Quinta-feira, 6 de novembro de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Silvio Persivo

Agosto ainda não acabou


Uma pergunta que não me sai da cabeça é: quais os interesses por trás das espetaculares prisões da Operação Dominó em Rondônia? Não me venham falar que estão fazendo justiça num país em que a injustiça é a norma. Não me venham, por favor, dizer que o tempo, a hora, o local, a cobertura da imprensa, a época pré-eleitoral é um acaso. Nada é por acaso. Tudo foi premeditado, tramado e calculado. As prisões espetaculares, o aparato desproporcional (350 homens para prender 23 dos quais, como se comprovou, nenhum resistiria à prisão), aviões, câmeras, o passeio dos presos algemados, o linchamento moral sem defesa dos envolvidos. Não estou defendendo ninguém. Os culpados devem ser punidos. A questão é o modo, a forma, a espetacularização.

Se foi uma operação modelo, um castigo exemplar, então cabe perguntar: por que Rondônia? Em que Rondônia é pior, ou melhor, do que qualquer outro Estado em ética e  corrupção? Será que por aqui nós somos mais corruptos? A resposta que posso dar é uma só: não! Se efetuada uma operação, como a que aqui foi feita, em qualquer outro Estado, talvez o resultado seja muito mais surpreendente. Não quero espalhar mais lama do que a espalhada, mas duvido que mais do que, com otimismo, dois ou três Estados passem no teste. E, talvez, olha que escrevo só talvez, escapem algumas instâncias federais.

A Operação Dominó foi excelente. Que a Polícia Federal merece parabéns ninguém duvida. A questão está além, muito além, dela, que é um instrumento. Aqui vale lembrar que algo semelhante e menos espetacular, foi feito, na eleição passada, quando prenderam o ex-senador Ernandes Amorim. O processo, depois de todas as prisões espetaculares, foi anulado. Amorim é candidato e deve ser eleito deputado. A Rede Globo, impiedosamente, passou semanas dedicando o “Fantástico” às fitas do governador Cassol com cenas dos deputados que o estariam extorquindo. Usou e abusou. Rondônia virou exemplo de corrupção nacional. Não foi por acaso e não adiantou. A podridão do “Mensalão” explodiu e sufocou o foco em Rondônia. Fim da manobra de despistamento. Não vai adiantar de novo. As luzes na periferia são para esconder a grandeza da corrupção nacional. Não vai dar certo de novo.

Se desejarem, de fato, passar o país a limpo é bom começar por cima. Pelo centro. Não será aqui que irão encontrar os pais e as mães dos G-Techs, dos sanguessugas, dos contratos superfaturados dos Correios, as fontes do “Mensalão”, o mau uso dos recursos dos fundos de pensões, a evasão dos dólares do Banestados, o nascedouro dos bilhões dos paraísos fiscais, os rombos pendentes de investigação no Banco do Brasil, na Petrobrás, em Furnas e outros que é fastidioso enumerar. Prenderam as piabinhas de Rondônia, em termos nacionais, pegaram os três P’s de novo. Que tal repetir a experiência em Brasília? E nem vai precisar de avião. Agosto ainda não terminou.

 

Fonte: Sílvio Persivo

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoQuinta-feira, 6 de novembro de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Baixa taxa de desemprego: pleno emprego ou ilusão

Baixa taxa de desemprego: pleno emprego ou ilusão

A taxa de desemprego no Brasil manteve-se em 5,6% no trimestre encerrado em agosto de 2025, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicí

Eu, um desconhecido em Porto Velho

Eu, um desconhecido em Porto Velho

Existe uma sensação peculiar que se instala com o passar dos anos e a vertiginosa mudança do mundo ao nosso redor: a de se tornar um estranho na ter

O Rei que nunca perdeu a coroa

O Rei que nunca perdeu a coroa

É impossível, e centenas de tentativas já provaram isso, desmerecer o notável e duradouro sucesso de Roberto Carlos. Ele reina absoluto na música br

Livro aprofunda os papéis-chave para o crescimento na carreira gerencial

Livro aprofunda os papéis-chave para o crescimento na carreira gerencial

A transição para a carreira gerencial é um desafio complexo que exige uma mudança significativa de mentalidade. Para auxiliar aqueles que percorrem

Gente de Opinião Quinta-feira, 6 de novembro de 2025 | Porto Velho (RO)