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Silvio Persivo

UM NOVO ROSTO NO SUPREMO


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Legalista e linha dura Cármem Lúcia assume
a presidência do STF com a promessa de unir o Judiciário

 
Ao completar uma década como ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia Antunes Rocha, 62, a partir de segunda-feira 12, será a segunda mulher a presidir a corte mais importante do país. Mineira nascida em Montes Claros e criada em Espinosa, a ministra sempre se notabilizou pelas frases de efeito que costuma proferir nos julgamentos, apesar de manter extrema discrição fora deles. Sua sabatina no Senado, em 2006, foi marcada pela máxima “Justiça que tarda, falha”. Na época, longe de ser interpelada com capciosas questões pelos senadores, a então procuradora do Estado de Minas Gerais teve suas competências exaltadas. Ela garante, porém, que nem sempre a vida de juíza foi fácil. “Tenho de trabalhar dobrado para chegar ao mesmo lugar dos homens”, disse Cármen, na época em que presidia o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mais recentemente, ao votar com a maioria no julgamento que determinou a prisão do então senador petista Delcídio do Amaral (MS), em novembro de 2015, a ministra encantou a todos com a leitura de um voto magistral. “Houve um momento em que a maioria de nós, brasileiros, acreditou no mote segundo o qual uma esperança tinha vencido o medo. Depois, nos deparamos com a ação penal 470 [do mensalão] e descobrimos que o cinismo tinha vencido aquela esperança. Agora, parece se constatar que o escárnio venceu o cinismo. O crime não vencerá a Justiça”, lançou Cármen Lúcia, diante das evidências de que Delcídio tentara interferir nas investigações da Lava Jato, oferecendo dinheiro e até um plano de fuga ao ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. Delcídio ainda acusava ministros do STF de corroborarem com suas ações. A declaração repercutiu ainda mais pelo fato da ministra ter sido indicada ao cargo pelo ex-presidente da República Lula da Silva.
 
É uma ministra “combativa” e “linha dura” no trato com políticos corruptos. Talvez por isto afirme nunca ter sido procurada por nenhuma parte interessada para negociar seu voto em troca de dinheiro ou privilégios. Este ano, votou a favor da prisão de réus condenados em segunda instância, que atinge diretamente os envolvidos na Lava Jato sem foro privilegiado. Para o colega e atual presidente do TSE, Gilmar Mendes, a eleição de Cármen representa “uma luz nesse momento obscuro que a gente está passando”.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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