Domingo, 11 de fevereiro de 2018 - 14h10
MOMO FICOU CORADO
(v)exame político
Pode-se fazer um exame da Política (maiúscula), o espaço público (a Polis), em que o homem médio em sua vida comum exerce a cidadania, a produção social, a sociabilidade. Porém, também é fácil analisar o vexame por onde passa a política: minúscula, como é a estatura ética da maioria dos políticos profissionais.
Antes que o debate nos traia no pior senso comum – “todos os políticos são iguais” –, porque tanto o crítico quanto o eleitor e o eleito são seres políticos, é preciso dizer que a política só vai melhorar quando a Política tiver melhores cidadãos em sua base. É o mesmo percurso que nos levará do vexame ao exame.
No passado da Polis grega, a Política era reduto masculino; na modernidade atrasada, a política (de homens e de mulheres) reproduz os piores vícios do machismo. Por isso, se houvesse mudança, o salto seria tão significativo que iríamos de um substantivo masculino (vexame) para o exame de um verbo de ação positiva – indiferente a sexo, etnia, profissão, idade ou escolaridade.
A mudança acarretaria um “espírito público” mais elevado: de um substantivo pejorativo (vexame), a um verbo apaixonado (exame). É sabido que ninguém analisa com indiferença, com pensamento irrisório, nem mesmo a conta de água.
Na cidadania, tal mudança corresponderia a deixar a obsolescência da contemplação (comum ao ser poliqueixoso) em favor da ação direta: da democracia formal, desrespeitosa de hoje, para a democracia ativa e construtiva do próprio espaço público. Nesse dia, talvez os políticos sejam mais apreciados do que a festa de carnaval.
Antes que isso ocorra, entretanto, podemos ver um dos traços desse nosso (perturbado) jeitinho de ser na confusão e na incapacidade de separarmos o exame do vexame; por isso, seguimos num hibridismo secular, provocando vexames públicos e exames insignificantes.
Há quem patrocine grandiosos exames do nosso “ser social”, com certeza, mas logo surgem outros a provocar vexames colossais. E isto traz de volta a política do vexame ou dos benefícios privados: o pior dos males de quem não examina a Política.
Esta condição ou característica, no entanto, não é exclusividade da política de troca-troca. Nos dias atuais, sob o fascismo insurgente, o vexame está também na Política, isto é, no espaço público, nas ruas, nas casas, nas escolas, nas mídias oficiais, nas instituições, dentre os empresários, nos cultos que demonizam o homem-político.
A incompreensão do (v)exame nacional é atuante na roça e no chão de fábrica – dentre os que votam em quem compra voto ou paga cerveja – e no mundo jurídico enfeita togas em soberba.
Fala-se hoje, como se fosse o pior escândalo possível, acerca da ajuda paletó doada em dinheiro público especialmente a magistrados que têm uma ou 60 propriedades urbanas.
Claro que afronta a menor e mais pueril lógica escolar: porque, se o sujeito tem casa(s), é óbvio que não precisa de auxílio moradia. Além do mais, a honestidade (Ética) não é prerrogativa apenas da mulher de César.
Mas, o pior viria no carnaval vexatório de São Paulo: a liberação judicial – depois revista – para que desfilasse um bloco de foliões que pregam a volta da tortura. O Judiciário paulista quase aboliu a ONU e a Declaração Universal dos Direitos Humanos, na famosa sentença monocrática. Momo ficou corado.
Se jovens estudantes de direito apreciassem mais as aulas de Ética, de sociologia e até, ou especialmente, dignidade e direitos humanos, o resultado seria diferente? Na dúvida, ficamos com o (v)exame.
Vinício Carrilho Martinez (Pós-Doutor em Ciência Política)
Professor Associado da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar
Departamento de Educação- Ded/CECH
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