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Gente de Opinião

Vinício Carrilho

A criatividade não se rende à dificuldade


 

            Mesmo com tanto transtorno causado pela histórica cheia do Rio Madeira, vemos que não falta solidariedade e criatividade ao povo. Aliás, muita gente vai ali para passear, desfilar sua curiosidade, namorar, tomar lanche ou fotografar a realidade (como eu, neste artigo).

A criatividade não se rende à dificuldade - Gente de Opinião

A enchente afogou a Maria Fumaça que estava
na praça dos trilhos da Madeira Mamoré

            Ainda bem que as peças do Museu foram transferidas antes que derretessem com a ação da ferrugem. Nossa realidade ou se afoga em lágrimas, pela falta de políticas públicas honestas, ou se corrói pela ferrugem da imoralidade pública.

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Ao fundo se vê a Maria Fumaça embaixo da água

Com as águas que ultrapassaram a Rua Rogério Weber, nas imediações do Tribunal Regional Eleitoral, os trabalhadores instalados no conhecido Shopping Popular tiveram que se mudar e levar seu trabalho para outras áreas da cidade.

            Uma das novas instalações abriga peças do Museu da Ferrovia, barracas de artesanato – também desalojados pela enchente – e muitos outros trabalhadores, como a jovem manicure da foto que se vê mais abaixo.

            A tenda branca armada na Feira do Sol – entre as Avenidas 07 de Setembro e Farquar – tem ainda muito improviso para organizar, mas não se deixa de trabalhar para romper as dificuldades naturais e sociais. Se bem que as dificuldades também são políticas – se pensarmos em tudo que deveria ter sido feito e não foi, para se minimizar a ação invasora da pior enchente do Estado.

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O artesanato guarda a cultura

Em todo caso, com ou sem as responsabilidades apuradas das autoridades diante das obras das usinas, nesta barraca de artesanato, pode-se ver a artesã arrumando suas instalações para melhor atender os turistas ou apaixonados por artesanato, como eu. Você encontra de tudo um pouco – o que mais me atrai é a criação indígena, são peças genuínas, tão naturais como a cidade consumidora permite que seja.

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Gicely Aquino não se abala, sorri para a vida

Na mesma tenda na Feira do Sol, nesta segunda foto, está sentada a jovem estudante de sétimo período do Curso de Nutrição. À espera de se formar para disputar outro concorrido mercado de trabalho, o de nutricionista, Gicely Aquino trabalha como uma das melhores manicures da cidade. Quando se formar, vai cuidar do meu regime.

            Trata-se do mais famoso trabalhador-estudante, todo aquele que não pode se dedicar exclusivamente à sua formação intelectual, mas que com determinação rompe a barreira do cansaço do trabalho e faz de si um exemplo de estudante. Todo trabalhador-estudante já merece nota 10, porque já é nota dez na vida.

No artigo, quero prestar uma homenagem a todas essas pessoas que se dedicam ao trabalho e a atender aos outros, mesmo que em condições improvisadas. Para mim, é a prova de que o povo sabe usar de sua criatividade para o bem, para superar todas as dificuldades que a vida comum põe diante de todos(as).

            Nossos políticos têm muito a aprender com o povo. Contudo, só irão aprender algo quando voltarem a estudar – ainda que não se aprenda ética e dignidade na escola. Enfim, vale a pena tentar aprender a ser um humano melhor. O afogamento da moral pública seria bem menor. Parabéns ao povo que se recusa a ser derrotado.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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