Sexta-feira, 26 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Silvio Persivo

LULA VAI PERDER


Não tenho nada de vidente. Escrevi isto muito antes, durante toda a campanha, mesmo quando diziam que não haveria segundo turno, e escrevo, agora, quando até os institutos mais chegados ao governo dizem que “as probabilidades” são grandes de que haja segundo turno. Não são grandes. Sabem que haverá segundo turno e sabem, ainda mais, por lerem as tendências que Lula está degelando rapidamente, secando como secam as garrafas próximas de bons bebedores-sem nenhuma alusão explícita ou oculta-é só mesmo uma figura de linguagem. Volto a dizer que não se trata de exercício de vidência, mas de lógica. A lógica é quem me levou a fazer as seguintes contas. Na eleição passada Serra teve mais de 33 milhões de votos. Foram os votos de quem não votava em Lula de forma alguma. Todas as pesquisas dizem que é, de longe, o candidato com maior grau de rejeição que, para alguns seria de 28%, para outros de 32% a 35%. Quem vota em Lula? O PT que nunca passou de 18% e, vamos dizer que tivesse 80% dos votos das distribuições de bolsa-família ainda assim teria algo como 38%. Que, com esforço, chegue a 41 a 42% dos votos vá lá, a partir daí, a boa lógica passa a ser desafiada. Assim, para vencer, Lula precisaria de quem pisou até dizer chega: da classe-média, dos funcionários públicos, dos professores, dos militares, enfim de gente que está com ele passando dos últimos fios de cabelo.

È verdade, e tenho que reconhecer, que os petistas, como fanáticos que são, e com a maciça propaganda governamental procuram, e até certo ponto venderam, a imagem de que tudo que o governo fez, todas as lambanças de Waldomiro, Zé Dirceu, Zé Genoíno, Delúbio, Silvinho, Gushiken, Marinho, Airton, Buratti e Palocci passando por tanto outros até Freud, Lorenzetti, Bargas e Veloso tudo é normal. Que é normal, e a bela lógica é a de que todo mundo fez e faz assim, bem como que não são culpados porque até agora somente foram indiciados, então como ninguém foi condenado são todos inocentes. E não pensem que não conseguem sucesso com a tática. Conseguem. No entanto isto se torna cada vez mais difícil não só porque, queiram ou não, os processos, mesmo em marcha lenta, são obrigados a andar e, para espanto geral, cada um que substitui o outro consegue ser mais inepto e criar mais fatos que obrigam o presidente a ficar cada vez mais cego. Até o Carlos Henrique Ângelo, que não foi jamais chegado a uma ironia, afirma que o pior não é fato de não saber, mas o fato de “não querer saber”.

A questão crucial, para mim, é a de que, para vencer, Lula precisaria arregimentar os votos, como fez da vez passada, dos que desejam um futuro melhor, dos que precisam de esperança. Agora este processo de arrebanhamento se torna improvável, e talvez, impossível, daí que, mesmo gastando uma fábula com publicidade e institutos de pesquisa, jogando o possível e impossível, não consiga como queria ganhar no primeiro turno e caminhe para um segundo turno no qual vai se desminlinguir.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoSexta-feira, 26 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Um livro demasiado humano

Um livro demasiado humano

Recebi, por intermédio do influenciador cultural Vasco Câmara, o livro de João Luís Gonçalves “Cidadãos com Deficiência-Visão Histórica”, da Edições

A difícil e necessária convivência com o celular

A difícil e necessária convivência com o celular

Efetivamente, apesar da minha idade, sou um fã de novidades e de tecnologia. Regularmente escrevo sobre economia criativa e sobre Inteligência Artif

Os Orixás em cordel de Bule-Bule

Os Orixás em cordel de Bule-Bule

Quando conheci Antônio Ribeiro da Conceição, o grande mestre baiano Bule-Bule, ainda estávamos no século passado e ele fazia dupla com um outro nome

A inadiável necessidade de incentivar a indústria naval e a Marinha Mercante

A inadiável necessidade de incentivar a indústria naval e a Marinha Mercante

O Brasil é um país muito rico e, mais que rico, generoso, muito generoso com os outros países. Não falo apenas pelos investimentos do BNDES na Venez

Gente de Opinião Sexta-feira, 26 de abril de 2024 | Porto Velho (RO)