merece aplausos, esse montante, somado à
diversidade de iniciativas contempladas, revela que ainda há espaço para a
cultura respirar, se expressar e transformar. Do restauro de patrimônios
históricos às ações em comunidades quilombolas, de festivais a turnês musicais,
passando por hospitais e projetos de memória, a aprovação mostra a vitalidade
de um país que insiste em produzir cultura, mesmo em meio às adversidades. Mas
é preciso que esse aplauso seja contido, porque os números também provocam
reflexões urgentes sobre o que a Lei Rouanet representa, seus limites
estruturais e sua real capacidade de gerar justiça cultural.
Incentivar cultura via renúncia fiscal significa permitir que empresas e
indivíduos destinem parte do que deixariam de pagar em impostos para financiar
arte, memória, lutas sociais e expressão estética. É uma política pública
indireta, que oferece estímulo e reconhecimento, mas que não garante impacto
equitativo nem continuidade. Projetos como a restauração do Theatro Municipal
de São Paulo ou o “Encontro com Palmares”, em comunidades quilombolas, são
exemplos da potência de iniciativas que podem reparar, celebrar e dar voz a
histórias coletivas. No entanto, é inegável que a estrutura da lei ainda privilegia
projetos grandes e articulados, geralmente concentrados em capitais ou regiões
com tradição cultural, enquanto iniciativas periféricas, comunitárias,
indígenas ou quilombolas enfrentam obstáculos quase intransponíveis para captar
recursos, ainda que sejam aprovadas.
A desigualdade é o pano de fundo dessa política: muitos bons projetos
são barrados não por falta de mérito, mas por não atender exigências formais ou
por não ter suporte institucional. A itinerância da CNIC, que já percorreu
cidades como Brasília, Recife e Belém e terá nova edição em Florianópolis, é um
movimento importante de descentralização, mas ainda insuficiente diante da
necessidade de levar cultura ao interior, às periferias e às fronteiras sociais
do país. Aprovar 173 projetos é um passo; garantir que eles tenham
acompanhamento, transparência e continuidade é o verdadeiro desafio.
A Lei Rouanet precisa ser entendida não apenas como mecanismo de
financiamento, mas como ferramenta de escolha coletiva: o que queremos preservar?
Que histórias queremos contar? Quem pode ocupar o espaço público da cultura? A
restauração da Biblioteca Rio-Grandense, por exemplo, após as enchentes,
representa mais do que um ato técnico: é a afirmação de que memória, acervo e
patrimônio importam, mesmo quando estão fora dos holofotes. O mesmo vale para
um musical sobre os Paralamas, para oficinas em hospitais ou para peças
teatrais contemporâneas: não se trata apenas de entretenimento, mas de
educação, emoção e pertencimento.
Celebrar os R$ 364,9 milhões autorizados é justo, porque a cultura ainda
pulsa e encontra meios de existir, mas celebrar não pode significar acomodação.
A Rouanet é poderosa, mas insuficiente se isolada. O Brasil precisa reforçar
vínculos entre cultura, cidadania e políticas públicas estruturais,
descentralizar os incentivos, simplificar processos e apoiar quem não tem voz
nem rede. É necessário investir não apenas no que já tem visibilidade, mas
também no que ainda precisa de espaço para existir.
Cultura não é luxo, é necessidade, e o país merece mais do que
aprovações: merece presença cultural em cada canto, dignidade simbólica para
todos os povos e investimento que tenha memória, voz e futuro.
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