Segunda-feira, 2 de julho de 2012 - 15h22
Profª. Ms. Fátima Ferreira P. dos Santos
Centro Universitário/UNIVEM
Prof. Dr. Vinício Carrilho Martinez
Universidade Federal de Rondônia
Departamento de Ciências Jurídicas
No Brasil, o coronelismo sempre garantiu o direito de matar, aliado à ética dos “punhos de renda”. De lá para cá, é perceptível que a ética brasileira se resumiu a uma questão de estilo. É assim que se pode entender a moral dos punhos de renda: da combinação da gravata com o lencinho no bolso do paletó.
Um mote muito conhecido e que provém desse tempo, diz assim: “Não basta ser honesto, é preciso parecer honesto”. Ou seja, a roupa pode estar muito suja, desde que o colarinho e os punhos estejam limpos, está tudo bem.
Dessa forma, pode-se entender o sentido jurídico que herdamos: é a lei da compensação dos bem nascidos. Aos amigos tudo; aos inimigos, a lei. Esta combinação resulta na velha e conhecida corrupção em que o grande feito não estaria em roubar, mas em ser larápio com classe. Atualizando-se o golpe, temos a famigerada sentença popular do “rouba, mais faz”.
No passado “sem eira, nem beira”, o que não se admitia era ser pego com a mão na massa, pois a hipocrisia cobrava sua conta e, afinal, ao menos um, tinha de pagar a conta. Além disso, ser pego como bode expiatório era como passar um atestado de incompetência, porque muitos faziam o mesmo, mas só aquele mais desavisado seria punido.
A punição, neste caso, nem precisaria ser a prisão ou a perda de função. Bastaria ao infeliz incauto a represália do deboche nas ruas. Com a máscara social ruindo, a verdadeira personalidade seria exposta e o indivíduo teria de enfrentar os julgamentos sem praticamente nenhuma defesa.
Aliás, nessas horas, os amigos que sempre souberam dos malfeitos simplesmente desaparecem, pois a imagem destruída de um, logo mancharia a dos demais. Amigos que, diga-se de passagem, não seriam muito diferentes, afinal seriam amigos por afinidade.
O bacharelismo, como marca social desse tempo, foi uma forma arrogante de marcar a distância social. Os pobres de sempre tinham de trabalhar e, é claro, toda sorte de trabalho pesado lhes cabia. Aos bacharéis restava recitar cantilenas e versos decorados, a fim de exibir sua galhardia e conhecimentos.
Com o que também percebemos muitas ocorrências que ainda hoje nos incomodam: um intelectualismo inútil, como prova de capacidade de memória, mas sem produzir nada eficaz. A prática da recitação escolar vem dessa época – nossos estudantes e professores, com honrosas exceções, mantêm-se aplicados às apostilas e decorebas.
A ética dos punhos de renda, como se vê, espraiou-se por múltiplos campos e aspectos da vida privada e pública. Os salamaleques mais afetados insistem em continuar, com as famosas vossas excelências – superiores aos doutorados legítimos – e com as votações secretas.
Por isso é que no Brasil tem-se dito com frequência que a honestidade virou lenda e que estranho é fazer a coisa certa; vergonhoso é você praticar uma moralidade positiva. Afinal a ética - ser e não só parecer honesto – que impera é aquela dos punhos de renda, da vantagem a qualquer custo, da propina, da venda de sentenças, do “se o outro faz, eu também posso fazer”.
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