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Silvio Persivo

Em favor de um forte partido de oposição



Não há nada demais em um partido governar um país por doze anos ou até vinte ou trinta que seja. O grande problema em relação ao PT é que não tem um projeto para o país e adota e incorpora os discursos alheios, como os do PDSB de distribuição de renda e modernização pelas privatizações cujos resultados positivos foram estigmatizados e demonizados durante as campanhas eleitorais, sem explicações, via uma distorção dos fatos e a propaganda intensa que, conforme a Folha de São Paulo, é feita maciçamente, hoje, até mesmo pelos livros do Ministério de Educação. Pode-se defender dizendo que o PT, de maneira competente, no governo ocupou todos os espaços políticos. É, porém, neste sentido, se não há oposição, se o governo pode tudo, inclusive modificar a realidade e as regras a seu favor, a pergunta que fica é: onde está a democracia?

A democracia anda mal na medida em que toda e qualquer oposição foi reduzida a uns poucos pronunciamentos parlamentares, sem a menor relevância e influência no processo político, ou as análises esparsas de estudiosos e colunistas que demonstram que a vida brasileira não é cor de rosa como os áulicos do poder insistem em pintar. O governo também alega, e por isto vive alimentando a ideia de amordaçar os meios de comunicação, de que o papel da oposição está sendo feito pela mídia. Uma irrealidade flagrante tanto pelo fato de que a mídia não é um partido, não disputa eleições, como porque as críticas são feitas em cima da falta de ação do Executivo, da corrupção e do saque ao tesouro que sempre os denunciados alegam ser apenas “discurso de oposição” ou equívocos de políticas e/ou até mesmo mazelas da administração pública que alegam sempre existiram. Pode até ser, mas, o discurso era o de que com a ascensão do Partido dos Trabalhadores, como eles sabiam o que fazer e sabiam fazer as coisas no interesse popular, os desmandos seriam, pelo menos, amenizados. Na contramão das promessas esses parecem terem crescido e se tornado a tônica. O país, segundo grande parte dos analistas políticos e econômicos respeitados, se encontra paralisado em relação as reformas que precisaria para ser avançar e ser competitivo e refém de uma política do “é dando que se recebe” que imobiliza qualquer modificação positiva. Apesar do discurso ufanista o Brasil não cresceu, de fato, e desindustrializou-se voltando a ser agrário-exportador.

A miséria em que o Brasil se afunda não é que o PT seja um partido hegemônico, que cooptou, com sobejos do poder, outros partidos e o sistema sindical, antes tão combativo e, agora, inerte gozando das delícias do poder. A miséria é mesmo a falta de uma oposição com projetos, com alternativas, que faça o que o PT fez no passado e combata diuturnamente os erros, aponte as negociatas, os acordos espúrios que mantém o poder e passam também pelo financiamento das eleições, porém, são muito mais presentes nas licitações, nos preços absurdos que o governo paga por bens e serviços que, muitas vezes, nem são prestados em razão de que as empresas, mesmo aquinhoadas, acabam por falir sob o peso das propinas altas. Não vejo O PT como um partido diferente dos demais. Nele há pessoas bem intencionadas e qualificadas, porém, não infalíveis nem predestinadas. Como partido considero que fez sua parte e esgotou-se num programa que se tornou eleitoreiro, assistencialista e apegado ao poder. É preciso que se crie uma nova alternativa de oposição que não pode ser também um novo pouso para os caciques do PSDB, do DEM e outros que já se provaram incapazes de construir algo novo. É preciso indispensável um proposta nova, mobilizadora, pois, nenhuma democracia pode sobreviver sem uma oposição forte com um programa alternativo, com políticos e militantes fiscalizadores e dinâmicos. Se isto não acontecer o PT irá se consolidar como um partido hegemônico, a exemplo do Partido Revolucionário Institucional (PRI), que governou o México por dezenas de ano, porém, como o México, não iremos avançar mergulhados no pacto da mediocridade e do imediatismo. E, é preciso lembrar, até os árabes se revoltaram contra o totalitarismo.

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Fonte: Sílvio Persivo - [email protected]
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