Domingo, 2 de abril de 2017 - 05h06
Sempre gostei de pensar e escrever sobre alguns clássicos. Ao menos pra mim, eles são. Ou elas: como as mãos femininas. Já li alguma coisa sobre, mas há algo nos clássicos – além dos clichês – que me fascinam e não sei definir muito bem.
Da literatura à política de Maquiavel – o gênio que criou a própria Ciência Política –, passando pelo futebol de domingo à tarde, sou todos. Mas também há o clássico do senso comum: “a política é arte do possível”. Quem diz isso não conhece o Brasil. Porém, como não quero nem pensar neste país agora, volto ao tema clássico.
Hoje, comprei uma orquídea para colorir um pequeno jardim que tento fazer na garagem de casa: não tenho o clássico automóvel, porque não quero, a garagem se torna o retiro de um paisagismo amador.
Foi quando me lembrei de Burle Max. Muito jovem fiquei fascinado pela criatividade, simplicidade como arrumava espaços perdidos: a exemplo de uma garagem sem uso. Na mesma linha penso em ter, um dia, um jardim no formato japonês, com muito verde, bambu, pedregulhos e peixes num lago.
A história começou na volta de uma sessão de fisioterapia. Depois disso, aplicar-se a uma caminhada de três horas no supermercado, no sábado, não é um clássico. Mas, foi o que me aconteceu, até que passei na frente de uma exposição de orquídeas, no caminho de casa. Confesso que foi a primeira vez que visitei uma.
Não resisti muito tempo e trouxe mais uma para se juntar às quatro que já estão aqui: uma, inclusive, está no Pau Brasil, na rua, em frente de casa. (Na infância tinha o apelido clássico de “Mamica de Porca”). Pois bem, um milagre que não tenha sumido – ou um clássico que nos lembra que “milagres acontecem”. Só não comemoro porque não sei quanto vai durar a incolumidade da orquídea frente à inveja alheia.
Diante dos fatos inusitados, tirei as clássicas fotos da orquídea pra me exibir. Na verdade, exibia a capacidade de quem produziu uma flor bicolor: vermelha e branca. “Belíssima!!”. Tudo bem que ele fez, eu a tenho. No entanto, pensei que algum tempo atrás não via a menor graça...
Depois, “no aconchego do lar” (o clássico dos avós), frente à dor clássica que se segue a alguns exercícios de Pilates, ouvi uns minutos de Rock nacional dos anos 1980, assisti um documentário na Internet – curto – e um filme.
Nessa hora errada, veio um café básico – o maior dos clássicos de quem gosta de Marlboro: outro clássico que não faz bem ao corpo, mas que alimenta a alma de quem escreve de madrugada – e, já deitado, espantei o sono.
A insônia também é clássica, mesmo que não recomendável a ninguém. O relaxante muscular segue o mesmo caminho. Então, frente a tudo isso, o que me restou foi religar o notebook e descrever algumas paisagens perdidas (encontradas) na memória de hoje e de “tempos dourados”.
Minha conclusão é que, escrever nas horas mais impróprias é o meu clássico preferido.
E o seu, qual é?
Vinício Carrilho Martinez
Professor Adjunto IV da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar/CECH
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