Quarta-feira, 5 de novembro de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Silvio Persivo

O verdadeiro tamanho do desafio




É bem verdade que, no Brasil, as coisas só começam de fato depois do carnaval. No entanto, a posse de Dilma significa, na prática, o apito inicial do jogo. O recado das urnas foi o mais claro possível: as forças produtivas, as forças modernas do país, estão descontentes e exigem mudança. É verdade que, aliado ao coronelismo, o clientelismo oficial ganhou a eleição e um prazo de continuidade, porém, a um preço muito elevado, que o novo ministério, uma eclética junção de interesses contrastantes, obriga a ter uma dose muito grande de força para que alguma coisa ande, mas, se não andar o bicho pega.

A realidade de nosso país foi obscurecida pela enceradeira de Lula da Silva. Dando brilho ao piso ruim foi empurrando com a barriga, adiando as decisões necessárias e chegamos onde estamos: grande parte da população feliz de estar endividada, uma invasão de produtos chineses que desindustrializa o país e voltamos a ser agrário-exportadores, ao mundo pré-Juscelino até no toque pai dos pobres do governo passado. A propaganda oficial pode fazer tudo: pintar a vida de cor de rosa, eleger Dilma, tornar Lula um estadista, esconder a realidade da saúde, da educação e da infraestrutura aos pedaços, todavia, não tem como sustentar a situação econômica de um país que vem perdendo produção, empregos de qualidade e, especialmente, agregação de valor aos produtos e competitividade. A transferência de renda depende dos setores econômicos que produzem, porém, estes estão estafados de carga tributária elevada, de burocracia, de crédito caro e de sustentar uma ciranda de juros exorbitantes que somente serve aos banqueiros e aos rentistas.

È claro que o Brasil não vai piorar embora possa. Deve por um tempo continuar no mesmo ramerame. A questão é que o modelo que sustentou o PT, que é mais eleitoral e de propaganda que de crescimento real, está chegando aos seus limites e, na hora, em que o sempre bafejado Lula, o prestigiador das palavras, cai fora. A fórmula parece querer ser aplicar o mesmo modelo. Depois da gastança na farra eleitoral, o arrocho de mais dois anos e a volta da farra com um crescimento recorde para “mostrar” que tudo mudou. Nada mudou porque as bases são as mesmas. Lula com seu PACs e sua retórica de crescimento, apesar de ter pego céu de brigadeiro,  durante todo o seu vôo, conseguiu, na média, 3,5% de crescimento contra 2,5% de Fernando Henrique, pegando crises e arrumando a casa, e conclui seu mandato com um produto e participação menor em relação ao resto do mundo. Ou seja, o país continuou seu voo de galinha e diminuiu de peso, embora, tenha a seu favor ter ligeiramente melhorado as condições de vida da base da pirâmide. A questão continua a ser que, o que sustenta a economia, é a produção e a produção competitiva. Para isto precisamos de educação, carga tributária compatível com o grau de desenvolvimento, governo eficiente, desburocratização e poupança interna. È uma agenda, sob o ponto de vista técnico, de todos conhecida. Terá Dilma Roussef capacidade de enfrentar os desafios que Lula não enfrentou? Este é o tamanho do desafio da criatura.

(*) È doutor em Desenvolvimento Sustentável pelo NAEA/UFPª,  professor Associado da Fundação Universidade de Rondônia-UNIR e conselheiro do Corecon/RO.

Gente de Opinião

Fonte: Sílvio Persivo - silvio.persivo@gmail.com
Gentedeopinião   /  AMAZÔNIAS   /  RondôniaINCA   /   OpiniaoTV / Eventos
 Energia & Meio Ambiente   /   YouTube  / Turismo   /  Imagens da História

 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoQuarta-feira, 5 de novembro de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Baixa taxa de desemprego: pleno emprego ou ilusão

Baixa taxa de desemprego: pleno emprego ou ilusão

A taxa de desemprego no Brasil manteve-se em 5,6% no trimestre encerrado em agosto de 2025, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicí

Eu, um desconhecido em Porto Velho

Eu, um desconhecido em Porto Velho

Existe uma sensação peculiar que se instala com o passar dos anos e a vertiginosa mudança do mundo ao nosso redor: a de se tornar um estranho na ter

O Rei que nunca perdeu a coroa

O Rei que nunca perdeu a coroa

É impossível, e centenas de tentativas já provaram isso, desmerecer o notável e duradouro sucesso de Roberto Carlos. Ele reina absoluto na música br

Livro aprofunda os papéis-chave para o crescimento na carreira gerencial

Livro aprofunda os papéis-chave para o crescimento na carreira gerencial

A transição para a carreira gerencial é um desafio complexo que exige uma mudança significativa de mentalidade. Para auxiliar aqueles que percorrem

Gente de Opinião Quarta-feira, 5 de novembro de 2025 | Porto Velho (RO)