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Gente de Opinião

Vinício Carrilho

Por que tirar Temer? Por Vinício Martinez


 

Penso que não serve mais ao mercado. 

Hoje é forte motivo de retração da economia. 

É um fardo imoral, abalado com a 3a denúncia, quebra de sigilos etc. 

Na linguagem de Anthony Giddens, os sistemas peritos do Poder Político estão arruinados. 

Alguns veem o momento de afirmar candidatos de centro (direita) contra os candidatos outsiders: extrema-direita. 

Mas os tais partidos de centro não tinham ministros? Por isso não decolam nas pesquisas. 

O mercado ainda poderia apostar na extrema-direita; na verdade, faz testes de equilíbrio emocional com Bolsonaro. 

O pêndulo do mercado está entre Alckmin (empacado, sem certeza de 2o turno) e Bolsonaro. 

Em todos os cenários candidatos de esquerda serão bombardeados. 

Ciro Gomes deve ser o próximo da lista. Talvez já esteja mais silencioso, menos estridente nas denúncias. PC do B e PSOL, se ameaçarem, serão tratados como “arruaceiros” pela mídia oficial.

Estaria nas vizinhanças políticas a Lei Antiterror, escalada para os movimentos sociais: MST e MTST, especialmente.

O momento, avalia o mercado, é propício para retornar as privatizações deixadas pelo PSDB de FHC.

Aqui entrariam a previdência (crescendo o sistema financeiro, as Crefisas da vida) e as universidades públicas. Especialmente as federais: um campus da UNB já estaria fechado, por falência múltipla dos seus órgãos administrativos. 

Outros poderiam ver os limites, o fundo do poço, da política econômica neoliberal e neocolonial. Na década de 1990 foi a ortodoxia asfixiante, agora é o PIB congelado e desindustrialização.

Nessa indexação teríamos de analisar ritmo e fluxo da "taxa de lucro" (mais-valia).

A reforma trabalhista e a terceirização total não deveriam alavancar a economia?

Mas o que vimos não foi apenas o crescimento do desemprego e da informalidade e, portanto, o nivelamento para baixo da arrecadação?

Em 2016, vimos essa encolha nos investimentos privados antes do impeachment. 

O mesmo mecanismo de blecaute econômico do Chile pré-Pinochet.

A greve geral chilena, patrocinada pelo grande capital (desabastecimento), foi o nosso 2013-15.

Agora, entretanto, até os rentistas perdem dinheiro. O mercado imobiliário está zerado. Não se compra imóvel a não ser Minha Casa, Minha Vida ou mansões na casa dos milhões. O miolo mediano não faz novos financiamentos. 

O que explicaria a revolta da classe média e a guinada para a extrema-direita.  Essa é a análise clássica da sociologia política dos anos 50-60.

Não sou economista, mas só vejo esta lógica financeira (economia política) como armamento ideológico-jurídico para minar ainda mais o temerário governo brasileiro.

Não por acaso predomina, como hegemônica (Gramsci), a chamada "teoria econômica do direito". Nesse caso, quem me diz isso é um amigo-professor especialista em hermenêutica jurídica. A relação republicana do Estado de Direito pós-moderno é monetarizada, ou seja, aplica-se a lei quando o Estado pode ter lucros.

Na prática, o direito nunca foi tão economicista (pejorativamente) e nem a Política (Ágora) esteve tão judicializada, a ponto de a sociabilidade ser quesito distinto da Polis.

O que é péssimo para a vida pública, para o homem médio em sua vida comum e pior ainda para os "negócios". 

Então, ironicamente, é o mercado quem grita "Fora Temer".
 

Porque, em linguagem simples, o país está falido.

Vinício Carrilho Martinez (Pós-Doutor em Ciência Política)

Professor Associado da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar

Departamento de Educação- Ded/CECH

 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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