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Silvio Persivo

O leite nosso de cada dia



Aconteceu neste último sábado, dia 19 de fevereiro, no auditório do SEBRAE, uma reunião dos produtores de leite do município de Porto Velho com o objetivo de criar uma forma, seja via associação ou uma empresa, para industrializar o leite localmente. A iniciativa da reunião teve origem na obstinação do produtor de leite e conselheiro da Federação do Comércio, José Ramalho, que disse ter sido instigado pelo doutor e pesquisador da Embrapa, Paulo Moreira, que tem demonstrado um enorme interesse em desenvolver o setor e pelo presidente do Sindicato das Micro e Pequenas Indústrias do Estado de Rondônia-SIMPI/RO, que, “mesmo sem ter uma vaca”, entusiasmou-se pela idéia e tem sido um incentivador do beneficiamento do leite em Porto Velho.

A principal razão que levou a movimentação reside no fato de que, com uma população de 426 mil habitantes, ou seja, com um mercado significativo, e sendo possuidor do maior rebanho bovino do Estado, ainda que 90% de gado de corte, Porto Velho tem um aproveitamento raquítico de sua produção leiteira. Salvo uma iniciativa ou outra particular, não existe, a rigor, uma produção local tanto que o leite em saco não existe e o de caixa , e até mesmo o iogurte, provém do nosso interior, mas, também pode vir de lugares tão distantes quanto Goiás, São Paulo e até de Minas Gerais. Isto denota não falta de produção e sim a ausência de organização dos produtores e de apoio do poder público, o que ficou patente na reunião quando os produtores chegaram a dizer que eram tratados pior do “cachorros” pelo completo desconhecimento de suas reivindicações e nenhum programa específico para amparar o setor. Os depoimentos  apontam que se, hoje, o município possui, estima-se 40 mil litros/dia de produção, esta poderia ser muito maior, de vez que muitos venderam suas vacas ou usam o leite para alimentar porcos por falta de mercado, um mercado que, como se observa, está ai no próprio município.

Hoje o incentivo para que o projeto se torne realidade deriva do fato de que o governador Confúcio Moura, quando prefeito de Ariquemes, deu todo apoio para organizar pequenas usinas e a ideia predominante é a de que os criadores se organizem em uma associação que irá beneficiar o leite da região com o investimento inicial sendo bancado por eles mesmo, de forma que os produtores se beneficiariam de um preço melhor para seu leite e aproveitariam, numa primeira instância, o fato de que, para cerca de 12 mil litros, há o espaço dado pela própria merenda escolar cujas compras são preferenciais para os micros e pequenos por recente decreto do governador. A reunião foi um primeiro passo, porém, já demonstrou que a ideia deve avançar. Há muitos produtores que deixam de ganhar dinheiro com o leite por falta de mercado e, hoje, as condições parecem ser extremamente favoráveis para que se organize a produção e, enfim, Porto Velho, deixe de ser a ovelha negra do setor na medida em que os outros municípios do Estado possuem suas usinas e um setor beneficiando sua produção e gerando renda e empregos. Sem dúvida, é uma iniciativa louvável que precisa ser levada adiante, pois, a indústria que podemos, de fato, criar depende da produção local e de seu aproveitamento.

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Fonte: Sílvio Persivo - [email protected]
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