Domingo, 25 de outubro de 2020 - 11h44

Sem
dúvida muitas coisas no mundo mudaram para melhor. Apesar de todo o clamor que
as reclamações por justiça e por igualdade reverberam, no entanto, é preciso
verificar que se baseia, em geral, numa tese falsa: a de que o capitalismo não
melhorou as condições mundiais. Muitas coisas melhoraram muito, inclusive a
liberdade de expressão. Basta ver que com as redes sociais se mobiliza a
população, sobretudo jovens, para contestar formas de autoritarismo e até mesmo
as práticas da administração pública até
em nações onde a imprensa não é livre. Mas, é preciso deixar claro também que,
algumas coisas, como o poder não mudaram. Ao contrário os poderosos se tornaram
mais poderosos ainda. Neste sentido, é preciso ter a visão do que, de fato, é
atentado à liberdade de expressão e o que não é. Uma resposta dura de um
dirigente contra uma pergunta impertinente, mal educada e até grosseira de um
repórter (muitas vezes despreparado ou mal intencionado) não é um ataque à
liberdade de expressão, por exemplo. É um ataque existir uma política de buscar
atingir os órgãos e os jornalistas de oposição. Mas, também aqui, isto não
significa, como hoje, muitas vezes, se procura impingir que o governo tenha
obrigação de sustentar empresas que o atacam. Assim, é possível que, de fato,
muitas vezes, quando se reclama de ameaças à liberdade de expressão, acabe se
fazendo o jogo de quem deseja apenas continuar vivendo de verbas públicas.
A liberdade de
expressão está em risco no Brasil? Não. Aumentou o risco da liberdade de
expressão nos últimos tempos no país? Não. Algo similar ocorre nos EUA onde não
é o fato de Trump não gostar de responder a perguntas ou não receber alguns
jornalistas que põe a liberdade de expressão em risco. No Brasil e nos Estados
Unidos é um fato que nunca se teve tanta liberdade de expressão. Nos dois
países, com certeza, a liberdade de expressão é tão livre que se fala muita
coisa que não se deve, ou seja, até abusam (e muito) dela. Aliás, os politicamente
corretos, como muitos outros que se revestem de ovelhas em sua defesa,
desejariam mesmo era cercear tanto a imprensa, quanto a mídia social. Estranho
é que a organização não-governamental londrina “Article 19” acaba de lançar o
documento “Global Expression Report 2019/2020”
que, segundo sua diretora-executiva Quinn McKew, traz “resultados
preocupantes” afirmando que “a deterioração do direito de falar e saber gerou
uma atmosfera de medo e desconfiança, com jornalistas e ativistas em todo o
mundo sob risco de perseguição, detenção arbitrária, tortura e assassinato”.
Receio que o documento reflita mais certa “visão” do que a realidade, pois,
classifica a China, Índia, Turquia, Rússia, Bangladesh e Irã como “em crise”.
Até aí tudo bem, embora, convenhamos, faltam outros países onde é notória a
completa falta de liberdade de expressão, mas, afirmar que países como os
Estados Unidos e Brasil apresentam “declínios acentuados” de liberdade de
expressão é, no mínimo, um erro metodológico enorme ou, o que pode ser muito
pior, um viés da forma como o estudo foi feito. Há partes do documento que são
bem feitas, mas, algumas afirmações me parecem totalmente infundadas para
respaldar os resultados como as de que a crise da saúde é também a crise da
liberdade de expressão, ou que, nos EUA, aumentou as respostas negativas a
pedidos de informação, bem como que os governos locais e estaduais restringiram
o acesso da imprensa a eventos públicos. Ora, convenhamos, jornais não são
neutros. Se atacam os governos, e normalmente o fazem, a própria Ong reconhece,
a reação é normal. Também chega a ser risível a afirmação de que o Departamento
de Justiça continuou a perseguir o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, nos
termos da Lei de Espionagem e buscar sua extradição do Reino Unido. Como também
dizer, ou sugerir, que o acirramento, a polarização das mídias sociais, seja um
sintoma de problemas de liberdade de expressão, quando reflete o maior
interesse por política, se bem que exposto com a falta de educação vigente. Ou
que o presidente Bolsonaro fez pessoalmente dez ataques a jornalistas por mês!
Ele bateu em alguém? Prendeu algum? Impediu de dizer o que pensa? Bem, como um
esforço para verificar o estado da liberdade de expressão, o documento tem seus
indiscutíveis méritos, mas, a meu ver, deveria ter pessoas de diferentes visões
para analisar seus dados. Não posso assegurar que a minha visão seja melhor,
mas, para dizer que a liberdade de expressão “está declinando” falta, pelo
menos, ao documento um referencial temporal e uma análise mais teórica do que
seja “liberdade de expressão”, embora sobrem indicadores dela. Para quem
desejar ler o documento o acesso é possível no link https://www.article19.org/wp-content/uploads/2020/10/GxR2019-20report.pdf
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