Sábado, 20 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Cultura

Altair dos Santos: Fina Flor do Samba. Ode à cidade e encontro das tribos


 

* Por: Altair Santos (Tatá)

O velho e bom samba sabor Brasil por aqui sempre presente e imprescindível, heterogêneo, tribal e capaz de partilhar a mesa dos seus acordes entre roqueiros e sertanejos, bluzeiros e bossas novistas, poetas e dançarinos para o santo paticumbum de toda sexta que vai até o início da madrugada, quando começa o êxodo, dos até então presentes, noutras direções.

Lírico e simétrico nos versos de si mesmo, o samba, semanalmente faz a chamada bradando que a noite de sexta-feira, em Porto Velho, tem seu início – às 20h - no Mercado Cultural e justo na parte externa onde, durante o dia, o frenesi da nossa pulsante e palpitante cidade porto denuncia o porvir festivo de logo mais. Lá, quando a tarde vai se deitando e o anoitecer levanta, os novos ventos culturais que aqui sopram içam as velas da nau do samba, num embalo irresistível, do tipo me leva que eu vou. E muitos vão. É hora da Fina Flor do Samba: tão fina e tão flor, tão pura e tão samba que nos premia com incursões várias nas combinações que vão pelas linhas de Agepê a Dadá do Areal, de João Donato e Jorge Aragão a João Henrique (Manga Rosa), passando por Benito Di Paula e Bainha, de Elton Medeiros a Bubu Johnson...

Na hora e medida certas, tantans e pandeiros, ganzás, surdos, cavacos, violões e vozes alojam ziriguiduns e breques no peito do povo. O que antes era um tímido evento defronte ao Mercado Cultural, agora se faz ouvir na aconchegante Praça Getúlio Vargas e arrabaldes ressignificando a cidade para os seus e batizando o centro histórico como o epicentro do samba. Valeu a pena a parceria Ernesto Melo, sambista de Porto Velho, Fundação Cultural Iaripuna e o grande público, perseverarem na idéia.

Aos poucos o povo foi ouvindo, conhecendo, gostando, recomendando e admitindo o projeto como um bem promotor de entretenimento e lazer cultural para os muitos que ali se achegam.

Na última sexta-feira, o Ernesto Melo e seus parceiros levaram como convidados especiais da noite o Grupo Kizomba. Não bastasse João Carteiro, Silvio Santos, Macumbinha e Piaba, terem feito um belo desfile pelo samba nosso de cada dia, a turma do Kizomba tendo ainda no time alguns remanescentes da primeira formação (Cristóvão, Mestre Oscar knightz, Neguinho, Zé Áureo e Marcelo Luna), nos tirou a todos pro canto e pra dança e fez uma das mais empolgantes e envolventes apresentações que testemunhamos desde quando os conhecemos. E não hesitamos. Levados em viagem cantamos os refrões, seguramos a mão da cabrocha e ensaiamos uma seqüência de passos. Mais que isso, ali, a cidade exalava harmonia pura ao redor do velho e imbatível samba. Quando se esgotaram as mesas do bar, a opção era os bancos e escadas da praça, o meio fio ou o par de sandálias, como assento confortável pra quem queria prosear e curtir o show.

Os sabiás e uirapurus de Porto Velho, polidos e multifacetados se fazem mágicos e tomam formas. Neste particular, eles se vestiram de pagodeiros de moral pra nos inebriar com o que de bom há muito não ouvíamos. Houve quem dissesse (e não foram poucos) ter sido aquela a melhora sexta-feira lá no Mercado Cultural. Ver e ouvir o Kizomba em noite de inspiração nos propiciou, além do enlevo para nossos olhos, ouvidos e alma de sambista, testemunhar a valia qualitativa dos nossos bons artistas que, quando chamados dizem presente e fazem bonito. Muito bonito.

(*) O autor é músico e Presidente da Fundação Cultural Iaripuna
tatadeportovelho@gmail.com

 

Gente de OpiniãoSábado, 20 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Documentário “Saberes Nambiquaras” é exibido em Vilhena e Pimenteiras do Oeste

Documentário “Saberes Nambiquaras” é exibido em Vilhena e Pimenteiras do Oeste

O curta-metragem documental “Saberes Nambiquaras: Tradição Cultural na Produção da Chicha e Beiju” foi exibido gratuitamente em escolas de Vilhena (

Pontão de Cultura Raízes Amazônicas promove oficina gratuita de artesanato com fibras vegetais em Vilhena

Pontão de Cultura Raízes Amazônicas promove oficina gratuita de artesanato com fibras vegetais em Vilhena

O Pontão de Cultura Raízes Amazônicas: Celebrando a Diversidade Cultural, coordenado pela Associação Cultural, Educação, Meio Ambiente e Desenvolvim

Cantata de Natal reúne alunos e comunidade na Biblioteca Francisco Meirelles

Cantata de Natal reúne alunos e comunidade na Biblioteca Francisco Meirelles

Aos 16 anos, Rafaela Oliveira carrega no violino muito mais que notas musicais. Aluna do CMACE Jorge Andrade há dois anos, ela encontrou na música um

AJEB RO presente no lançamento da Coletânea Vozes Libertas em Minas Gerais

AJEB RO presente no lançamento da Coletânea Vozes Libertas em Minas Gerais

A força da palavra feminina ganhou destaque no recente lançamento da Coletânea Vozes Libertas – As mulheres falam e o mundo escuta, obra coordenada

Gente de Opinião Sábado, 20 de dezembro de 2025 | Porto Velho (RO)