Após estrear nas escolas e às margens do Rio Purus, curta amazônico segue viagem levando reflexão sobre o ciclo da água

Depois de percorrer escolas e ter sua primeira mostra pública às margens do Rio Purus, em Lábrea, cidade que inspirou a obra, “Pela Água, Sempre!” segue agora sua jornada por festivais de cinema Brasil afora, levando consciência e propondo diálogo com crianças, jovens e adultos sobre os impactos da ação humana no ciclo da água e, consequentemente, em toda a vida na Terra.

Mais de 430 pessoas assistiram ao curta em seu ciclo de estreia na cidade, realizado durante a semana do Meio Ambiente. Foram quatro sessões em escolas da rede pública municipal e uma na orla principal da cidade, às margens do rio que inspira e atravessa a narrativa do curta. A produção, feita por uma equipe amazônida e financiada por edital da Lei Paulo Gustavo, se propõe a tratar temas complexos como mudanças climáticas e desmatamento de forma lúdica, sensível e acessível, especialmente para o público infantil, valorizando a cultura e modos de vida amazônida tão marcada pela relação das comunidades com os rios.

Veja o vídeo aqui.

A recepção ao filme nas exibições públicas foi marcada por identificação e sentimento de pertencimento por quem assistiu. Aline Ferreira, que acompanhou a sessão na orla de Lábrea, destacou a importância de falar sobre meio ambiente com as crianças. “É um evento bastante importante, pois ele fala sobre a preservação do meio ambiente, como a gente cuida da natureza, sobre o ciclo da água e numa linguagem bem interativa e de fácil aprendizagem para nossas crianças”, avalia.

Ana Carolina Roque também esteve presente e se emocionou ao ver elementos locais retratados com sensibilidade na animação. “Ver as coisas que tem no filme, que são típicas daqui, que normalmente a gente só vê coisa lá do Sul, do Sudeste. A gente não vê coisa da Amazônia contextualizada, então eu acho isso muito bonito e é uma coisa que eu já vou passar para os meus sobrinhos”, destaca a jovem.

A valorização da cultura e da identidade amazônica também foi o ponto alto para Izabella Cristina Rico. “Achei muito bonito o filme e acho muito importante, como cidadã amazonense, essa valorização da nossa cultura ainda mais”.

Para o co-diretor da animação, Douglas de Magalhães, o ciclo de estreia da obra foi marcante pela ampla presença do público e por cumprir com o objetivo principal de acessibilizar o cinema para a população de Lábrea, promovendo encontros e debates a partir da linguagem audiovisual. “Discutimos vários temas relacionados ao filme, à preservação, à água. Agradeço a presença de todos e agora o filme segue seu caminho por outras regiões levando essa mensagem tão importante”. 

A circulação do filme continuará agora em eventos e mostras culturais pelo país, fortalecendo à produção audiovisual feita na Amazônia e contribuindo para ampliar o debate sobre o papel da floresta, da água e das populações tradicionais na construção de um futuro possível para todas as formas de vida.

Sobre o filme

“Pela água, sempre!” é um curta-metragem em animação sobre as aventuras de uma gota em sua primeira participação no ciclo da água na região amazônica. Sob o ponto de vista de Plu, o espectador poderá experimentar “de dentro” as alegrias e as angústias da personagem central, que vai descobrir sua capacidade de transformar a natureza, apaixonar-se por Solim e, sobretudo, sofrer as terríveis consequências das ações humanas sobre a água.

A animação é fruto do trabalho de uma equipe formada majoritariamente por profissionais e artistas amazônidas, que contribuíram para dar autenticidade e identidade ao projeto, o qual traz cenários inspirados em rios como o Purus, o Solimões e o Negro, além de elementos que fazem referência à cultura, aos modos de vida e ao imagiário dessa região da Amazônia brasileira. A trilha sonora conta ainda com a marcante participação de Dona Onete, um dos maiores nomes da música paraense e símbolo da resistência cultural amazônida.

“Pela Água, Sempre!” foi contemplado pelo Edital nº 01/2023 do estado do Amazonas, Chamamento Público para Ações na Área do Audiovisual, Lei Complementar nº 195/2022 (Lei Paulo Gustavo).

Ficha técnica

Direção e roteiro: Douglas de Magalhães

Direção e produção executiva: Juraci Júnior

Direção de animação: Bruno Fabian

Ilustração de cenários: Malu Menezes

Animação e ilustração: Ana Pepe

Animação e montagem: Marcelo Barros

Criação sonora e musical: Taiara Guedes

Duração: 8 min e 45 seg.

Classificação: livre.

Acessibilidade: legenda descritiva e intérprete de Libras na estreia.